
Ap�s ter o nome retirado do Cadastro �nico para Programas Sociais (Cad�nico), ela est� em busca de informa��es para se recadastrar no sistema e ter direito ao Aux�lio Brasil, o benef�cio para fam�lias de baixa renda que substituir� o Bolsa Fam�lia.
Mas depois de horas na fila, ao lado de outras dezenas de pessoas, e de ter perdido o dia de trabalho, ela disse � reportagem da BBC News Brasil que n�o conseguiu solucionar o cadastro.
Lucilene ter� de voltar ao local porque foi informada de que, a partir de agora, os atendimentos ser�o feitos apenas com hor�rio agendado.
"Agora, tenho que ver como agendar pelo aplicativo. Uma mulher disse que eu serei atendida depois do dia 22. Eu recebia o Bolsa Fam�lia, mas tive o benef�cio cortado quando voltei a trabalhar. Na pandemia, eu recebi o aux�lio emergencial, mas hoje eu s� ganho dinheiro vendendo pipoca e �gua do lado do posto de sa�de", afirmou.
Lucilene contou que paga R$ 300 de aluguel para morar em um barraco no bairro Casa Amarela, na periferia do Recife. E que, sem os R$150 do aux�lio emergencial, cuja �ltima parcela foi paga em outubro, ficar� ainda mais dif�cil pagar as contas do m�s e comprar comida.
"Eu uso esse dinheiro para sobreviver. Eu moro sozinha e acordo todo dia �s 3h para vender minhas coisas. Coloco pipoca e �gua em cima de uma mesa com um guarda-sol e ganho cerca de R$ 50 por dia. Eu tenho medo de passar fome. E eu n�o quero falar mais nada porque sen�o vou chorar. O resto s� Deus prover�", disse Lucilene com a voz embargada.

Segundo o governo federal, as pessoas beneficiadas pelo Bolsa Fam�lia em outubro de 2021 ser�o atendidas automaticamente, sem a necessidade de recadastramento. Questionado pela reportagem, o Minist�rio da Cidadania n�o informou se todas as pessoas que recebiam o aux�lio emergencial tamb�m ter�o direito ao Aux�lio Brasil.
No entanto, a pasta ressaltou que nem todas as pessoas cadastradas no Cad�nico ter�o direito ao Aux�lio Brasil. E refor�ou que "ser�o priorizadas fam�lias a partir de crit�rios baseados num conjunto de indicadores sociais, capazes de estabelecer com mais precis�o as situa��es de vulnerabilidade social e econ�mica".
Depois de 18 anos, o Bolsa Fam�lia foi revogado pela Medida Provis�ria que criou o Aux�lio Brasil (MP 1.061/2021), publicada no Di�rio Oficial da Uni�o em 10 de agosto. O Aux�lio Brasil � a tentativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de imprimir uma marca pr�pria na assist�ncia social, apagando — �s v�speras das elei��es de 2022 — o nome fortemente associado �s gest�es petistas.
Segundo o governo federal, neste m�s, cerca de 14,5 milh�es de fam�lias receber�o o Aux�lio Brasil.
"Ainda n�o dispomos das informa��es por unidade da Federa��o. Em dezembro, o n�mero passar� para 17 milh�es, o que corresponde a todo o p�blico j� habilitado e outras fam�lias que atenderem aos crit�rios de elegibilidade do programa, zerando a fila de espera. O atendimento alcan�ar� mais de 50 milh�es de brasileiros ou um quarto da popula��o", informou o Minist�rio da Cidadania por meio de nota.
Falta de informa��o
Na cidade de S�o Paulo, a reportagem identificou que n�o h� registro de filas no atendimento feito pelo Cras, j� que � exigido um agendamento.
No entanto, pessoas que conseguiram atendimento disseram ter sido mal atendidas e est�o mal informadas sobre o cadastro no Cad�nico.
A empregada dom�stica Silvana Virg�nio Paulino, de 53 anos, disse ter ido a uma unidade do Cras em Ermelino Matarazzo, bairro onde ela mora, na zona leste da capital paulista.

Silvana disse que uma funcion�ria teria afirmado que ela n�o se enquadra nos requisitos para fazer o cadastro, mas n�o informou o motivo. Mesmo desempregada e sem renda.
"Eu recebia o Bolsa Fam�lia, mas depois ele foi cortado. Hoje, eu moro com o meu filho e n�o temos mais renda. Eu trabalho como diarista, mas s� consigo trabalho a cada 15 dias. Ele trabalha cortando cabelo em casa e cobra R$ 20 por cliente. Mas muitas vezes ele fica sem trabalho por dias", afirmou.
Ela conta que vende material reciclado para complementar a renda da fam�lia. Mas � insuficiente para pagar as contas do m�s.
"Meu ex-marido nos ajuda porque n�o temos dinheiro para arcar com as contas. Pagamos R$ 250 de condom�nio e R$ 200 de luz, sem contar o g�s, que subiu para R$ 110."
Ela disse que, em busca de uma explica��o, j� ligou diversas vezes na central de atendimento do Cras, mas n�o teve sucesso.
"Eles at� entendem, mas desligam. J� cheguei a ficar uma hora com eles no telefone. Mas vou lutar at� o fim. Esse dinheiro vai salvar minha vida porque hoje eu n�o consigo pagar meu IPTU. Tenho at� dezembro para pagar os R$ 480 que devo deste ano. Vou precisar parar de comer carne para n�o perder meu apartamento", afirmou.
O Minist�rio da Cidadania n�o respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os casos espec�ficos dos entrevistados nesta reportagem.
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