
O cabo da Pol�cia Militar do Rio de Janeiro Alauir de Mattos Faria — que atua no 41º BPM (Iraj�) e � apontado como dono do quiosque Biruta, que funciona no mesmo im�vel do Tropic�lia — negou que Mo�se fosse problem�tico, como acusaram os tr�s espancadores. O depoimento foi na �ltima quinta-feira. No mesmo dia, em audi�ncia de cust�dia, a Justi�a manteve a pris�o tempor�ria dos tr�s acusados pelo crime por mais 30 dias.
A apura��o da morte de Mo�se acontece em paralelo a outro crime brutal: o assassinato de Durval Te�filo Filho, de 38 anos, na �ltima quarta-feira, com tr�s tiros disparados por um policial da Marinha, Aur�lio Alves Bezerra. O caso ocorreu no munic�pio de S�o Gon�alo, na regi�o do Grande Rio. O militar supostamente confundiu a v�tima com um bandido, foi preso em flagrante e responder� por homic�dio culposo, quando n�o h� inten��o de matar.
Dados da edi��o de 2021 do Atlas da Viol�ncia, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), mostram que os negros t�m 2,6 vezes mais chances de morrerem assassinados no pa�s, em compara��o com pessoas de pele clara. Em 2019, 77% das v�timas de homic�dio eram negras. Isso tamb�m representa uma taxa de 29,2 mortes por 100 mil habitantes.
Al�m disso, uma pesquisa divulgada em novembro de 2021 pela Funda��o Jo�o Pinheiro, em parceria com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MP-MG), revela que os negros t�m quatro vezes mais chances de sofrerem viol�ncia policial, se comparados com brancos. Pesquisadores analisaram cerca de 3,5 mil boletins de ocorr�ncia envolvendo mortos e feridos em interven��es da pol�cia, de 2013 a 2018. A constata��o foi a de que sete em cada 10 v�timas (70%) eram negras.
Nuno Coelho, integrante dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil, os epis�dios com Mo�se e Durval apontam que o pa�s n�o superou a heran�a escravagista. "O Brasil tem divis�es de classe e a popula��o negra, por mais vit�rias que possa alcan�ar, sempre estar� na lista de suspeitos e perseguidos. Veja o fato do sargento, a confus�o se deu por apar�ncia. Isso � a diferen�a central", observou.
Na vis�o do especialista em seguran�a p�blica, Leonardo Sant'anna, o Brasil s� ultrapassar� essa situa��o quando houver "uma pol�tica de inser��o dessa comunidade em cen�rios em que, hoje, elas n�o aparecem".
*Estagi�rios sob a supervis�o de Fabio Grecchi