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Estado de Minas PANDEMIA

Estudo aponta sobrecarga da classe m�dica desde a chegada da �micron

A pesquisa levanta a percep��o dos m�dicos no que diz respeito ao atual momento da pandemia


03/02/2022 14:37 - atualizado 03/02/2022 19:27

Profissionais do Centro de Terapia Intensiva (CTI) da COVID-19 da Santa Casa BH
Profissionais do Centro de Terapia Intensiva (CTI) da COVID-19 da Santa Casa de Belo Horizonte (foto: Samuel Ramos/Santa Casa)
O aumento de casos de COVID-19 por causa da variante �micron registrado no Brasil desde o in�cio deste ano � visto como uma nova fase da pandemia. Por isso, um estudo da Associa��o M�dica Brasileira (AMB) e da Associa��o Paulista de Medicina (APM), de fevereiro de 2022, destaca a percep��o dos m�dicos no que diz respeito ao atual momento desta crise sanit�ria. Entre as principais considera��es feitas, destacam-se a diferen�a do comportamento do v�rus entre vacinados e n�o vacinados, al�m da atua��o do Minist�rio da Sa�de e o esgotamento da classe m�dica.

A pesquisa foi realizada com 3.517 profissionais. Destes, 52,5% est�o na linha de frente de combate � COVID-19. Eles observaram, em rela��o ao �ltimo trimestre de 2021, uma tend�ncia de alta em algum grau no n�mero de casos (96,1%), enquanto mais da metade (59,6%) aponta que n�o aconteceu o mesmo com o n�mero de �bitos da doen�a. 87,3% relatam ainda que testaram positivo para COVID-19, ou ainda outros m�dicos do ambiente de trabalho.
 

Apesar do alto �ndice de contamina��o, 81,4% apontaram que a realidade da ocupa��o das unidades de terapia intensiva (UTIs) nos servi�os e hospitais est� menor do que nos momentos mais cr�ticos de 2021. Enquanto isso, 10,5% acreditam que a ocupa��o est� igual a 2021, 5,1% responderam que est� maior e sem comprometer a qualidade da assist�ncia e apenas 3% disseram que h� superlota��o.

Sobrecarga

O estudo levantou ainda com os profissionais os gargalos desses atendimentos. A principal reclama��o foi que 44,8% destacaram a falta de m�dicos, enfermeiros e outros profissionais da sa�de. Em compara��o ao mesmo estudo feito em fevereiro de 2021, este n�mero subiu 12,3%. Essa sobrecarga do sistema de sa�de com mais infectados e a falta de funcion�rios pesa na sa�de mental e f�sica dos m�dicos. 
 
Percepção dos médicos
(foto: Soraia Piva/Arte EM/D.A Press)


Em uma quest�o de m�ltipla escolha, 64,2% apontaram que, no servi�o que atendem, h� casos de m�dicos com sensa��o de sobrecarga, 62,4% de estresse e 56,8% de ansiedade. Outros 56,2% apontaram exaust�o f�sica e emocional, 39,2% com dist�rbios de sono, 30,5% apresentaram dificuldade de concentra��o e 29,3% tamb�m responderam mudan�as bruscas de humor.

De acordo com o presidente da APM, Jos� Luiz Gomes do Amaral, a falta de profissionais da sa�de contribui para a sobrecarga dos profissionais. “Quando analisamos a pesquisa no item que diz sobre o que est� faltando, houve uma mudan�a consider�vel do in�cio da pandemia para o momento atual. Come�amos a suprir a falta de equipamento de prote��o individual, resolvemos problemas de diagn�sticos, mas agora estamos vendo concretizar um temor que t�nhamos no in�cio, que era a falta de profissionais da sa�de”, ressaltou.
 
Óbitos e casos
(foto: Soraia Piva/Arte EM/D.A Press)
 

Ele continua: “Os profissionais agora est�o acometidos com uma frequ�ncia muito grande da pr�pria COVID-19, em fun��o da variante ter uma contamina��o maior. Os m�dicos est�o se contaminando, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Portanto temos um grande n�mero de colegas que � for�ado a se ausentar temporariamente do trabalho.” 

“Por outro lado, est�o todos exaustos. A sociedade est� exausta e como n�o poderia deixar de ser, somos integrantes da sociedade e igualmente afetados. Talvez at� com o agravante do cansa�o pelo excesso de trabalho, por repetir esses mesmos problemas, uma sensa��o de enxugar gelo, esse assunto n�o se resolve. Isso nos leva ao esgotamento”, apontou Amaral. Para ele, esse cansa�o resulta em outros problemas de sa�de apontados pela pesquisa, como ansiedade, dist�rbios de sono, depress�o etc. 
 
A m�dica Nat�lia de Paula Santos Vecchio atua na linha de frente da pandemia, nas especialidades de Cl�nica M�dica e Nefrologia do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte. Em quase 2 anos, ela n�o tinha sido infectada pela COVID-19, mas a realidade mudou com a chegada da �micron. 

“No in�cio de janeiro, com esse novo aumento de casos, come�amos a ficar mais preocupados. Eu mesma n�o tinha pego COVID, at� aquele momento. Infelizmente acabei me contaminando e deu ainda mais apreens�o, pois meu esposo � do grupo de risco e n�o trabalha na �rea da sa�de”, diz Nat�lia. 

Foto médica
A m�dica nefrologista Nat�lia Vecchio n�o tinha se infectado at� o in�cio deste ano (foto: Arquivo pessoal )
Ela teve sintomas leves, assim como outros colegas m�dicos, entretanto, ficou afastada por 10 dias. “Por precau��o, resolvi fazer o teste, mesmo com sintomas leves e, sem surpresa, recebi o resultado positivo. Me afastei por 10 dias, que � a recomenda��o para profissionais da sa�de”. 

A nova onda de casos est� causando ainda mais plant�es dobrados. Segundo a m�dica, � recorrente ‘cobrir’ algum colega que precisou se afastar por contamina��o. “Isso est� muito mais frequente do que no in�cio da pandemia. Estamos vendo nossos colegas ficando cada vez mais sobrecarregados. A sorte � que os m�dicos que eu conhe�o est�o com sintomas leves e n�o agravaram”. 

Com o emocional desgastado, Nat�lia diz que o cansa�o dos profissionais j� � extremo. “Como m�dica, a escalada de casos nos causa um medo de n�o dar conta. Estamos esgotados, � beira da s�ndrome de burnout. A sobrecarga � grande, pois n�o atendemos s� COVID-19, existem outras doen�as tamb�m”. 

A s�ndrome de burnout � desencadeada pelo excesso de trabalho f�sico, emocional e psicol�gico que causa esgotamento, tens�o e estresse cr�nicos. 


Apesar da exaust�o, ela tenta manter esperan�as de que o cen�rio vai melhorar. “Por mais que estejamos lidando com pacientes oncol�gicos no hospital, n�o perdemos nenhum deles para a COVID-19. Eles est�o apresentando sintomas mais leves, justamente pela vacina, cerca 95% foram assim”.

“Ent�o, a esperan�a maior agora est� com a vacina��o, principalmente das crian�as, pois elas poderiam ser potenciais transmissoras, at� para a gente. Com a imuniza��o delas, nos deixa com mais confian�a de que os casos diminuam”, finaliza. 

Minist�rio da Sa�de

Um outro ponto levantado pelos m�dicos foi a atua��o do Minist�rio da Sa�de durante a pandemia. Apesar de avaliarem que a vacina��o foi o grande ponto de sucesso da pasta, por outro lado tamb�m dizem que a orienta��o � popula��o n�o funcionou da melhor maneira. As respostas apontam que 75,3% dos profissionais consideram o programa de vacina��o como uma medida aplicada adequadamente. Em seguida tem: incentivo � higieniza��o (41,4%); incentivo ao uso correto da m�scara (39,5%); incentivo ao distanciamento (30,5%); orienta��o para evitar aglomera��o (28,1%); isolamento de suspeitos (24,1%).

Apesar disso, 72% reprovam a atua��o do Minist�rio em meio � crise do novo coronav�rus. Apenas 18,9% avaliaram como boa e 6,3% disseram que foi �tima. Em contrapartida, a maioria dos m�dicos aprova a atua��o da secretaria de cada estado (52,6%) ou munic�pio (54,3%). Grande parte (65,1%) utiliza refer�ncias das sociedades de especialidades e associa��es m�dicas para o tratamento da COVID-19, sendo pouca (14,6%) a orienta��o do Minist�rio da Sa�de.

A maioria dos profissionais (81,6%) disseram que os pacientes tomaram as duas doses da vacina contra COVID-19 e muitos at� o refor�o, mas 68,7% reprovam a orienta��o do Minist�rio da Sa�de na orienta��o � import�ncia da vacina��o. 21,5% disseram que foi uma boa atua��o e 7,2% avaliaram como �tima. O principal ponto levantado em rela��o � interfer�ncia na ades�o � vacina��o, como disseram 85% dos profissionais, est� na circula��o das fake news, informa��es sensacionalistas ou sem comprova��o t�cnica. 
 
O presidente da AMB, C�sar Eduardo Fernandes, explicou essa diverg�ncia entre o sucesso da vacina��o com a desaprova��o das orienta��es da Sa�de federal. “Eu acho que o Minist�rio n�o pode fazer um discurso d�bio, adotando o m�rito do �xito na vacina��o, ao mesmo tempo que coloca d�vidas sobre a seguran�a da vacina”, criticou.
 
Ele exemplificou: “Em rela��o � vacina��o infantil, que foi postergada atrav�s de estrat�gias desnecess�rias, como a consulta p�blica, quando a Anvisa j� havia aprovado inicialmente a vacina da Pfizer e logo em seguida a Coronavac para aplicar em crian�as de 5 a 11 anos. Depois vimos o pr�prio ministro, que colocou todas as barreiras de dificuldade, comemorando a chegada das vacinas para as crian�as. Me parece uma dubiedade.” 
 

A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 31/01/22, sendo que 58,4% eram homens e 41,6% mulheres. A margem de erro � de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Confira o estudo completo:



*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Eduardo Oliveira 


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