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Estado de Minas TRANSFOBIA

A cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, quatro s�o no Brasil

Dados do levantamento feito pelo Transgender Europe (TGEU) mostram que Brasil segue, pelo 13� ano consecutivo, como o pa�s que mais mata pessoas trans


18/11/2021 08:37

Países da América Latina apresentam a maioria dos casos
Pa�ses da Am�rica Latina apresentam a maioria dos casos (foto: AFP)
O Brasil segue pelo d�cimo terceiro ano consecutivo como o lugar mais perigoso para uma pessoa transsexual viver. Pelo menos 125 travestis, homens e mulheres trans foram assassinadas devido a sua identidade de g�nero entre outubro de 2020 e setembro de 2021 no Brasil. Os dados s�o do projeto Transrespect versus Transphobia Worldwide (TvT) da ong Transgender Europe (TGEU).

No per�odo, 33% dos assassinatos de pessoas trans que ocorreram no mundo foram no Brasil, com 125 casos. Quase o dobro do segundo colocado - o M�xico - com 65 registros. Mundialmente, foram 375 ocorr�ncias, 7% a mais que na atualiza��o de 2020.

Desde que os levantamentos da TGEU come�aram a ser feitos (em janeiro de 2008), 4.042 assassinatos foram registrados, e 1.645 ocorreram no Brasil - 40% de todos os casos.

E os n�meros reais devem ser muito maiores, j� que n�o existem dados oficiais sobre assassinatos de membros da comunidade T. Levantamentos como o da TGEU s�o realizados a partir do noticiamento dos casos.

Mulheres foram as principais v�timas


As mulheres trans e travestis foram v�timas de 96% dos assassinatos registrados pelo levantamento. 38% das mortes foram cometidas com armas de fogo e 20% por esfaqueamento. 58% das pessoas trans assassinadas eram profissionais do sexo. A pesquisa destaca tamb�m as demonstra��es de �dios nos crimes.

Um exemplo da crueldade que a comunidade trans enfrenta foi o assassinato brutal de uma travesti de 35 anos, em Campinas, no estado de S�o Paulo. Kelly (apenas o primeiro nome social da v�tima foi divulgado) foi morta e teve o cora��o arrancado. "Ele era um dem�nio, eu arranquei o cora��o dele. N�o era meu conhecido. Conheci ele � meia-noite", confessou Caio Santos de Oliveira, preso pelo assassinato, enquanto sorria, em frente � 2ª Delegacia Seccional de Campinas.

Caio saiu com a v�tima e manteve rela��es sexuais com ela. Ele mesmo levou os policiais ao local do crime. O corpo de Kelly foi encontrado com o rosto lesionado, o t�rax aberto e com a imagem de um santo sobre ela. O cora��o da mulher estava enrolado em um pano, escondido debaixo de um guarda-roupa na casa do assassino.

O homem foi denunciado por homic�dio qualificado por motivo torpe e emprego de meio cruel, mas n�o foi preso. A Justi�a de Campinas determinou a interna��o de Caio Santos de Oliveira em um hospital psiqui�trico por dois anos e o absolveu criminalmente. Caio foi diagnosticado como "portador de esquizofrenia".

Cen�rio pol�tico pode ter afetado a comunidade


O �ltimo ano registrou o maior n�mero de assassinatos de pessoas trans no mundo, e o cen�rio pol�tico pode ter influenciado isso. Nos Estados Unidos, os casos dobraram em um ano, chegando a 53 mortes cru�is, recorde para o pa�s. 89% das v�timas eram pessoas racializadas, ou seja, negros, latinos, ind�gena e outros n�o brancos.

Ativistas LGBTQIA+ dos Estados Unidos relacionaram os n�meros com o momento pol�tico que o pa�s passava, com uma disputa eleitoral bastante polarizada. Em 2020, mais de 100 projetos de lei que visavam retirar direitos da comunidade trans tramitaram (ou foram aprovados) nos Estados Unidos.

Os projetos querem banir jovens trans dos esportes, limitar uso de banheiros, impedir ado��es de crian�as e limitar acesso a assist�ncia m�dica. "Se voc� torna aceit�vel a pr�tica da viol�ncia, que � o que est�o fazendo, as pessoas menos privilegiadas, as mulheres trans negras, acabam sendo afetadas diretamente, resultando em sua morte", comentou Alexandria Webb, militante trans dos Estados Unidos, � revista H�brida.

No Brasil a situa��o n�o � muito diferente. Na mesma semana em que o relat�rio da TGEU destacou a continuidade do massacre de pessoas trans no Brasil, uma decis�o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) atingiu em cheio os membros da comunidade LGBTQIA . O Censo Demogr�fico de 2022 removeu os itens "identidade de g�nero" e "orienta��o sexual", o que torna essa expressiva popula��o invis�vel para pol�ticas sociais e de sa�de. O Minist�rio P�blico Federal (MPF) est� investigando o caso.


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