
O processo judicial tem apenas quatro r�us, que respondem em liberdade: Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, propriet�rios da Kiss, o m�sico Marcelo de Jesus dos Santos, da banda Gurizada Fandangeuira, que se apresentava no local na noite do inc�ndio, e o produtor cultural Luciano Bonilha le�o. Eles v�o ser julgados por homic�dio simples com dolo eventual das 242 pessoas mortas, e tentativa de homic�dio dos 636 feridos.
Um dos pontos pol�micos do julgamento � o pr�prio fato de o crime ir a j�ri popular. Segundo a legisla��o brasileira, somente crimes dolosos contra a vida s�o submetidos a esse tipo de julgamento. As demais senten�as s�o decididas por ju�zes em processos criminais.
Inicialmente, o Tribunal de Justi�a do Rio Grande do Sul entendeu que o caso n�o deveria passar por um tribunal do j�ri, mas, depois, o Minist�rio P�blico e a Associa��o dos Familiares de V�timas e Sobreviventes da Trag�dia de Santa Maria (AVTSM) entraram com um recurso especial apresentando ind�cios que apontariam para um crime de homic�dio doloso. Com isso, o tribunal decidiu que haveria o julgamento.
Esse deve ser o julgamento mais longo da hist�ria do judici�rio ga�cho: defesa e acusa��o estimam dura��o de duas semanas. Ser�o ouvidas 14 v�timas e 19 testemunhas, al�m dos r�us. As testemunhas devem ficar isoladas at� o dia do depoimento, enquanto os jurados precisam ficar incomunic�veis durante todo o per�odo do j�ri.
Relembre
O inc�ndio da Boate Kiss aconteceu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria (RS). A trag�dia foi provocada pela imprud�ncia dos integrantes da banda em usar artefato pirot�cnico em ambiente fechado, e pelo fato de haver aglomera��o de p�blico al�m da capacidade prevista no local. As chamas se alastraram rapidamente por causa do material inflam�vel usado como isolamento ac�stico que produziu uma fuma�a preta e t�xica. A boate estava lotada, e n�o havia sa�da de emerg�ncia. No total, morreram 242 jovens entre 18 e 30 anos, e 636 ficaram feridos.
De acordo com sobreviventes, a casa noturna estava lotada, n�o tinha ventila��o, e alguns extintores n�o funcionaram. A maioria das v�timas foi asfixiada pela fuma�a t�xica, mas muitos tamb�m foram pisoteados por pessoas que tentavam fugir do local, desesperadas por ver que o palco pegava fogo.