
At� o momento, cinco est�o no Rio de Janeiro, seis em S�o Paulo e dois no Paran�. Outros tr�s casos est�o sendo analisados no Esp�rito Santo, Pernambuco e Santa Catarina. A causa ainda � desconhecida, e est� sendo investigada.
Doen�a � rara em crian�as
Segundo a infectologista Luana Ara�jo, ao contr�rio da hepatite cr�nica, a aguda tem curta dura��o. “A hepatite � uma inflama��o no f�gado. No caso da aguda, a doen�a pode durar semanas ou at� seis meses. Diferentemente da cr�nica, que, em muitos casos, o tempo � indeterminado", explica.
Ela explica ainda que a doen�a � rara em crian�as, pois, geralmente, os v�rus respons�veis por infect�-las costumam acometer o sistema respirat�rio, e n�o o f�gado.
“Em poucos casos, como o de crian�as imunossuprimidas, alguns v�rus podem atacar outros �rg�os, incluindo o f�gado. Por�m, normalmente, este �rg�o n�o � a predile��o desses agentes infecciosos durante a inf�ncia”, detalha a m�dica.
Al�m disso, Luana ressalta que, at� mesmo, as causas das hepatites, que costumam ocorrer em adultos — como as A, B, C, D e E —, n�o s�o comuns na popula��o pedi�trica.
“As hepatites A e B s�o prevenidas pela vacina��o, e isso reverbera na prote��o das crian�as, pois � muito raro v�-las com doen�as dessa natureza. J� a C, transmitida, majoritariamente, por compartilhamento de seringas ou outra forma de contato com o sangue contaminado, tamb�m � uma causa incomum na popula��o pedi�trica”, explica.
Tendo em vista a situa��o atual, a infectologista alerta que, mesmo que os n�meros sejam baixos em rela��o � escala global, os quadros que est�o se agravando, o que gera uma preocupa��o aos �rg�os de sa�de. “A caracter�stica que mais est� chamando a aten��o � o crescimento dos casos, pois, nos �ltimos 20 dias, houve um aumento de cinco vezes”, alerta.
Conforme Luana, como a maioria dos casos s�o leves, alguns sintomas podem estar despercebidos. “Por�m, um fator que chama a aten��o da comunidade internacional � a propor��o da gravidade, que � muito maior do que o esperado. Isso porque, 90% das crian�as com suspeitas de hepatite aguda grave precisaram ser internadas, e, dentro dessas interna��es, de 10% a 14% necessitam de transplante do f�gado”, completa.
Ela afirma que, nesse grupo, tamb�m h� uma preocupa��o na mortalidade. “A mortalidade � muito alta, podendo chegar a 3,1%. Ent�o, h� uma sensibilidade em perceber essas notifica��es, j� que existe uma propor��o grande de casos graves, que necessitam de implantes ou podem levar a �bito”, ressalta a infectologista.
Entre os sintomas est�o, assim como os casos comuns de hepatite, problemas gastrointestinais, como v�mito, diarreia e dores abdominais, e a mudan�a da esclera do olho, que costuma ficar amarelada. J� no �mbito laboratorial, h� uma altera��o na quantidade de enzimas do f�gado.
Luana explica que, at� o momento, n�o existe um tratamento espec�fico. “H� uma busca permanente em realizar os sintomas do paciente e estabiliz�-lo. Assim, evita-se que o quadro avance para um estado mais grave, e caso precise de um transplante hep�tico, o ecossistema da rede de transplantes esteja alerta e funcionante”, contou.
Quadro pode estar relacionado � COVID-19, e n�o a vacina
Mesmo sem a identifica��o da causa, a infectologista afirma que j� existem alguns direcionamentos.
“Inicialmente, houve uma preval�ncia muito grande de crian�as contaminadas pelo Adenov�rus 41. Por�m, nos casos em que foi poss�vel fazer uma bi�psia hep�tica, n�o havia nada relacionado ao v�rus nesses f�gados. Al�m disso, se trata de um agente bastante comum, respons�vel por provocar resfriado, e, por isso, n�o associado � causa de hepatite em crian�as saud�veis”, contou.
Luana explica que uma das hip�teses poderia ser complica��es provocadas pela COVID-19, j� que, segundo a literatura cl�nica, a doen�a pode alterar as enzimas hep�ticas. Por isso, a hepatite aguda grave poderia ser uma manifesta��o tardia do novo coronav�rus nessas crian�as.
“Algumas dessas crian�as tinham COVID aguda e hist�ria de contato com pacientes, n�o necessariamente confirmados, com a doen�a. Ent�o, estamos falando de uma popula��o vulner�vel e que tem muito contato com o v�rus”, disse.
Em rela��o ao que estava sendo circulado nas redes sociais, associando � vacina��o contra � COVID-19 os casos de hepatite aguda na popula��o pedi�trica, a infectologista descarta a hip�tese, j� que praticamente a sua totalidade n�o recebeu o imunizante.
“A vacina n�o tem absolutamente nada a ver com os casos, pois essas crian�as n�o foram vacinadas. E o adenov�rus 41 n�o tem nenhuma liga��o com o adenov�rus s�mil usado no imunizante contra � COVID-19, usado na maior parte dos lugares”, ressaltou.
Luana informa que, se a hepatite aguda grave pode ser provocada pelo novo coronav�rus, a forma de prevenir a popula��o pedi�trica � a vacina��o.
“As crian�as que s�o eleg�veis � vacina��o precisam ser vacinadas, j� que o imunizante reduz a chance de manifesta��o grave ligada � COVID, independentemente da faixa et�ria. N�o podemos condenar as crian�as por conta da irresponsabilidade dos adultos. ”, afirmou.
Conforme a infectologista, � muito importante que os pais entendam os benef�cios da vacina��o. “� dever dos respons�veis zelar pela vida e prote��o da crian�a. Todo o entorno dela deve ser seguro, ent�o, em casos de intera��es sociais, caso ela possa, � importante usar m�scara. Al�m disso, para proteger esse grupo vulner�vel, os adultos devem estar imunizados”, disse.
Entenda o caso
A Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) emitiu em 15 de abril alerta sobre os casos de hepatite fulminante em crian�as no Reino Unido. Desde ent�o, v�rios casos come�aram a ser notificados em mais de 20 pa�ses, como Espanha, Dinamarca, Argentina, Israel, Fran�a, It�lia, Noruega, Rom�nia e B�lgica.
Segundo o �ltimo balan�o divulgado pela OMS, no dia 1° deste m�s, pelo menos 17 crian�as precisavam de um transplante de f�gado desde o in�cio do surto. Al�m disso, h�, ao menos, 288 registros de hepatite misteriosa e uma morte.
A institui��o investiga a liga��o do acontecimento ao adenov�rus, que causa doen�as respirat�rias e gastrointestinais. O subtipo 41 da doen�a pode causar gastroenterites, o que desencadearia a hepatite.
Entretanto, a OMS tamb�m apura subst�ncias t�xicas, agentes ambientais, medicamentos para analisar se poderia ter alguma rela��o. H� tamb�m suspeitas de que a doen�a seria provocada por consequ�ncias da COVID-19.
*Estagi�ria sob supervis�o