
A Amaz�nia tem sido um imenso peda�o de terra abandonado pelos governos. A falta de um plano de desenvolvimento para estimular o potencial de gera��o de riquezas na regi�o, com os recursos naturais presentes, e o incentivo de um modelo econ�mico predat�rio, abre caminhos para a criminalidade ambiental, cujo narcotr�fico se ramifica.
Consequentemente, a viol�ncia se torna desenfreada, de 2011 a 2020 houve um salto de 47,3% nas mortes violentas intencionais (MVI) na regi�o, de acordo com o estudo Cartografias das Viol�ncias na Regi�o Amaz�nica, produzido pelo F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica (FBSP), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Grupo de Pesquisa Terra-UEPA (2021).
Consequentemente, a viol�ncia se torna desenfreada, de 2011 a 2020 houve um salto de 47,3% nas mortes violentas intencionais (MVI) na regi�o, de acordo com o estudo Cartografias das Viol�ncias na Regi�o Amaz�nica, produzido pelo F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica (FBSP), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Grupo de Pesquisa Terra-UEPA (2021).
O mapeamento fez um cruzamento de dados para entender se homic�dios na regi�o estavam conectados com crimes ambientais. Foi descoberto que queimadas ilegais, explora��o de madeira, garimpo e desmatamento est�o, na maioria, relacionados � grilagem de terras. Chega a 99,4% a quantidade de �reas que foram desmatadas na Amaz�nia Legal para pr�ticas criminosas. Isso porque terrenos com a floresta derrubada podem valorizar em at� 20 vezes na hora de fechar um neg�cio na localidade.
A quest�o � que a atividade ilegal favorece tamb�m o crescimento dos conflitos rurais. As amea�as, tentativas de intimida��o, extors�o, agress�es e assassinatos representam 62,4% dos casos. Enquanto nada � feito, quem mais sofre s�o os pr�prios ribeirinhos. Eduardo Maia Bettini, doutorando em Conserva��o de Florestas Tropicais pelo Instituto Nacional de Pesquisa Amaz�nica (INPA), esteve com as popula��es ribeirinhas da regi�o de Coari, no Amazonas, para realizar a pesquisa Estrat�gia de Componentes M�ltiplos e Seguran�a Multidimensional na Prote��o e Conserva��o da Floresta Amaz�nica. Ao questionar sobre a viol�ncia, descobriu que a maior parte da popula��o � pacata e aversa � viol�ncia que se instalou.
"S�o pessoas extremamente pacatas e que sofrem muito com a viol�ncia. Talvez uma desagrega��o do tecido social, por conta do isolamento e da falta de apoio provoque ali alguma falta, por exemplo, de uni�o entre as diferentes comunidades. Mas at� se tem o que chamam de pirata na �gua, eles deixam de navegar. Deixam de ir de uma comunidade para outra e isso vai enfraquecer a pr�pria cultura (ribeirinha)", pontuou.
Ind�genas
O Amazonas e o Par� s�o os estados que mais sofrem com o problema — os registros s�o de 44% para um e 31% para o outro, respectivamente. A viol�ncia contra os ind�genas que vivem nas regi�es tamb�m cresceu, o registro foi de 58.327 terras de fam�lias ind�genas invadidas, um aumento de 295% de registros nos �ltimos anos, com grande foco em 2020.
"Toda essa viol�ncia est� se agravando n�o s� pelo o que vemos, mas pelo o que sentimos em nossos territ�rios. Hoje, o Brasil � o quarto pa�s mais perigoso para ativistas ambientais e dos direitos humanos. Enquanto o n�vel de viol�ncia geral diminuiu, entre os ind�genas, aumentou. Desacreditamos na Funai h� muito tempo. A Funai, que deveria estar do nosso lado, parece que est� contr�ria a gente", argumentou a fundadora do Movimento da Juventude Ind�gena de Rond�nia, Txai Suru�.
Ela acredita tamb�m que a impunidade e a morosidade da Justi�a agrava o problema. "Temos n�o s� uma omiss�o, mas tamb�m um incentivo para que esses crimes ambientais aconte�am. Estamos criando uma cultura de impunidade e n�o conseguimos respostas", denunciou.
Sidney Possuelo, especialista em povos ind�genas isolados do Brasil, relembra que as terras ind�genas foram separadas pelo Estado para que os povos pudessem viver com seguran�a, mas tem havido o desrespeito constante. "Tudo favorece para que eles estejam contra (a legalidade), principalmente hoje porque tem dentro do pa�s, o Bolsonaro que est� na defesa dos vingadores das Terras Ind�genas."
* Estagi�ria sob supervis�o de Carlos Alexandre de Souza