
Circula nas redes sociais um v�deo que mostra um homem vestido com a fantasia caracter�stica do grupo Ku Klux Klan. As imagens foram postadas nesta segunda-feira (20/12) e � poss�vel ver o homem andando sem impedimento pelo p�tio cheio de alunos. Ele foi identificado como professor de hist�ria da Escola Estadual Amaral Vagner, no munic�pio de Santo Andr�, interior de S�o Paulo.
De acordo com nota publicada pelo gr�mio escolar da institui��o, e assinada pelo diretor Wagner Luiz Bonif�cio dos Santos, a escola admite o fato e classifica-o como "a��o infeliz" e "ato impensado". A roupa foi usada durante uma semana tem�tica proposta pela organiza��o estudantil Atl�tica, em que era incentivado o uso de fantasias variadas no lugar do uniforme escolar.
Segundo o texto, o professor foi chamado � dire��o para "uma conversa a fim de esclarecer o ocorrido e tamb�m compreender sua postura" e que, dias depois, ele enviou "de forma espont�nea" uma retrata��o formal por escrito na qual se desculpa. Os fatos ocorreram na primeira quarta-feira de dezembro (8/12) e a retrata��o foi recebida pela escola no �ltimo s�bado (18/12), conforme explica o posicionamento oficial da escola.
O Gr�mio estudantil tamb�m emitiu nota, na qual diz que o professor "foi vaiado e retirado da quadra pelos estudantes e membros do Gr�mio e Atl�tica que estavam presentes na hora do ocorrido, tirando a fantasia".
Procurada pelo Correio, a Secretaria de Educa��o do Estado de S�o Paulo disse que "abriu apura��o preliminar e iniciou os tr�mites para afastamento imediato do professor envolvido, que � efetivo, at� o t�rmino da apura��o". O posicionamento oficial tamb�m diz que foi formada uma comiss�o inter-racial para averiguar a den�ncia. Leia na �ntegra:
A Secretaria da Educa��o do Estado de S�o Paulo (Seduc-SP) informa que, assim que soube do caso, abriu apura��o preliminar e iniciou os tr�mites para afastamento imediato do professor envolvido, que � efetivo, at� o t�rmino da apura��o. A Diretoria de Ensino de Santo Andr� formou uma comiss�o inter-racial para averiguar os fatos.
A Pasta n�o admite qualquer forma de discrimina��o e inj�ria racial. Com o compromisso de combater casos de racismo, a Seduc-SP trabalha veemente na forma��o de toda a rede com a Trilha Antirracista, bem como atua na promo��o de um ambiente solid�rio, colaborativo, acolhedor e seguro nas escolas.
A gest�o da unidade e a Diretoria de Ensino de Santo Andr� est�o � disposi��o de pais e/ou respons�veis para esclarecimentos.
Crime
O v�deo ganhou for�a depois que o deputado estadual Carlos Giannazi (PSol/SP) afirmou que acionaria o Minist�rio P�blico e demais autoridades competentes para investigar a situa��o. "Inaceit�vel", escreveu ele em legenda que acompanha as imagens no Twitter.
Inaceit�vel!
— Prof. Carlos Giannazi %uD83D%uDCDA%uD83C%uDFB8 (@carlosgiannazi) December 20, 2021
Estou acionando a Seduc e a Diretoria de Ensino de Santo Andr� contra essa cena racista e deplor�vel de um professor fantasiado com a roupa da Ku Klux Klan, dentro da EE Amaral Vagner. Racistas, n�o
Passar�o! pic.twitter.com/lAT4dKoltT
Atos como este s�o crime enquadrado na Lei Federal Antirracismo (7.716/1989). De acordo com a norma, � crime "praticar, induzir ou incitar a discrimina��o ou preconceito de ra�a, cor, etnia, religi�o ou proced�ncia nacional". A pena prevista � de um a tr�s anos de reclus�o.
Terrorismo hist�rico
A Ku Klux Klan � considerada por historiadores um dos mais cru�is grupos terroristas em atividade. O grupo supremacista branco foi fundado em 1866 no sul dos Estados Unidos, mas ganhou for�a a partir de 1915 quando instituiu s�mboloso como a fantasia toda branca e a cruz em chamas.
Na �poca, era comum que grupos racistas formados por supremacistas brancos incendiassem casas, igrejas e outros locais em que haviam pessoas negras. Foi um membro da c�lula terrorista que assassinou o ativista Martin Luther King Jr, principal nome na busca de direitos civis das pessoas negras nos EUA, em 1968.
Um d�cada antes, em 1957, sete membros do grupo terrorista raptaram, espancaram, cortaram com uma navalha e abandonaram para morrer Judge Edward Aaron. Por sorte, ele foi encontrado por policiais e resgatado com vida. Um dos agressores nunca chegou a ser pego, enquanto dois deles receberam pena de cinco anos de reclus�o. Os demais, ficaram presos por 20 anos.
Em 2015, um atirador ligado � seita invadiu uma igreja afro-americana na cidade de Charleston, matando nove pessoas e ferindo seis. Um ano depois, ele foi condenado pelo tribunal federal dos 33 estados norte-americanos � pena de morte pelo massacre.