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Estado de Minas COMPORTAMENTO

5 h�bitos de conversa que podem melhorar suas rela��es

Voc� sabe como conversar para estabelecer melhores conex�es sociais? Cinco passos �teis podem nos ajudar a fortalecer os la�os sem cometer erros


29/11/2021 12:54 - atualizado 03/12/2021 11:31


Mulheres conversando
(foto: Getty Images)

"N�o existe nada como uma conversa", escreveu a romancista e cr�tica liter�ria brit�nica Rebecca West em seu famoso livro de contos, The Harsh Voice ("A Voz Severa", em tradu��o livre).

"Esta � uma ilus�o. S�o mon�logos intercalados, s� isso." Na opini�o de West, nossas palavras simplesmente se atravessam com as palavras dos outros, sem que ocorra comunica��o profunda.

Quem nunca teve essa sensa��o em algum momento da vida? Seja quando estamos batendo papo com o barista ou encontrando um amigo pr�ximo, podemos ficar esperando formar conex�o apenas para sair da conversa com a sensa��o de que nossas mentes n�o conseguiram se encontrar.

- Leia: Como voc� revela a 'linguagem corporal' numa conversa on-line sem notar

A pandemia certamente ampliou nossa consci�ncia dessas sensa��es. Depois de longos per�odos de isolamento, nosso apetite pelo contato social � maior do que nunca — e � uma decep��o ainda maior sentir que permanece uma lacuna entre n�s e os outros, mesmo quando as regras de distanciamento f�sico come�am a ser relaxadas.

Se isso soa verdadeiro para voc�, a ajuda pode estar pr�xima. Nos �ltimos anos, os psic�logos que estudam a arte da conversa��o identificaram muitas das barreiras existentes no caminho para a conex�o mais profunda e as formas de remov�-las. Confira abaixo os cinco melhores h�bitos para conversar melhor.

1. Fa�a perguntas

O primeiro h�bito parece �bvio, mas muitas vezes � esquecido: se voc� quiser ter um di�logo significativo com algu�m — em vez de dois "mon�logos intercalados" —, voc� precisa se esfor�ar para fazer perguntas.

Karen Huang, professora da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, pesquisou o assunto.

Durante seus estudos para obter o grau de PhD em comportamento organizacional na Universidade norte-americana de Harvard, Huang convidou mais de 130 participantes para o seu laborat�rio e pediu que eles conversassem em pares por 15 minutos por um aplicativo de mensagens instant�neas online. Ela descobriu que, mesmo nesse curto per�odo de tempo, a quantidade de perguntas feitas pelas pessoas apresentou ampla varia��o, desde cerca de 4 ou menos at� 9 ou mais.

Ao longo de uma s�rie de estudos posteriores, Huang descobriu que fazer perguntas faz diferen�a significativa para que as pessoas sejam consideradas simp�ticas. Analisando as conversas em um evento de encontros r�pidos, por exemplo, ela concluiu que a quantidade de perguntas feitas por um participante poderia prever a sua possibilidade de garantir um segundo encontro.

Nem todas as perguntas s�o igualmente atraentes: uma pergunta pedindo mais informa��es sobre um tema anterior � mais atraente que outra que mude de assunto, ou que uma pergunta "espelho" que simplesmente copia o que algu�m j� perguntou a voc�.

� importante notar que as descobertas de Huang sugeriram que a maioria das pessoas n�o previa os efeitos das perguntas. N�s gostamos de falar sobre n�s mesmos, mas subestimamos os benef�cios de deixar que os outros fa�am o mesmo — o que prejudica os nossos relacionamentos.

2. Cuide da empatia

Ouvimos muitas vezes que precisamos nos colocar no lugar das outras pessoas — mas a nossa empatia dificilmente � t�o real como pensamos que seja.

Uma raz�o para isso � o egocentrismo. "N�s usamos a nossa pr�pria experi�ncia, nosso pr�prio estado mental, como indicador para os outros", segundo Nicholas Epley, professor de ci�ncias do comportamento da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. "E deixamos de diferenciar suficientemente as duas pessoas."

Na sua forma mais b�sica, o egocentrismo pode ser observado quando apontamos para alguma coisa pr�xima a n�s e deixamos de perceber que ela est� fora da linha de vis�o da outra pessoa, ou quando superestimamos o conhecimento de algu�m sobre um assunto que � familiar para n�s e deixamos de nos explicar adequadamente. Ele pode tamb�m fazer com que pensemos que a outra pessoa se encontra com o mesmo estado de esp�rito ou tenha a mesma opini�o que n�s — seja em termos de prefer�ncia por um restaurante espec�fico ou suas opini�es sobre um tema controverso.


Homem e mulher conversando
Nunca subestime o poder de fazer perguntas - e at� de continuar perguntando sobre o mesmo assunto, segundo as pesquisas (foto: Getty Images)

A pesquisa de Epley demonstrou, curiosamente, que o nosso egocentrismo � pior quando estamos com pessoas conhecidas e n�o com estranhos — um fen�meno chamado de "vi�s da comunica��o com proximidade".

"Muitas vezes, n�s consideramos os parceiros e amigos pr�ximos como sendo similares a n�s e ent�o consideramos que eles sabem o mesmo que n�s sabemos", explica Epley. Com pessoas estranhas, podemos ser um pouco mais cautelosos com essas suposi��es.

Voc� poder� tentar resolver esse problema com um pouco de "perspectiva consciente", imaginando deliberadamente o que a outra pessoa est� pensando e sentindo, com base no conhecimento que voc� tem dela.

Os estudos de Epley demonstram ainda que, em muitos casos, essa pr�tica reduz a precis�o da nossa percep��o social, pois ela ainda se baseia nas nossas suposi��es, que podem n�o ser verdadeiras. Geralmente, segundo ele, � muito melhor perguntar � pessoa o que ela realmente pensa e sente que tentar adivinhar.

3. Prefira a familiaridade e n�o a originalidade

Como escolher os assuntos das nossas conversas?

� natural presumir que as pessoas preferem a originalidade, que devemos sempre tentar transmitir algo novo e interessante, em vez de dizer �s pessoas algo que elas j� conhecem. Mas esta � uma conclus�o inadequada.

Segundo as pesquisas de Gus Cooney, psic�logo social da Universidade da Pensilv�nia, nos Estados Unidos, n�s sofremos uma "puni��o por novidade" quando discutimos algo novo, em compara��o com assuntos que j� s�o familiares para o ouvinte.

Durante um experimento, os participantes foram distribu�dos em grupos de tr�s pessoas. Quando sozinhos, cada membro assistiu a um dentre dois v�deos curtos — um que descrevia a intelig�ncia dos corvos e outro sobre a cria��o de refrigerantes especiais. Em seguida, cada trio se reuniu e pediu-se a um dos membros que descrevesse o v�deo a que havia assistido, enquanto os demais ouviam por dois minutos.

Surpreendentemente, os ouvintes preferiram acompanhar a descri��o do v�deo que eles j� haviam visto, enquanto permaneciam claramente desinteressados ao ouvir sobre o v�deo desconhecido — apesar de estarem recebendo informa��es novas que n�o haviam ouvido anteriormente.

Cooney defende que a puni��o por novidade surge das "lacunas de informa��o" nas nossas conversas. Se estivermos falando sobre algo completamente novo, nossa audi�ncia pode n�o ter conhecimento suficiente para compreender tudo o que estamos dizendo. Mas, se estivermos falando sobre algo j� familiar para a nossa audi�ncia, os pr�prios ouvintes podem preencher essas lacunas.

A puni��o por novidade poder� explicar por que a descri��o de um feriado ex�tico muitas vezes pode cair por terra junto aos seus colegas, a menos que eles pr�prios tenham visitado aquele local. "Quando a experi�ncia � t�o vibrante na sua cabe�a que voc� pode sentir o cheiro, prov�-la e ver todas as suas cores, voc� simplesmente pressup�e que as outras pessoas tamb�m podem faz�-lo", afirma Cooney.

Cooney sugere que voc� poder� superar a puni��o por novidade adaptando a sua hist�ria para ajudar a criar uma impress�o viva dos eventos sendo descritos. "Quando voc� tem consci�ncia disso, voc� poder� tentar dar um pouco mais de vida para aquela experi�ncia", afirma ele.


Grupo de pessoas conversando
Se voc� estiver apresentando informa��es novas, descubra uma forma de fazer com que elas possam ser contadas - ou sua hist�ria poder� cair por terra (foto: Getty Images)

Mas, at� voc� aperfei�oar a sua conversa, pode ser mais seguro adotar temas de conversa baseados em experi�ncias compartilhadas.

4. N�o tenha medo de se aprofundar

Essa necessidade de fundamentos comuns n�o dever� nos limitar a apenas jogar conversa fora.

Pelo contr�rio, muitas experi�ncias humanas compartilhadas podem ser incrivelmente profundas e as pesquisas recentes de Epley demonstram que a maioria das pessoas aprecia a possibilidade de explorar seus pensamentos e sentimentos mais profundos, mesmo se estiverem falando para completos estranhos.

A equipe de Epley pediu a pares de participantes, que n�o haviam se conhecido anteriormente, que discutissem quest�es como "se uma bola de cristal pudesse dizer a verdade sobre voc�, sua vida, seu futuro ou qualquer outra coisa, o que voc� gostaria de saber?"

Antecipadamente, a maioria dos participantes receava que as trocas de opini�es fossem muito constrangedoras — mas a conversa fluiu muito mais suavemente que eles haviam previsto.

Eles tamb�m sentiram maior senso de conex�o com seus parceiros de conversa��o que acreditavam ser poss�vel, o que foi seguido por uma atmosfera mais alegre ap�s a conversa. De forma geral, os participantes ficaram muito mais interessados nos pensamentos e sentimentos mais profundos dos seus parceiros de conversa��o que cada um deles havia imaginado inicialmente.

"Nessas conversas profundas, voc� tem acesso � mente da outra pessoa e consegue reconhecer que a outra pessoa realmente se preocupa com voc�", afirma Epley. E isso pode formar uma troca de palavras comovente, mesmo se voc� nunca mais encontrar aquela pessoa novamente.

5. Valorize a honestidade respeitosa e n�o a gentileza descuidada

Imagine por um momento que voc� seja levado a conversar com total honestidade em todas as suas intera��es sociais. Como voc� se sairia em seus relacionamentos?

H� alguns anos, Emma Levine, professora de ci�ncias do comportamento da Universidade de Chicago, e Taya Cohen, professora de comportamento organizacional da Universidade Carnegie Mellon (ambas nos Estados Unidos), decidiram transformar essa inspiradora experi�ncia em realidade.

Elas recrutaram 150 participantes, que foram divididos em 3 grupos. Pediu-se ao primeiro grupo que fosse "completamente honesto" em todas as conversas, em casa e no trabalho, pelos tr�s dias seguintes. O segundo grupo foi instru�do a ser gentil, cuidadoso e atencioso pelo mesmo per�odo, enquanto o terceiro grupo foi incentivado a comportar-se normalmente.

A maioria das pessoas imaginaria que o grupo gentil teria a melhor experi�ncia - enquanto o grupo honesto lutaria para manter seus relacionamentos. Mas os participantes honestos apresentaram o mesmo desempenho em avalia��es de prazer e conex�o social ao longo dos tr�s dias que os que foram instru�dos a ser gentis, muitas vezes encontrando muito significado nas trocas sociais.

"Aparentemente, isso seria horr�vel", conta Cohen. "Mas os participantes relataram que ficaram felizes por ter as conversas honestas, mesmo nos momentos dif�ceis."

Nos experimentos seguintes, Cohen pediu a pares de amigos, colegas ou c�njuges que se abrissem sobre quest�es pessoais - como a �ltima vez em que eles choraram ou problemas em seus relacionamentos atuais. Em todos os casos, a comunica��o honesta resultou ser muito mais construtiva que o previsto - e os benef�cios das revela��es sinceras sobre o bem-estar geral perduraram por pelo menos mais uma semana.

"Essas conversas tiveram efeitos positivos duradouros sobre os relacionamentos", afirma Cohen. "Foi uma experi�ncia valiosa."

� desnecess�rio ressaltar que a honestidade � mais bem recebida quando acompanhada de uma dose saud�vel de diplomacia. Cohen afirma que � preciso pensar cuidadosamente sobre o momento de emitir coment�rios, a forma como eles s�o expressos e se a pessoa ter� a oportunidade de fazer uso das informa��es.

"Cinco minutos antes do casamento, voc� n�o precisa dizer � noiva que a apar�ncia dela � terr�vel, certo?" N�o existe raz�o para ser inoportuno, mesmo se voc� achar que seus insultos s�o verdadeiros.

Ao praticar cada um desses cinco h�bitos, voc� dever� sempre estar consciente sobre o estado de esp�rito e o bem-estar da outra pessoa - e esteja preparado para se afastar quando as suas t�ticas de conversa��o n�o forem bem recebida. Mas, com um pouco de tato, sensibilidade e interesse verdadeiro pelas pessoas � sua volta, voc� pode frequentemente descobrir que o aumento das suas conex�es sociais est� facilmente ao seu alcance.

David Robson � escritor de ci�ncias residente em Londres. O seu pr�ximo livro, "O efeito da expectativa: como o seu pensamento pode transformar a sua vida" (em tradu��o livre do ingl�s) ser� publicado pela editora brit�nica Canongate/Henry-Holt no in�cio de 2022. Sua conta no Twitter � @d_a_robson.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC WorkLife.

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