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Estado de Minas COMPORTAMENTO

J� quis namorar duas pessoas ao mesmo tempo? Trisal pode ser a solu��o

Os trisais mostram que, com respeito e consentimento, o ci�me se torna irrelevante e � poss�vel levar namoros e casamentos a tr�s


10/04/2022 11:03

Relacionamento de trisal: Sanny Rodrigues (short), Karina Matos e Diego Gonçalves estão juntos há três anos
Relacionamento de trisal: Sanny Rodrigues (short), Karina Matos e Diego Gon�alves est�o juntos h� tr�s anos (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Um � pouco, dois � bom e tr�s � demais. Ser�? Nem sempre! Para algumas pessoas, o antigo ditado popular est� desatualizado e tr�s, longe de ser "demais" � o n�mero ideal em um relacionamento rom�ntico.

E � no tri�ngulo amoroso do bem, e consensual, que surgem os trisais. Derivado do termo casal, o relacionamento costuma seguir os mesmos moldes do namoro ou casamento tradicional, mas com tr�s pessoas.


O trisal � uma das formas de romance baseados no poliamor, o conceito de que o amor afetivo e rom�ntico n�o precisa ser compartilhado apenas entre duas pessoas, mas por quantas os envolvidos desejarem.

� fundamental ressaltar que tanto no trisal quanto em outros formatos de poliamor, o conhecimento e o consentimento de todas as partes s�o aspectos inegoci�veis. Diferente de todas as outras regras, que podem variar em cada rela��o.

Tri�ngulo equil�tero

 

� na honestidade e no di�logo aberto que se baseia o casamento dos empreendedores e influenciadores digitais Sanny Rodrigues, 29 anos, Karina Matos, 25, e Diego Gon�alves, 31. Juntos h� tr�s anos, eles vivem um trisal em tri�ngulo — ou seja, todos est�o envolvidos com todos —, e fechado.

Sanny e Diego estavam juntos havia 10 anos e eram pais de Miguel, 5, quando decidiram abrir a rela��o para uma terceira pessoa. O intuito n�o eram encontros casuais, mas, sim, um namoro e, posteriormente, casamento, incluindo os aspectos emocional e sexual.

Sanny � bisexual e Diego, h�tero — motivo pelo qual eles optaram por uma mulher para compor o trisal. Ao criar um perfil em um aplicativo de relacionamento, conheceram Karina e marcaram o primeiro encontro. "Eu n�o estava procurando um casal, n�o tinha nem pensado. Nunca tinha me relacionado com uma mulher tamb�m, mas j� estava com essa vontade. Quando vi os dois, algo me chamou a aten��o e resolvi dar o match", lembra Karina.

O primeiro encontro come�ou com um certo nervosismo e tens�o dos tr�s, mas, uma vez vencida essa barreira, o amor foi quase instant�neo. Cerca de um m�s depois eles estavam morando juntos. Como em um tri�ngulo equil�tero, todos os lados do relacionamento s�o iguais. Eles dividem as responsabilidades com o filho, com a casa, com as contas e um com o outro. Foi esse equil�brio que os ajudou a vencer o ci�me, por exemplo.

"Nosso casamento nunca foi aberto e sempre existiu ci�me das duas partes. Quando a Karina chegou, teve um pouco, mas, como a escolha foi dos dois, n�o foi t�o intenso. N�s n�o dividimos, somamos. Isso j� leva 90% do ci�me embora" diz Diego.

Sanny lembra que o que despertava um pouco de dor de cotovelo eram algumas aten��es trocadas entre duas partes e que n�o envolviam a terceira, que acabava se sentindo exclu�da.

Terapeuta, ela trouxe seu conhecimento para o casamento.

A conversa sincera e a dedica��o m�tua a todas as rela��es existentes, a dos tr�s, a de Sanny e Karina, a de Sanny e Diego e a de Karina e Diego, trazem a harmonia. Rindo, Sanny acrescenta que isso n�o quer dizer que n�o exista ci�me. "Nosso casamento � e sempre foi fechado. Com pessoas de fora, todos somos ciumentos com todos".

Influenciadores

Dividindo parte da rotina nas redes sociais e mostrando que o casamento � composto de amor e n�o um pecado, como muitos dos haters falam por a�, os tr�s garantem que a intoler�ncia � a maior dificuldade.

A fam�lia de Diego nunca se op�s � rela��o, o que ele acredita ser uma rea��o fruto do mundo machista. "Infelizmente, muitos olham para n�s n�o como um trisal, mas, sim, como um homem com duas mulheres e acham que isso � algum m�rito para mim", lamenta.

Sanny e Karina, que enfrentaram mais resist�ncias das pr�prias fam�lias, tamb�m se incomodam com esse r�tulo e garantem que, assim como as duas s�o esposas de Diego, elas s�o casadas uma com a outra. "As pessoas agem como se eu estivesse dividindo o Diego e esse � um dos julgamentos que mais me incomoda. Mas hoje n�s lidamos melhor com o preconceito. Nas redes sociais, eu j� bloqueio", garante Sanny.

A fam�lia de Karina � a mais resistente e cortou la�os com ela. Mas a ca�ula do trisal garante que o amor que vive, inclusive o de m�e, faz valer as dificuldades que eles precisaram enfrentar. Para evitar que mais pessoas sofram com a falta de aceita��o, o "Trisal Bras�lia" faz lives, caixinhas de perguntas e at� mesmo o "tinder de trisal" toda sexta-feira, quando buscam reunir interessados.

Dicas de como entrar em um trisal, lidar com o ci�me e outras demandas emocionais tamb�m fazem parte do perfil. Debates e troca de informa��es sobre as aspectos legais, jur�dicos e outras burocracias tamb�m acontecem.

Apesar de n�o sentirem a necessidade de um papel para formalizar a rela��o, eles se preocupam com algumas garantias de direitos e com o fato de que o segundo filho que pretendem ter n�o sair� da maternidade com o nome dos tr�s na certid�o.

"Temos esses obst�culos em uma sociedade baseada na monogamia, mas nossa cumplicidade e companheirismo vencem tudo isso. � muito bom poder vivenciar ainda mais amor", completa Sanny.

Trisal por acaso 

 Felipe, Kawany e Laís são o 'Trisal da Cei', como são conhecidos no Instagram
Felipe, Kawany e La�s s�o o "Trisal da Cei", como s�o conhecidos no Instagram (foto: Arquivo pessoal )
Diferentemente de Sanny Rodrigues e Diego Gon�alves, Felipe Rodrigues Braz, 30 anos, e Kawany de Jesus Lima, 30, casados h� 14, n�o estavam em busca de envolvimento emocional com outra pessoa, muito menos pensavam em se tornar um trisal.

O empres�rio e a atendente de telemarketing, pais de tr�s filhos, resolveram abrir a rela��o para dar uma pimentada. Felipe � heterossexual e Kawany, at� ent�o, acreditava ter a mesma orienta��o. Quando o casal decidiu aceitar o envolvimento f�sico com outras pessoas, ela teve a curiosidade de sair com outras mulheres e se descobriu bissexual.

Depois de alguns encontros casuais separados, os dois consideraram um encontro a tr�s e curtiram a experi�ncia. O plano era encontrar cada pessoa externa somente uma vez e n�o se engajar em nenhum tipo de rela��o afetiva. Mas, quando conheceu a chapeira La�s Keane de Moraes Lima, 19, Kawany sentiu vontade de manter uma amizade.

Com a concord�ncia de Felipe, Kawany e La�s, que � pansexual, come�aram a se ver mais vezes e engataram um namoro. “Era para ser mais casual, mas a gente se envolveu e, quando a La�s me pediu em namoro, combinei com o Felipe e aceitei”, lembra.

Naquele momento, as duas fecharam o relacionamento e deixaram de ver outras pessoas, exceto no caso do envolvimento pr�vio com Felipe. O empres�rio continuou casado e liberado para se encontrar casualmente com outras mulheres.

La�s lembra que, no in�cio, estava apenas buscando aventuras e rela��es casuais. “Mas n�o teve jeito, a Kawany me la�ou, me envolvi, me apaixonei e depois o mesmo aconteceu com o Felipe”, conta, aos risos. E, assim, os tr�s estavam satisfeitos.

Passado cerca de um m�s, La�s acabou expulsa de casa, pois a fam�lia n�o aceitava seu namoro. No calor do momento, ela foi morar com a namorada e o marido dela. “N�o dizemos que foi planejado porque ali, na hora, tivemos que tomar uma decis�o. Explicamos para as crian�as que ela precisava ficar na nossa casa por um per�odo e hoje eles est�o mais velhos, sabem e aceitam a nossa rela��o”, conta Kawane.

A partir da conviv�ncia, La�s e Felipe come�aram a se envolver e criaram, tamb�m, um la�o afetivo. Quando perceberam que a rela��o tinha evolu�do, h� cerca de um ano e dois meses, os tr�s decidiram se tornar, oficialmente, um trisal e fechar o relacionamento.

“Eu e o Felipe somos muito tranquilos e n�o temos muitos ci�mes. Sair com uma ou outra pessoa n�o seria um problema para n�s, mas a La�s � muito ciumenta e nos comprometemos com ela”, conta Kawany.

Rindo, os dois comentam sobre os ci�mes da parceira. “De vez em quando, o pessoal brinca, faz piadinha dizendo que quer entrar no relacionamento e eu rio, entro na brincadeira. Mas, quando olho, ela j� est� brava”, conta Felipe.

Ele ressalta que n�o � por levarem alguns coment�rios na brincadeira ou n�o se abalarem muito com as cr�ticas e preconceitos que o relacionamento n�o � s�rio. “Tem gente que chega querendo ficar com um ou outro, achando que, por sermos um trisal, n�o temos fidelidade entre n�s”, comenta.

“Sempre digo que todos s�o beneficiados nessa rela��o e todos gostam. N�o � o Felipe que tem duas mulheres. Eu e a La�s tamb�m temos dois companheiros”, completa Kawany.

 



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