
O Relat�rio sobre Lacuna de Emiss�es, do Programa das Na��es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), detalha o status das promessas dos pa�ses para reduzir as emiss�es de CO2, chamadas de NDCs (sigla em ingl�s para Contribui��es Nacionalmente Determinadas). As NDCs s�o apresentadas a cada cinco anos e refletem os compromissos de redu��o de emiss�es dos pa�ses para conter o aquecimento global.
No caso do Brasil, segundo o relat�rio da entidade global, a NDC atualizada "leva a um aumento absoluto" nas emiss�es, da ordem de 300 milh�es de toneladas de CO2. A promessa brasileira de redu��o de emiss�es original, feita em 2015, e a promessa atualizada apresentam a mesma meta porcentual: de queda de 43% at� 2030 em rela��o aos n�veis de emiss�o de 2005.
O que muda � o ponto de partida para estimar os lan�amentos de gases estufa. A gest�o Jair Bolsonaro revisou retroativamente os dados brasileiros sobre emiss�es em 2005 - o que eleva a base de c�lculo, de 2,1 bilh�es de toneladas de CO2 por ano, para 2,8 bilh�es. Essa manobra brasileira, chamada por ambientalistas de "pedalada clim�tica", foi contestada por entidades na Justi�a e pode ser alvo de cr�ticas na c�pula de Glasgow. Isso n�o significa que o Brasil seja o dono da pior meta, mas que o Pa�s tem caminhado no sentido contr�rio, de compromissos menos ambiciosos contra o aquecimento global.
A expectativa de ambientalistas ouvidos pelo Estad�o � de que o Brasil apresente uma nova atualiza��o at� a Cop-26, que come�a na pr�xima semana, ou mesmo durante o evento. Procurados pela reportagem, os minist�rios do Meio Ambiente e das Rela��es Exteriores n�o se manifestaram.
O Brasil tem se isolado nas discuss�es ambientais, diante da postura de Bolsonaro de fragilizar os �rg�os ambientais no combate a crimes na Amaz�nia. Desde 2019, o presidente tamb�m mant�m rela��o conflituosa com pa�ses ricos que apontam problemas na preserva��o da floresta, que vem registrando alta de inc�ndios e de desmate.
Entre os pa�ses do G-20, apenas o M�xico tamb�m apresentou revis�o de meta que ocasiona crescimento das emiss�es, mas nesse caso, segundo a ONU, o aumento � "marginal". No caso do M�xico, um tribunal colegiado suspendeu este m�s as metas de combate ao aquecimento global e determinou que a vers�o mais ambiciosa fosse retomada. Outros pa�ses mantiveram suas metas ou as tornaram mais ambiciosas. As novas vers�es com os maiores cortes de emiss�es, segundo o relat�rio, s�o dos Estados Unidos, da Uni�o Europeia, Reino Unido, Argentina, Canad�, China e Jap�o.
"Temos oito anos para reduzir quase � metade as emiss�es de gases de efeito estufa e ter uma possibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Oito anos para colocar em marcha planos, concluir pol�ticas, execut�-las, e finalmente conseguir as redu��es. O tique-taque do rel�gio bate com for�a", alertou Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma.