
Quando o primeiro paciente contaminado com a variante �micron foi confirmado no pa�s, no final de novembro, pouco se podia prever ou mensurar. A popula��o, ansiosa para as comemora��es de fim de ano, via um cen�rio epidemiol�gico razoavelmente est�vel, com o avan�o da vacina��o e estados registrando n�meros menores de �bitos e infec��es por COVID-19.
� �poca, o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, chegou a afirmar que a nova cepa 'n�o � variante de desespero’ e que o Brasil estaria preparado para uma nova onda de casos do novo coronav�rus.
Um m�s e meio depois, a �micron tem se revelado forte. O tsunami de infec��es provocado pela nova variante registra, dia ap�s dia, recorde no n�mero de casos: no mundo, foram mais de 3,2 milh�es em 24 horas; no Brasil, a m�dia m�vel subiu mais de 600%.
Ao contr�rio do que previa Queiroga, o pa�s n�o conseguiu acompanhar a evolu��o da situa��o pand�mica. Com a explos�o de casos do novo coronav�rus, algumas capitais brasileiras j� est�o sofrendo com grandes filas e lota��o de pacientes.
O avan�o da variante est� provocando falta de profissionais de sa�de na linha de frente do combate aos efeitos da doen�a, devido aos afastamentos de profissionais. Al�m disso, prefeituras e secretarias de sa�de lutam contra a falta de estoque de testes para a detec��o dos v�rus das duas doen�as.
Um estudo feito pelo Instituto Todos pela Sa�de (ITpS), em parceria com os laborat�rios Dasa e DB Molecular, constatou que a cepa prevaleceu em 98,7% das amostras analisadas no Brasil. Os pesquisadores analisaram 8.121 amostras coletadas entre 2 e 8 de janeiro de 2022.
Desde o dia 1º de dezembro de 2021, os pesquisadores testaram um total de 58.304 amostras em 478 munic�pios de 24 estados e do Distrito Federal. A �micron foi identificada em 191 munic�pios de 17 estados: Amazonas, Bahia, Cear�, Esp�rito Santo, Goi�s, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Par�, Paran�, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, S�o Paulo, Sergipe, Tocantins e tamb�m no Distrito Federal.
A an�lise demonstrou tamb�m, um aumento nos testes positivos para COVID-19. Entre a �ltima semana de 2021 e a primeira de 2022, a positividade nos testes saltou de 13,7% para 39,5%.
Sobre a �micron, o presidente da rep�blica, Jair Bolsonaro, declarou que a variante � “bem-vinda”.
A fala foi proferida durante entrevista ao site Gazeta Brasil, na quarta-feira (14). "A �micron, que j� se espalhou pelo mundo todo, como as pr�prias pessoas que entendem de verdade dizem, tem uma capacidade de difundir muito grande, mas � de letalidade muito pequena. Dizem at� que seria um v�rus vacinal. Segundo algumas pessoas estudiosas e s�rias, e n�o vinculadas a farmac�uticas, a �micron � bem-vinda e pode, sim, sinalizar o fim da pandemia", complementou.
Em resposta, o diretor-executivo da OMS, Mike Ryan, rebateu Bolsonaro afirmando que “ainda n�o � hora de dizer que um v�rus � bem-vindo”. “Existem muitas pessoas ao redor do mundo em hospitais, em UTIs, em respiradores, buscando f�lego no oxig�nio. Obviamente � muito claro, n�o � uma doen�a leve”, explicou o representante do �rg�o.
SINTOMAS
De acordo com algumas pesquisas, � poss�vel diferenciar, pelos sintomas, a �micron das outras variantes. O infectologista Hemerson Luz explicou que os pacientes que s�o contaminados pela �micron relatam uma fadiga anormal e n�o percebem perda no olfato e no paladar. Al�m disso, a �micron � marcada por dores na garganta e por vezes, perda de voz.*Estagi�rias sob supervis�o de Vicente Nunes
TR�S PERGUNTAS PARA
Renato Kfouri, vice- presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm)Quais pontos positivos podemos enxergar nessa onda de infec��es quando comparada a outras?
A variante �micron � muito mais transmiss�vel, mas, felizmente, por caracter�sticas dela, mas especialmente por encontrar popula��es altamente vacinadas, o risco, no que diz respeito �s formas graves, � muito menor. A grande maioria das pessoas que est�o hospitalizadas n�o t�m a vacina��o completa.
Quais s�o os riscos dessa nova onda causada pela �micron?
Os riscos da nova onda s�o os mesmos: casos graves, hospitaliza��es, mortes. Embora seja em propor��o menor, por conta da vacina��o da popula��o, uma pequena propor��o de muitos casos acaba sobrecarregando o sistema de sa�de. Esses s�o os riscos que vamos enfrentar nas pr�ximas semanas.
Qual a expectativa do pico de contamina��es dessa onda? � poss�vel prever quanto tempo vai durar?
A expectativa � de um pico muito maior, de duas a tr�s vezes mais n�mero de casos que a gente atingia na circula��o da gama, por exemplo, que foi a maior at� ent�o. A dura��o � imprevis�vel, em outros pa�ses t�m durado menos tempo do que as outras ondas, mas n�o d� para afirmar isso.
Confira a compara��o entre os sintomas do v�rus original da COVID-19 com os da variante �micron:
V�rus original
Mais comuns: febre, tosse seca, cansa�o e perda do paladar ou do olfato
Menos comuns: dor de cabe�a, garganta inflamada, olhos vermelhos ou irritados, diarreia, erup��o na pele ou descolora��o dos dedos das m�os ou dos p�s
�micron
Cansa�o extremo, dores pelo corpo, dor de cabe�a e garganta e n�o relataram perda de olfato ou paladar.
FONTE: ORGANIZA��O MUNDIAL DA SA�DE (OMS)