A justi�a italiana foi informada nesta ter�a-feira (26/10) da morte do brasileiro �tila Rohrsetzer. O militar era o �nico brasileiro que estava sendo processado por crimes relacionados � Opera��o Condor e, caso condenado, seria o �nico brasileiro a enfrentar uma senten�a por atos da ditadura militar, j� que no Brasil, a Lei da Anistia impede a investiga��o sobre esses crimes.
O processo, que demorou uma d�cada, teria seu encerramento nesta ter�a, mas um procurador informou � Corte que �tila Rohrsetzer morreu em agosto. Dessa forma, o julgamento foi suspenso e o processo ser� extinto. Uma nova audi�ncia foi marcada para 29 de novembro para encerrar o caso. As informa��es s�o da ag�ncia EFE.
�tila Rohrsetzer, que tinha 91 anos e vivia em Santa Catarina, era acusado de participa��o no sequestro, tortura, assassinato e oculta��o de cad�ver do �talo-argentino Lorenzo Ismael Vi�as Gigli, em 1980. Pelos crimes, ele poderia ser condenado a pris�o perp�tua.
Na �poca, ele trabalhava como diretor da Divis�o Central de Informa��es do Rio Grande do Sul (DCI), que atuava em parceria com as �reas de seguran�a e informa��es do III Ex�rcito, e com o Destacamento de Opera��es de Informa��es - Centro de Opera��es de Defesa Interna, o DOI-CODI.
Quem era Vi�as Gigli
Perseguido pela ditadura argentina, Vi�as Gigli, que na �poca tinha 25 anos e tinha uma filha rec�m-nascida, estava em um �nibus tentando fugir para a It�lia quando foi retirado por agentes do ex�rcito brasileiro na divisa da Argentina com o Brasil. O �talo-argentino foi uma das v�timas da Opera��o Condor, uma alian�a entre as ditaduras do Brasil, Argentina, Bol�via, Chile, Paraguai e Uruguai para troca de informa��es e prisioneiros iniciada na d�cada de 1960.
A �ltima testemunha a v�-lo com vida foi Silvia Noemi Tolchinsky. Em seu depoimento, em 2018, ela disse que os dois estiveram presos no centro clandestino de deten��o do Campo de Mayo, na Argentina, e ele informou que estava ali h� 90 dias. Ap�s isso, ele desapareceu. N�o se sabe o que aconteceu com ele, mas acredita-se que pode ter sido jogado sobre o Rio da Prata, pr�tica comum durante a Opera��o Condor.
"O Estado brasileiro reconheceu sua responsabilidade pela pris�o e tortura de Vi�as em 2 de agosto de 2005 em sess�o na Comiss�o Especial sobre Mortos e Desaparecidos Pol�ticos (CEMDP). O caso tamb�m consta do Dossi� Ditadura: mortos e desaparecidos pol�ticos no Brasil (1964-1985), elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica (2009, 2� ed.) e foi denunciado pela Conadep (Comiss�o Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas) da Argentina por meio do registro de n� 992. No Relat�rio Final da CNV (Comiss�o Nacional da Verdade), divulgado em 2014, o nome de Rohrsetzer aparece relacionado � v�tima", constata o Instituto Vladimir Herzog.
O processo, na It�lia, teve in�cio em 2007. Ao todo, foram denunciadas 146 pessoas por crimes cometidos na Opera��o Condor. Desses, 33 tornaram-se r�us, inclu�do quatro brasileiros, por�m todos morreram durante o processo.