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Estado de Minas BOATE KISS

Promotoria diz que r�us assumiram riscos na trag�dia da Boate Kiss

O Minist�rio P�blico do Rio Grande do Sul defendeu a tese de que os quatro r�us assumiram os riscos que acabaram resultando na trag�dia


09/12/2021 21:39 - atualizado 09/12/2021 21:57

Fachada da boate Kiss com dois policiais
O julgamento dos quatro acusados entra na fase final (foto: Ag�ncia Brasil)
Depois de nove dias ouvindo testemunhas, v�timas, informantes e r�us sobre a trag�dia que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos na boate Kiss, em Santa Maria (RS), o julgamento do caso entrou em sua fase final nesta quinta (9/12), com o in�cio do debate entre acusa��o e defesa.

 

 

 

Com duas horas e meia para expor seu caso, o Minist�rio P�blico do Rio Grande do Sul defendeu a tese de que os quatro r�us por homic�dio e tentativa de homic�dio simples por dolo eventual assumiram os riscos que acabaram resultando na trag�dia.
 
Para a promotoria, os integrantes da banda Gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Bonilha Le�o (assistente de palco) assumiram esse risco ao fazer o show com pirotecnia, usando artefatos inadequados para o local e sem precau��es. J� os s�cios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, por terem a casa acima da lota��o permitida e por terem instalado uma espuma no local que liberou gases t�xicos.
 
"Precisamos dizer que incendiar uma boate lotada de gente � crime doloso, porque isso vai proteger nossos filhos, nossas filhas", defendeu em sua fala o promotor David Medina da Silva, o primeiro a falar.
 
Ele defendeu a decis�o da Promotoria de acusar apenas os quatro r�us pelo crime -um inqu�rito da Pol�cia Civil sobre o caso apontava mais respons�veis.
 
"Crime doloso, homic�dio doloso, tem quatro pessoas, os que acenderam, botaram fogo e os que criaram uma situa��o totalmente imposs�vel de sair, um labirinto, que era a Kiss, como falaram no processo. Quando algu�m d� um tiro numa pessoa, este pratica homic�dio doloso. Agora, quem n�o fiscalizou essa arma n�o vai estar ali no processo pelo crime doloso. Pode estar em outro processo", afirmou.
 
O promotor citou a m�sica "Peda�o de Mim", de Chico Buarque, enquanto mostrou fotos dos jovens mortos na Kiss.
 
"Tenho vergonha [de pedir justi�a] porque � imposs�vel fazer justi�a a esses pais e a essas m�es. Porque justi�a numa concep��o cl�ssica, � dar a cada um o que � seu, � isso que diz Arist�teles. Como que n�s vamos dar o que � seu para cada um desses pais, dessas m�es? Quem eles v�o abra�ar no Natal? Tem muita dor do lado de l�", afirmou apontando para a plateia.
 
Neste momento, pais e m�es de v�timas e sobreviventes se levantaram e formaram um c�rculo de m�os dadas. Eles se mantiveram em sil�ncio, j� que n�o podem se manifestar oralmente dentro do sal�o do j�ri, para n�o influenciar os jurados.
 
J� a promotora L�cia Helena Callegari mostrou um depoimento gravado do seguran�a Andr� de Lima, que trabalhava na Kiss no dia da trag�dia.
 
O homem confirma no v�deo que, por ordem de Spohr, segurou as portas da boate depois que as chamas tinham come�ado, e que o ent�o s�cio da Kiss inclusive o auxiliou na tarefa. Ele afirmou que nenhum deles tinha percebido o inc�ndio l� dentro quando fizeram isso.
 
A defesa de Spohr disse que assim que o empres�rio percebeu o fogo, liberou as portas.
 
O depoimento foi prestado � Justi�a Federal, em abril de 2015, em uma a��o que a Uni�o moveu contra os s�cios da Kiss pedindo ressarcimento de valores pelos gastos que teve com a trag�dia, segundo o Minist�rio P�blico. O seguran�a morreu em decorr�ncia da Covid-19, tamb�m de acordo com a Promotoria.
 
A promotora defendeu em sua fala que os r�us sempre contaram com a sorte, sem assumir as precau��es que eram exigidas em lei, e afirmou que tiveram conduta indiferente durante a trag�dia. Ela citou dois funcion�rios do supermercado Carrefour, que teriam dito que os m�sicos da banda foram os primeiros a chegar ao estacionamento, do outro lado da rua, e outras duas testemunhas que teriam dito que Hoffmann n�o ajudou a carregar v�timas.
 
"� essas pessoas que temos que julgar aqui, insens�veis, preocupadas com o patrim�nio, preocupadas com pagamento de comanda. Duas pessoas que n�o se preocupavam", disse ela.
 
Sobre o uso de artefatos pirot�cnicos, apontados como a origem do inc�ndio, a promotora apresentou testemunhos de que a pr�tica eram comum tanto nos shows da banda, quanto nas boates Kiss e Absinto (tamb�m de Hoffmann).
 
Ela citou ainda o fator da espuma, que levou a mortes r�pidas por asfixia, e apontou que a cola usada tamb�m seria inflam�vel.
 
"Autoridades nunca souberam, nunca foram avisadas. O que se tem no processo � documento de que nunca foram avisadas que existia esse tipo de comportamento. Sempre se acreditou na sorte. Se acreditava que nunca ia acontecer", afirmou ela.
 
Imagens da trag�dia, como corpos sendo carregados em caminh�es e alinhados em colunas no ch�o do CDM (Centro Desportivo Municipal), o Farrez�o, em Santa Maria, onde foram colocados para identifica��o, tamb�m foram exibidas no plen�rio onde familiares e sobreviventes acompanhavam sentados em c�rculo, apoiando-se uns aos outros, em sil�ncio. Alguns deixaram o local, amparados por profissionais.
 
Ap�s a acusa��o, os debates seguem com as falas dos advogados de defesa dos r�us, cada um deles tendo 37 minutos e 30 segundos de fala.
 
A vota��o dos jurados, respondendo quest�es sobre sete casos de homic�dios e sete casos de tentativas, para cada um dos quatro r�us, acontece na etapa seguinte. O n�mero de casos reduzido foi definido devido ao c�lculo de tempo que seria necess�rio para avaliar todas as v�timas, segundo o juiz Orlando Faccini Neto.
 
O j�ri da boate Kiss j� � o mais longo da hist�ria do Judici�rio ga�cho. O processo foi desaforado de Santa Maria a Porto Alegre a pedido de defesas que questionaram se a cidade onde ocorreu a trag�dia teria j�ri imparcial, j� que boa parte da popula��o foi afetada.


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