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A noite em que 21 �vnis invadiram o espa�o a�reo brasileiro e foram perseguidos por ca�as da FAB

Fen�meno, "um dos mais importantes casos de ufologia mundial e com o maior n�mero de testemunhas em todo o planeta", continua despertando curiosidade quase quatro d�cadas depois de ter acontecido.


14/01/2022 10:17 - atualizado 14/01/2022 11:41


Registro de suposto óvni feito pelo fotógrafo Adenir Britto
Registro de suposto �vni feito pelo fot�grafo Adenir Britto (foto: Acervo Jackson Camargo)

Quando chegou para trabalhar no dia 19 de maio de 1986, no Aeroporto Internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf, em S�o Jos� dos Campos (SP), o controlador de tr�fego a�reo S�rgio Mota da Silva n�o imaginava que aquele plant�o entraria para a hist�ria da ufologia como a "A Noite Oficial dos �vnis".

Na noite daquela segunda-feira, 21 objetos voadores n�o identificados, alguns deles com at� 100 metros de di�metro, foram avistados por dezenas de testemunhas, civis e militares, em quatro Estados: S�o Paulo, Rio, Minas e Goi�s. S� no interior de S�o Paulo, foram registrados avistamentos em Ca�apava, Taubat� e Mogi das Cruzes.

Em Guaratinguet� (SP), o avistamento foi coletivo. Quem conta � o uf�logo Edison Boaventura J�nior, presidente do Grupo Ufol�gico do Guaruj� (GUG).

"Por volta das 20h, cerca de dois mil militares, entre cadetes e oficiais, da Escola de Especialistas da Aeron�utica (EEAR), testemunharam o fen�meno, a olho nu ou de bin�culo", relata.

N�o parou por a�. Os �vnis, sigla usada para designar "objetos voadores n�o identificados", foram detectados por radares do Centro Integrado de Defesa A�rea e de Controle de Tr�fego A�reo (Cindacta). O que significa que, em outras palavras, tais objetos eram s�lidos.

Cinco ca�as da For�a A�rea Brasileira (FAB) foram acionados pelo Centro de Opera��es da Defesa A�rea (CODA) para interceptar os supostos invasores.

Segundo os pilotos, os pontos multicoloridos conseguiram, entre outras manobras, pairar est�ticos no c�u, voar em zigue-zague, fazer curva em �ngulo reto, mudar de cor, trajet�ria e altitude e atingir velocidades de at� 15 vezes � do som.

"O n�mero de objetos avistados naquela noite foi bem maior do que 21", acredita o controlador de tr�fego a�reo S�rgio da Silva Mota.

"�s vezes, os pilotos tinham contato visual dos alvos, mas os radares n�o registravam nada. Outras, os radares at� captavam a presen�a de objetos, mas os pilotos n�o conseguiam avist�-los. A Aeron�utica considerou apenas os avistamentos que tiveram confirma��o simult�nea. Os demais foram descartados", conta ele.


Capitão Armindo Sousa Viriato de Freitas
Capit�o Armindo Sousa Viriato de Freitas em ca�a da FAB (foto: Acervo Edison Boaventura J�nior)

Contatos imediatos

Em S�o Jos� dos Campos (SP), a "A Noite Oficial dos �vnis" teve in�cio por volta das 20h, quando o sargento S�rgio Mota da Silva come�ou a gerenciar a decolagem do voo 703 da extinta empresa a�rea Rio Sul, com destino ao Rio de Janeiro (RJ). Foi quando avistou uma estranha luz, semelhante a um farol, parada no c�u.

Intrigado, ligou para a torre do Aeroporto Internacional de Guarulhos para checar se alguma aeronave seguia em dire��o a S�o Jos� dos Campos. A resposta foi negativa.

Enquanto os dois conversavam, o objeto sumiu e, dali a pouco, voltou a aparecer, com um brilho ainda mais intenso. S�rgio apanhou um bin�culo para observ�-lo melhor. Era cintilante e multicolorido, recorda.

A certa altura, o sargento reduziu a intensidade das luzes da pista de pouso e decolagem do aeroporto. Nisso, os artefatos se aproximaram. Quando ele aumentou o brilho, se afastaram.

"Se estavam tentando interagir comigo, n�o sei. O que eu sei � que se comportaram de modo inteligente", observa.

P�nico a bordo

Pelo menos tr�s aeronaves relataram avistamentos naquela noite. A primeira foi um modelo Bandeirante, da TAM, que fazia a rota de Londrina (PR) a S�o Paulo (SP).

O piloto chegou a informar ao Centro de Controle de �rea de Bras�lia (ACC-BS) que havia um artefato se aproximando dele, em aparente rota de colis�o.

A segunda, da Transbrasil, tamb�m avistou um UFO (sigla em ingl�s para objeto voador n�o identificado - unidentified flying object) sobre a regi�o de Arax�, no interior de Minas.

O voo seguia de Guarulhos (SP) para Bras�lia (DF).

A terceira e �ltima foi um avi�o bimotor Xingu, prefixo PT-MBZ, que voltava de Bras�lia (DF) com destino a S�o Jos� dos Campos (SP).

A bordo estavam o coronel Ozires Silva, que voltava de uma reuni�o com o presidente da Rep�blica, Jos� Sarney, e seu copiloto, Alcir Pereira da Silva.

�s 21h04, S�rgio fez contato com o piloto do bimotor. Perguntou se ele tinha avistado "algo de esquisito no ar". Pelo radar, o controlador tinha detectado tr�s UFOs sobre S�o Jos� dos Campos.


Imagem de suposto óvni feita pelo fotógrafo Adenir Britto
Registro de suposto �vni feito pelo fot�grafo Adenir Britto (foto: Acervo pessoal)

Quando avisou que tentaria fazer uma manobra de aproxima��o do alvo, descrito como "ponto luminoso" e "bem enorme", Ozires ouviu de Alcir, visivelmente apavorado: "Todo mundo que tenta perseguir um neg�cio desses acaba desaparecendo, sabia?"

Dessa vez, quem desapareceu, para al�vio do copiloto, foi a luz misteriosa. Sumiu, assim que o piloto come�ou a manobrar a aeronave.

No dia seguinte, Ozires Silva tomou posse como o novo presidente da Petrobras. Na coletiva de imprensa, nenhum jornalista lembrou de perguntar algo sobre petr�leo. Todos queriam saber apenas sobre discos voadores. Procurado pela reportagem, Ozires Silva n�o quis comentar o epis�dio.

"A Noite Oficial dos �vnis � um dos mais importantes casos da ufologia mundial. � o caso com o maior n�mero de testemunhas em todo o planeta", explica o uf�logo Jackson Luiz Camargo, autor de A Noite Oficial dos UFOs no Brasil (2021).

"N�o definiria o que aconteceu como invas�o. Em nenhum momento, houve qualquer comportamento hostil por parte das intelig�ncias que operavam aqueles aparelhos", disse ele.


Edson Boaventura Júnior ao lado de um Super Tucano A-29
Edson Boaventura J�nior ao lado de um Super Tucano A-29 (foto: Acervo pessoal)

A verdade est� l� fora

Quem tamb�m estava de plant�o naquela noite era o rep�rter fotogr�fico Adenir Britto. Por volta das 21h, ele atendeu uma liga��o na reda��o do extinto Vale Paraibano.

"Tem um disco voador sobre o jornal", disse uma voz masculina. Britto imaginou que fosse trote. Mas, na d�vida, ele e a rep�rter Iara de Carvalho resolveram investigar.

No p�tio do jornal, avistaram luzes multicoloridas, que se movimentavam em todas as dire��es. Munido de uma Nikon, com lente teleobjetiva de 500 mm e filme de 6.400 asas, tirou algumas fotografias.

"Entre surpreso e emocionado, registrei aquele momento. Nunca mais avistei nada igual. Aquela apari��o jamais ser� apagada da minha mem�ria", diz Britto.

Um m�s depois, dois oficiais do Centro T�cnico Aeroespacial (CTA), acompanhados do uf�logo americano James J. Hurtak, compareceram � reda��o e pediram ao editor-chefe os negativos das fotos.

O material, explicou Hurtak, seria analisado pela Nasa, a ag�ncia espacial norte-americana. Trinta e seis anos depois, nunca foi devolvido.

"A que conclus�o eu cheguei? Bem, acredito que aqueles objetos fossem mesmo do 'espa�o sideral'. E, a meu ver, estavam monitorando instala��es militares e industriais do Brasil", observa Hurtak.


Sérgio Mota da Silva na torre de controle de São José dos Campos
S�rgio Mota da Silva na torre de controle de S�o Jos� dos Campos (foto: Acervo pessoal)

Brincadeira de gato e rato

O risco de um desastre a�reo era iminente. Os tais objetos, al�m de intensa luminosidade, eram capazes de manobras imposs�veis para qualquer aeronave. Para agravar a situa��o, sobrevoavam instala��es estrat�gicas para a defesa a�rea, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro T�cnico Aeroespacial (CTA), em S�o Jos� dos Campos (SP), e a Academia de For�a A�rea (AFA), em Pirassununga (SP).

Por essas e outras, o ent�o ministro da Aeron�utica, brigadeiro Oct�vio J�lio Moreira Lima (1926-2011), foi logo notificado do que estava acontecendo. Dali a instantes, tr�s ca�as da FAB, dois F-5 e um Mirage, entraram em a��o.

O primeiro deles, um F-5, prefixo FAB-4848, pilotado pelo tenente Kleber Caldas Marinho, partiu da Base A�rea de Santa Cruz (RJ), �s 22h34.

O segundo ca�a, um Mirage F-103, prefixo-4913, comandado pelo capit�o Armindo Sousa Viriato de Freitas, �s 22h48, decolou da Base A�rea de An�polis (GO).

O terceiro, um F-5, prefixo FAB-4849, pilotado pelo capit�o M�rcio Brisolla Jord�o, �s 22h50, da Base A�rea de Santa Cruz (RJ).

Os tr�s avi�es de combate receberam a mesma miss�o: intercepta��o n�o agressiva. Ou seja, embora estivessem munidos de armamento pesado, tentariam uma aproxima��o pac�fica. N�o conseguiram.

Quando os ca�as tentavam se aproximar dos alvos, eles desapareciam da vista dos militares e das telas dos radares. E, dali a pouco, reapareciam em outro lugar.

"Tudo ali foi muito curioso e inusitado. Desde o tamanho dos objetos, o maior deles, provavelmente a nave m�e da frota, tinha 11 quil�metros de extens�o, at� sua tecnologia era imensamente superior � nossa", analisa o jornalista e uf�logo Jos� Ademar Geveard, editor da revista UFO.

"Em nenhum momento, eles tentaram nos atacar. Brincaram de 'gato e rato' conosco", acrescentou.

Pelo sim pelo n�o, os pilotos foram orientados a acionarem o "modo roj�o". Ou seja, manobrar as aeronaves com as luzes de navega��o apagadas e o sistema de armas ativado.

"Ao longo dos anos, tive a oportunidade de entrevistar militares de alta patente que, entre outras coisas, me disseram: 'No Brasil, n�o se atira em UFO porque n�o representa amea�a' e 'N�o sabemos como eles reagiriam se fossem atacados'", relata o uf�logo Marco Ant�nio Petit.

"Ao contr�rio do que � divulgado oficialmente, eles sabem muito bem com o que est�o lidando", disse ele.


Sérgio Mota da Silva registrado na torre de controle de São José dos Campos
S�rgio Mota da Silva na torre de controle de S�o Jos� dos Campos (foto: Acervo pessoal)

Al�m da velocidade do som

Um dos operadores do Centro de Opera��es Militares (COpM) chegou a cogitar a hip�tese de que os artefatos observados pelo tenente Marinho eram, na verdade, aeronaves de espionagem. Em relat�rio, o piloto solicitou que fosse averiguado se havia algum porta-avi�o de bandeira estrangeira no litoral brasileiro. Nada foi encontrado.

O capit�o Jord�o realizava buscas visuais na regi�o de S�o Jos� dos Campos quando, �s 22h59, foi informado pelo seu controlador de voo, o sargento Nelson, de que havia "numerosos tr�fegos a seis horas de sua aeronave". No linguajar militar, significa que os alvos voavam atr�s dele.

O piloto realizou uma manobra de 180° na tentativa de visualizar seus perseguidores, mas n�o conseguiu avistar nada. Segundo imagens do radar, 13 UFOs, sete de um lado e seis do outro, "escoltavam" o F-5 do capit�o Jord�o.


Jornal Vale Paraibano
Jornal Vale Paraibano (foto: Acervo Adenir Britto)

A cerca de 800 quil�metros dali, em Goi�s, o capit�o Viriato continuava sua miss�o de intercepta��o. �s 23h09, surgiu um sinal n�o identificado, a 22 quil�metros de dist�ncia, em seu radar de bordo. Imediatamente, o piloto enquadrou seu alvo e se preparou para disparar contra o suposto inimigo.

Logo, o Mirage do capit�o Viriato atingiu a velocidade de Mach 1.3, algo em torno de 1.600 km/h. Quando estava a nove quil�metros do alvo, algo impens�vel aconteceu: o artefato acelerou de maneira brusca. Pelos c�lculos do piloto, chegou a inacredit�veis Mach 15, o equivalente a 18.375 km/h.

"Se existe avi�o que possa desenvolver essa velocidade, eu desconhe�o", declarou o capit�o Viriato em entrevista ao programa Globo Rep�rter, da TV Globo, em 1993.

A t�tulo de compara��o, o avi�o mais r�pido da hist�ria � o North American X-15. Em outubro de 1967, atingiu sua velocidade m�xima: 7.274 km/h.

"At� hoje, n�o sabemos quem eram, de onde vieram ou o que queriam. Mas, sabemos que, al�m de reais, aquelas aeronaves eram controladas por alguma forma de intelig�ncia", observa o uf�logo Thiago Luiz Ticchetti, presidente da Comiss�o Brasileira de Uf�logos (CBU).

Ao longo da noite, mais dois ca�as Mirage foram acionados: um, prefixo FAB-4918, pilotado pelo capit�o Rodolfo Silva e Souza, e outro, FAB-4917, comandado pelo capit�o J�lio C�zar Rozemberg.

O primeiro decolou �s 23h17, e o segundo, �s 23h46, ambos da Base A�rea de An�polis, em Goi�s. Nenhum dos dois teve qualquer contato, visual ou atrav�s do radar de bordo, com qualquer objeto voador.

N�o estamos s�s

No dia 23 de maio de 1986, �s 16h30, o ent�o ministro da Aeron�utica, o brigadeiro Oct�vio J�lio Moreira Lima, convocou uma coletiva para comunicar � imprensa que cinco ca�as da FAB perseguiram 21 UFOs.

"N�o se trata de acreditar ou n�o [em seres extraterrestres ou em discos voadores]. S� podemos dar informa��es t�cnicas. As suposi��es s�o v�rias. Tecnicamente, diria aos senhores que n�o temos explica��o", declarou, � �poca.

Ao fim da coletiva, que contou com a presen�a dos cinco pilotos da FAB e dos controladores de voo que estavam de plant�o naquela noite, o ministro da Aeron�utica declarou que o epis�dio seria apurado e que, dentro de 30 dias, divulgaria um dossi� completo.

Apenas 23 anos depois, em 25 de setembro de 2009, um relat�rio sobre o caso, assinado pelo interino do Comando da Aeron�utica (COMDA) Jos� Pessoa Cavalcanti de Albuquerque e datado de 2 de junho de 1986, foi divulgado.

"Como conclus�o dos fatos constantes observados, em quase todas as apresenta��es, este Comando � de parecer que os fen�menos s�o s�lidos e refletem de certa forma intelig�ncia, pela capacidade de acompanhar e manter dist�ncia dos observadores, como tamb�m voar em forma��o, n�o for�osamente tripulados", dizia o documento.


Relatório do Caso
Relat�rio do Caso (foto: Acervo Edison Boaventura J�nior)

Em geral, os relatos sobre o caso s�o inconclusivos. Ningu�m sabe dizer ao certo o que aconteceu na noite de 19 de maio de 1986. Na d�vida, ningu�m descarta a hip�tese de vida inteligente em outros planetas.

"N�s, seres humanos, somos muito presun�osos. Achamos que somos os donos do universo", declarou o coronel Ozires Silva ao programa 95 On-Line, da r�dio 95,7 FM de Curitiba, em 2014.

Por meio de nota, a Aeron�utica informou que todo o material dispon�vel sobre �vnis j� foi encaminhado ao Arquivo Nacional. E mais: n�o disp�e de profissionais especializados para realizar investiga��es cient�ficas ou emitir parecer a respeito deste tipo de fen�meno a�reo.

Hoje, o acervo sobre �vnis � o segundo mais acessado do Arquivo Nacional - s� perde para os relat�rios da ditadura militar. O material abrange um per�odo de 64 anos e vai de 1952, quando dois rep�rteres da extinta revista O Cruzeiro avistaram um �vni sobrevoando a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), at� 2016, quando um piloto da FAB relatou um suposto avistamento. Ao que parece, a verdade continua l� fora.

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