
O estudo analisou o depoimento de professores e outros funcion�rios do modelo EMI e n�o-integral no Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica (SAEB) de 2019. Ou seja, a pesquisa n�o analisa o per�odo de ensino remoto, que foi aplicado em 2020 e 2021 devido a pandemia.
A pesquisa tamb�m analisou escolas com amplia��o da carga hor�ria e constatou que a viol�ncia escolar neste ambiente � menor do que em institui��es n�o-integrais, mas maior do que o EMI.
Em escolas do EMI, o �ndice de viol�ncia geral, como roubos e agress�es f�sicas, � 8,6% menor do que em escolas de outro formato educacional. J� a viol�ncia velada, que enquadra amea�as, consumo de drogas e presen�a de armas, � 13,5% maior em escolas n�o-integrais.
"Acreditamos que os mecanismos pelos quais o Ensino M�dio Integral est� associado a uma redu��o de viol�ncia nas escolas t�m a ver com a sua proposta de matriz curricular que visa a forma��o integral dos estudantes a partir de uma proposta pedag�gica multidimensional, conectada � realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas compet�ncias cognitivas e socioemocionais, essas �ltimas muito relacionadas � redu��o de comportamentos violentos e � promo��o de um melhor clima escolar”, explica a Gerente de Estudos e Avalia��es no Instituto Sonho Grande, Clara Schettino.
Apesar de n�o ser um modelo de ensino popular, o Brasil tem cerca de 3720 escolas EMI e 778 mil estudantes. Conforme dados do �ltimo IDEB (�ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica), a m�dia dos alunos do ensino integral apresenta um desempenho e rendimento escolar de 4.7 pontos, sendo superior � brasileira, que � 4.6 pontos.
O estudo ressalta que o tempo que o aluno fica na escola durante o dia deve ser usado com qualidade. Dessa forma, as escolas devem analisar as atividades que ser�o feitas e n�o “apenas ampliar a carga hor�ria”.
A pesquisadora explica que o maior tempo que os alunos passam na escola pode aumentar ou diminuir a viol�ncia conforme dois fatores: o efeito de concentra��o geogr�fica e o efeito de incapacita��o.
“A escola promove a concentra��o de jovens em um mesmo espa�o, aumentando as intera��es sociais entre eles, nem todas positivas, o que pode levar a um maior n�mero de conflitos e at� mesmo de agress�es, f�sicas ou n�o. Por outro lado, a escola ocupa o tempo dos jovens e os mant�m sob supervis�o de adultos, o que os deixa com menos tempo e oportunidades para o envolvimento em a��es violentas”, afirma Clara.
“Os resultados da nossa pesquisa sugerem que o chamado efeito de incapacita��o prevalece nas escolas de ensino integral, uma vez que a amplia��o da jornada est� relacionada com menores �ndices de viol�ncia. No entanto, a simples expans�o da carga hor�ria n�o � suficiente para a redu��o da viol�ncia. As an�lises realizadas mostram que o efeito na redu��o da viol�ncia � maior quando as escolas implementam o modelo de Ensino M�dio Integral do que com a amplia��o da jornada escolar pelo oferecimento de atividades complementares”, completa.
A pesquisadora comenta que as perspectivas salariais futuras tamb�m afetam as decis�es educacionais dos alunos, como abandonar a escola e se envolver em atividades il�citas ou violentas para um retorno financeiro mais r�pido. Mas o modelo EMI tamb�m pode ajudar neste fator.
“Os estudantes do ensino m�dio integral v�m apresentando melhor desempenho acad�mico e os egressos melhores resultados em termos de perspectivas futuras, com maiores taxas de ingresso na educa��o superior e maior renda. Conhecendo os maiores retornos que o modelo integral oferece, os jovens podem vislumbrar um caminho para atingir seus objetivos por meio da educa��o, afastando-os de situa��es de risco”, completa.
Para entender melhor o modelo EMI, o instituto produziu um manual explicativo que pode ser acessado neste link.
Consequ�ncias para os alunos
Conforme Schettino, a viol�ncia escolar traz diversas consequ�ncias negativas para os jovens, principalmente no �mbito emocional.
“Em um ambiente escolar violento, os jovens apresentam maiores taxas de absente�smo, abandono e evas�o, al�m de terem mais dificuldades para se concentrar e aprender, levando a piores n�veis de desempenho escolar”
Al�m disso, os professores, funcion�rios das escolas e a comunidade, em geral, tamb�m sofrem as consequ�ncias. “Para os educadores, a viol�ncia est� associada a n�veis mais altos de rotatividade de gestores e professores que, por sua vez, se relacionam com uma pior qualidade do ensino ofertado”, completa Clara.
* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Frederico Teixeira