Ap�s �micron e gripe, BH teme epidemia de dengue e refor�a equipes na Sa�de
�ndices de infesta��o larv�ria, chuvas e din�mica trianual da virose indicam que ano ser� de pico de casos, diz prefeitura. Hora � de combater a �gua parada
Nos espa�os p�blicos ou em casa, lixo acumulado e qualquer recipiente que possa acumular �gua se transformam em criat�rios do Aedes (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 25/12/20)
Velha inimiga da sa�de p�blica, a dengue pode agravar o cen�rio epidemiol�gico da capital mineira nas pr�ximas semanas, apertando o gargalo sobre o sistema de sa�de, j� pressionado pela nova onda da COVID-19 e pela gripe H3N2. A proje��o � da Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte.
Temendo a explos�o de casos da doen�a, sinalizada nos �ndices de infesta��o do Aedes aegypti e pelo grande volume de chuvas registrado desde outubro do ano passado, a prefeitura tenta se antecipar � crise por meio do refor�o das equipes das unidades de atendimento e combate aos focos do mosquito. A quest�o tamb�m preocupa o Comit� de Enfrentamento � COVID-19, que faz um apelo � popula��o da capital: “� hora de redobrar os cuidados com a �gua parada”.
O diretor de Zoonoses, Eduardo Viana, explica que alguns fatores sugerem que 2022 ser� um ano epid�mico para a virose. Segundo o gestor, os surtos s�o c�clicos, espa�ados pelo per�odo m�dio de tr�s anos. O �ltimo pico ocorreu em 2019, quando foi necess�rio abrir unidades espec�ficas para o tratamento da doen�a e recorrer ao Ex�rcito para auxiliar no atendimento. “Isso n�o � exatamente uma regra, mas n�s percebemos esse ciclo aparente, afetado por algumas vari�veis. Por exemplo, a din�mica de circula��o dos sorotipos do v�rus”, esclarece Viana. “Outro fator s�o as condi��es clim�ticas. Este ano choveu muito. Muita umidade e muito calor favorecem a prolifera��o do mosquito transmissor, cujas larvas se desenvolvem em �gua parada”, complementa.
N�meros do �ltimo Levantamento R�pido de �ndices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em outubro de 2021, tamb�m despertam preocupa��o nas autoridades sanit�rias. O indicador monitora a infesta��o larv�ria na cidade. O LIRAa registrado na capital mineira na ocasi�o foi de 1,9, o que significa que, a cada 100 im�veis visitados pela Secretaria Municipal de Sa�de, em quase dois foram encontrados focos do Aedes. De acordo com a padroniza��o do Minist�rio da Sa�de, o �ndice recomendado para minimizar o risco de epidemia � de at� 1.
“Esse � um �ndice considerado de m�dio risco. Mas em algumas regi�es, como Pampulha, Noroeste e Leste, os n�meros est�o mais altos, chegam a 2,7. Com a intensifica��o das chuvas, � poss�vel que haja aumento. O LIRAa n�o � definitivo para a ocorr�ncia de epidemia. Mas, conjugado a outros fatores, como as condi��es clim�ticas e o comportamento do v�rus, ele nos d� uma ideia do que esperar e de como precisamos atuar. E o que o levantamento tem nos mostrado � que precisamos agir r�pido para minimizar o adoecimento da popula��o, principalmente neste momento”, analisa o diretor da Zoonoses.
Contrata��es
De acordo com a subsecret�ria de Aten��o � Sa�de, Taciana Malheiros, o munic�pio j� contrata profissionais de sa�de para enfrentar um poss�vel triplo efeito das infec��es – dengue, COVID-19 e gripe – nas unidades assistenciais. “Nesta semana, fizemos 173 contrata��es para as unidades de pronto-atendimento (UPAs). Entre elas, 84 m�dicos, al�m de mais de 90 profissionais para garantir o hor�rio ampliado nos centros de sa�de”, descreve a dirigente. Desde 24 de dezembro, a PBH contabiliza 720 admiss�es – 109 de m�dicos – e diz manter ativo o banco de curr�culos.
Outra a��o elencada pelo Executivo � o combate aos focos de larvas por diversos m�todos. Um deles � o m�todo Wolbachia, que consiste na libera��o de Aedes aegypti inoculados com a bact�ria Wolbachia. Uma vez presente nesse mosquito, ela impede que os v�rus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele.
Ainda segundo a prefeitura, o arsenal contra a dengue inclui aplica��o de larvicida por meio de drones, intensifica��o das visitas domiciliares – 3,2 milh�es de vistorias em 2021 – , e uso de inseticida a ultrabaixo volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em �reas com casos suspeitos de transmiss�o local. A secretaria contabiliza cerca de 7 mil im�veis desinfetados com UBV em todo o ano passado.
Alerta
O Aedes aegypti tamb�m est� no radar do Comit� Municipal de Enfrentamento da COVID-19. “Desde o fim do ano passado, come�amos a perceber o aumento do LIRAa em algumas regi�es da cidade. � mais uma vari�vel sobre a qual nos debru�amos. Um surto de dengue, agora, somado � gripe e � COVID-19, seria uma tempestade perfeita sobre o sistema de sa�de. Ent�o, temos acompanhado com aten��o”, relata o infectologista Carlos Starling, um dos membros do comit�.
Em 2019, a prefeitura teve que destinar unidades de sa�de exclusivamente aos casos de dengue e recorreu ao Ex�rcito para ampliar atendimentos (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press 14/5/19)
O m�dico alerta para a necessidade de aten��o aos cuidados preventivos contra a prolifera��o do mosquito. “N�o podemos atuar nas condi��es clim�ticas e pouco podemos fazer sobre a circula��o dos sorotipos do v�rus. O que podemos fazer � cuidar do atendimento aos doentes, o que � papel do Estado, e da elimina��o dos focos – e, a�, a popula��o tem um papel important�ssimo. � hora de redobrar os cuidados com a �gua parada”, recomenda.
MG registrou mais de 14 mil casos e 6 mortes em 2021
Levantamento do Minist�rio da Sa�de divulgado em novembro do ano passado apontou eleva��o de casos de dengue em 2021 em 12 estados, na compara��o com 2020. No Amap�, os casos passaram de 53 para 241 entre um ano e outro. Em Alagoas, foram registrados 2,2 mil casos em 2020 e 6,3 mil em 2021. No Rio Grande do Sul, foram 9,9 mil casos registrados, contra 3,9 mil em 2020. Em Minas Gerais, entretanto, a rela��o foi inversa. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Sa�de, o estado registrou 20.910 casos prov�veis de dengue at� 6 de dezembro do ano passado, contra 80.909 em 2020. Desse total, 14.239 casos foram confirmados para a doen�a. Foram confirmados seis �bitos por dengue at� aquela data.
Em rela��o � febre chikungunya, foram registrados 5.565 casos prov�veis da doen�a e, desse total, 4.291 casos foram confirmados. Foi confirmado um �bito por chikungunya em Minas Gerais at� a mesma data. J� em rela��o � zika, foram registrados 94 casos prov�veis e, desse total, 23 confirmados. N�o foram confirmados �bitos por zika.
Em novembro, o Minist�rio da Sa�de lan�ou a campanha nacional de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, com divulga��o, at� 31 de dezembro, na TV e nas redes sociais, de v�deos educativos para evitar a prolifera��o das doen�as.
A campanha foi intitulada “Combata o mosquito todo dia, coloque na sua rotina” e estava focada no objetivo de mobilizar a popula��o para retirar �gua acumulada de calhas, garrafas, sacos de lixo, pneus e outros recipientes que podem se tornar criat�rios do mosquito.
Durante coletiva de lan�amento da campanha, o secret�rio de Vigil�ncia em Sa�de, Arnaldo Medeiros, conclamou a popula��o a estar vigilante no combate ao Aedes aegypti. “� a voc� cidad�o brasileiro que a gente dirige a palavra e pede para que redobremos os nossos cuidados para que possamos combater o mosquito todo dia e coloquemos esse combate na nossa rotina. Neste momento, precisamos de seu apoio para combater o mosquito, erradicar e ter controle das doen�as”, afirmou.