
O tenente-coronel Edson Melo, 39 anos, ainda fica tenso ao relembrar do tiroteio que terminou com a morte de L�zaro Barbosa, 32, pr�ximo a um c�rrego que faz a divisa entre �guas Lindas e o Distrito Federal.
O policial militar do estado de Goi�s ficou � frente de uma equipe de oito PMs que cercou o assassino e colocou fim a uma das maiores ca�adas humanas da hist�ria da pol�cia brasileira, iniciada h� exatamente um ano, em 9 de junho de 2021, depois de um crime b�rbaro que assustou o pa�s.
Naquela madrugada, o caseiro invadiu uma casa, no Incra 9 de Ceil�ndia, e matou o empres�rio Cl�udio Vidal de Oliveira, 48, e os dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 31, e Carlos Eduardo Marques, 15. A matriarca da fam�lia, Cleonice Marques de Andrade, 43, foi sequestrada e encontrada morta e nua quatro dias depois, no C�rrego das Corujas, a 8km da resid�ncia onde morava.
As buscas por L�zaro duraram 20 dias e mobilizaram cerca de 300 homens e mulheres das for�as de seguran�a do DF e de Goi�s. Drones de alta tecnologia, helic�pteros com vis�o noturna, c�meras com sensor de calor e c�es farejadores foram alguns dos m�todos utilizados na tentativa de captura do serial killer. Ap�s cometer a chacina, o assassino deu in�cio a uma sequ�ncia de fugas e crimes: fez ref�ns, baleou tr�s pessoas em Cocalzinho (GO), roubou carros e invadiu ch�caras para cometer furtos.
L�zaro desafiava a pol�cia. Crescido e acostumado a viver em �rea de mata, o baiano conseguia se safar e se esconder facilmente em grutas, montanhas e c�rregos. Foram dias de uma ca�ada intensa, que fez com que alguns moradores de �guas Lindas, Cocalzinho e dos distritos de Edil�ndia e Girassol abandonassem suas casas por medo. Lotado na Superintend�ncia de Seguran�a do governador de Goi�s, Ronaldo Caiado, o tenente-coronel Edson contou, ao Correio, que pediu autoriza��o a Caiado para participar da opera��o uma equipe de oito policiais das Rondas Ostensivas T�ticas Metropolitanas (Rotam) de Goi�nia.
Com a aprova��o, Edson passou a integrar o aparato de centenas de policiais, em 17 de junho. "Eu estava incomodado sobre como as coisas estavam caminhando naquele momento. A pol�cia estava sendo massacrada, pela demora na captura e pela quantidade de policiais e o quanto aquilo custaria. At� que chegou um ponto que eu n�o conseguia mais dormir, ent�o tomei uma decis�o e reuni alguns colegas", destacou.
Assim que Edson e os oito policiais chegaram a Cocalzinho, na tarde do dia 17, optaram por sobrevoar a �rea em um helic�ptero para conhecer e analisar os pontos em que L�zaro teria passado. Naquele mesmo dia, o grupo entrou na mata. Um dia depois, agentes da for�a-tarefa fecharam o cerco e montaram barreiras em estradas, pois havia a suspeita de que o criminoso teria entrado em um chiqueiro em Girassol e fugido novamente para a vegeta��o.
O tenente-coronel conta que, em quatro dias, a equipe conseguiu identificar vest�gios deixados pelo assassino, como pegadas, materiais sujos de sangue, rem�dio e at� agulha e seringa. As pistas sugeriam que L�zaro estava ferido. Algumas habilidades do criminoso para despistar a pol�cia tamb�m foram identificadas.
Ele simulava dire��es, trocava de sapatos e chegou a posicionar vacas em um sentido para fugir para o outro, escondendo suas pegadas. "Decidimos procurar um mateiro da regi�o, que conheceu o L�zaro. Ele nos relatou que ele tinha um modo de agir. Por exemplo, atirava com as duas m�os, praticava crimes desde a adolesc�ncia e conhecia regi�es de mata como se fosse o quintal da casa dele", detalhou.
Ele simulava dire��es, trocava de sapatos e chegou a posicionar vacas em um sentido para fugir para o outro, escondendo suas pegadas. "Decidimos procurar um mateiro da regi�o, que conheceu o L�zaro. Ele nos relatou que ele tinha um modo de agir. Por exemplo, atirava com as duas m�os, praticava crimes desde a adolesc�ncia e conhecia regi�es de mata como se fosse o quintal da casa dele", detalhou.
O confronto
Em 28 de junho de 2021, as buscas pareciam n�o acabar. Dentro da mata, com fome, frio e sede, a equipe do tenente-coronel Edson recebeu uma informa��o importante que poderia levar ao desfecho da longa ca�ada. No mesmo dia, na madrugada, uma c�mera de seguran�a de uma casa registrou L�zaro saindo da mata e caminhando em uma rua, em �guas Lindas.
Antes disso, Edson montou um esquema e deu ordem aos policiais para que entrassem na mata � 0h. Mas, com a nova informa��o, foi preciso articular outro plano. "N�s nos energizamos novamente e eu pensei comigo mesmo: 'N�s vamos captur�-lo. J� t�nhamos em pr�tica o modus operandi dele e colocamos em pr�tica. N�o est�vamos nos baseando em informa��es externas, mas no que hav�amos identificado at� ent�o", detalhou.
Posicionados em um ponto estrat�gico, o comandante da equipe preparou um ponto de emboscada e dividiu as equipes em outros locais, para evitar situa��es de fuga. �s 8h30, os PMs fizeram uma nova varredura em uma �rea de dif�cil acesso, amontoada por p�s de bambu e planta��es altas.
"Chegou um momento que precisei decidir para qual lado ir�amos e, dentro da leitura do modo de agir dele, definimos seguir em uma dire��o. Eu me posicionei a cerca de 5km e cortamos o fio de arame da cerca para entrar com a viatura at� determinado ponto do mato", revelou Edson.
"Chegou um momento que precisei decidir para qual lado ir�amos e, dentro da leitura do modo de agir dele, definimos seguir em uma dire��o. Eu me posicionei a cerca de 5km e cortamos o fio de arame da cerca para entrar com a viatura at� determinado ponto do mato", revelou Edson.
Em pouco menos de 10 minutos, um dos policiais avistou um vulto. O momento foi de tens�o e a ordem era uma s�: avan�ar e capturar. Os enormes troncos de bambu impediam a vis�o n�tida dos PMs, que ouviram apenas uma pessoa falando a seguinte frase: "N�o vem que vou atirar na cabe�a de voc�s". Era ele, L�zaro Barbosa, a poucos metros da equipe. "N�s (policiais) fizemos um acordo e decidi: 'Verbalizar e atirar, vamos avan�ar e revidar a injusta agress�o."
Disparos
Nesse exato momento, uma aeronave da Pol�cia Militar sobrevoava a �rea em dire��o a Bras�lia para abastecer. Foi quando L�zaro se atordoou e se movimentou. "Quando olhei para frente, consegui ver a silhueta dele", diz o coronel.
Em uma dist�ncia de 8 metros, e com uma pistola e um rev�lver nas m�os, o criminoso efetuou diversos disparos contra os PMs. "Quando avan�amos, percebemos que a agress�o por parte dele havia cessado e entendemos que t�nhamos neutralizado aquela amea�a. Logo percebemos que ele havia rastejado e ca�do ao lado dos p�s de bambu", acrescentou. Durante o tiroteio, foram, ao menos, 125 tiros disparados pelos policiais. Mais de 60 acertaram L�zaro.
Em uma dist�ncia de 8 metros, e com uma pistola e um rev�lver nas m�os, o criminoso efetuou diversos disparos contra os PMs. "Quando avan�amos, percebemos que a agress�o por parte dele havia cessado e entendemos que t�nhamos neutralizado aquela amea�a. Logo percebemos que ele havia rastejado e ca�do ao lado dos p�s de bambu", acrescentou. Durante o tiroteio, foram, ao menos, 125 tiros disparados pelos policiais. Mais de 60 acertaram L�zaro.
O Correio esteve no local e conversou com o fazendeiro Reinaldo Rodrigues, 48. Ele estava em casa no momento que tudo ocorreu. "� noite, estava tendo uma intensa movimenta��o da pol�cia em viaturas e helic�pteros. Pela manh�, comecei a escutar muitos tiros. Foram incont�veis tiros. Est�vamos receosos, mas confesso que n�o senti medo", disse.
Ainda com vida, L�zaro foi encaminhado ao ponto que servia como base para as for�as de seguran�a e, em seguida, levado ao hospital. Um v�deo gravado por testemunhas mostrou o momento da chegada do criminoso. Ele � retirado de dentro da viatura e colocado em uma ambul�ncia.
Segundo o tenente-coronel, a aus�ncia de sinal telef�nico impediu o acionamento imediato do socorro ao local do confronto. "A sensa��o � de dever cumprido, de que tudo que fizemos, que passamos em treinamentos, foi colocado em prova e demos uma resposta � altura. As pessoas estavam sofrendo com isso. Sinto que fomos os respons�veis por restaurar a paz da popula��o de Goi�s", finalizou o policial.
Segundo o tenente-coronel, a aus�ncia de sinal telef�nico impediu o acionamento imediato do socorro ao local do confronto. "A sensa��o � de dever cumprido, de que tudo que fizemos, que passamos em treinamentos, foi colocado em prova e demos uma resposta � altura. As pessoas estavam sofrendo com isso. Sinto que fomos os respons�veis por restaurar a paz da popula��o de Goi�s", finalizou o policial.