
No encontro, realizado entre 7 a 10 de junho na Universidade Nacional Aut�noma do M�xico (UNAM), com o tema "Desigualdades na Am�rica Latina e Caribe", Dan apresentaria resultados da pesquisa "Conceito de Recreio Pand�mico," que desenvolve no Recreio dos Bandeirantes, na regi�o da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. As caracter�sticas e estrutura do bairro propiciam atividades recreativas em �reas abertas. Portanto, o pesquisadro captou os elementos ao longo da pandemia em seus diversos est�gios e confrontou com o direito � cidade.
O que seria uma viagem de troca de conhecimentos, tornou-se um pesadelo. Dan foi informado que deveria fazer uma solicita��o de visto com 30 dias de anteced�ncia � data do embarque, no dia 1º de junho. Ele conta que obedeceu todos os procedimentos indicados e os documentos requeridos -solicita��o de entrada no pa�s, passaporte, e cart�o de vacina��o - foram apresentados no embarque que ocorreu no aeroporto do Rio de Janeiro.
O voo contratado constava uma conex�o em Bogot�, Col�mbia, com uma espera de mais de 10 horas, per�odo que aproveitaria para um giro pela cidade. "O voo para Col�mbia atrasou 2h30 e algumas pesquisadoras que iriam para escala mais curta perderam o voo. E a solicita��o de entrada no M�xico expirava no dia primeiro, como a minha. Elas tiveram problemas e tamb�m foram deportadas."
Segundo Dan, ele embarcou rumo � Cidade do M�xico �s 23h e, neste momento, reapresentou todos os documentos � imigra��o colombiana sem qualquer problema, chegando � capital mexicana �s 3h40.
"Direcionados para imigra��o mexicana, os passageiros estrangeiros preencheram uma tarjeta, solicitada a todos os viajantes. Ao apresentar a documenta��o, a atendente informou que havia um problema na minha solicita��o e que eu poderia fazer renova��o e me direcionou a outro setor. Come�ava a� um processo coercitivo que jamais imaginei que passaria", conta Don.
"Direcionados para imigra��o mexicana, os passageiros estrangeiros preencheram uma tarjeta, solicitada a todos os viajantes. Ao apresentar a documenta��o, a atendente informou que havia um problema na minha solicita��o e que eu poderia fazer renova��o e me direcionou a outro setor. Come�ava a� um processo coercitivo que jamais imaginei que passaria", conta Don.
A partir desse momento, opesquisador foi impedido de tocar no celular e foi informado que o documento n�o era visto, portanto ele precisava carimbar o passaporte, o que poderia ser feito l� mesmo. "Mas comecei a desconfiar devido ao modo estranho que o grupo passou a ser tratado."
Sem celular, rel�gio, as horas passavam e ningu�m sabia o que estava acontecendo, at� ser entrevistado por um funcion�rio da imigra��o com as perguntas de praxe aos estrangeiros em qualquer pa�s. Informou que � funcion�rio p�blico no Brasil, que estaria participando de um evento e que ficaria hospedado na casa de amigos, informando o endere�o. O funcion�rio se desculpou e o conduziu de volta � sala. Durante a entrevista o funcion�rio utilizou um aplicativo tradutor no celular.
"De repetente um funcion�rio retorna com tr�s passaportes brasileiros, me chama e mais duas mulheres que n�o conhecia, nos separa e informa que est�vamos impedidos, e que a partir daquele momento n�o poder�amos mais ficar no M�xico. Separados por g�nero, fui para uma ala onde deixei os pertences. Mandaram tirar o cadar�o do t�nis e guardar todos os pertences e documentos dentro da mala", relatou o pesquisador.
Cela com outras dez pessoas
Muito emocionado, o professor disse que jamais imaginou passar por uma situa��o t�o vexat�ria. "Fui colocado em uma cela. Me dei conta que estava sendo colocado talvez em situa��o de imigrante ilegal. Tinha umas dez pessoas, com camas de a�o, colch�es de pl�stico, luz forte, sem tv, sem not�cia sem nada".
Em determinado momento uma atendente da imigra��o passou informando que seria permitido fazer uma �nica liga��o e, ao preencher um caderno com dados e hor�rio foi quando o grupo soube que j� era 8 horas da manha no hor�rio local.
"Tentei falar com as pessoas que me hospedariam mas n�o atenderam devido estar em tr�nsito para o trabalho. Acabei n�o conseguindo contato. Pedi para falar com a Embaixada Brasileira, porque precisava de uma media��o. Ele respondeu que n�o entraria no pa�s. Respondi que tudo bem, mas precisava de uma conversa sobre a situa��o com a representa��o de meu pa�s. Ele disse que a embaixada brasileira estaria fechada e abriria as 9h da manh� e que me chamaria neste hor�rio, me colocando de volta na cela sob guarda da pol�cia", recorda.
"Tentei falar com as pessoas que me hospedariam mas n�o atenderam devido estar em tr�nsito para o trabalho. Acabei n�o conseguindo contato. Pedi para falar com a Embaixada Brasileira, porque precisava de uma media��o. Ele respondeu que n�o entraria no pa�s. Respondi que tudo bem, mas precisava de uma conversa sobre a situa��o com a representa��o de meu pa�s. Ele disse que a embaixada brasileira estaria fechada e abriria as 9h da manh� e que me chamaria neste hor�rio, me colocando de volta na cela sob guarda da pol�cia", recorda.
Mas o grupo n�o conseguiu mais contato com os funcion�rios da imigra��o e os policiais da escolta diziam que nada poderiam fazer. At� que por volta do meio-dia serviram um lanche, e Dan e mais duas brasileiras foram conduzidas para a deporta��o.
"Fui tolhido de ter a media��o de uma representa��o consular e tratado em uma l�gica que n�o cabe a mim, pois n�o era imigrante ilegal. Tinha passagem de ida e volta. Ou agiram mediante a um crit�rio pessoal, algo que extrapola uma perspectiva baseada em algum rito, ou o campo de triagem deles � p�ssimo. Um pesquisador poderia ser facilmente identific�vel at� pela internet. Mandei posteriormente e-mail para embaixada brasileira e at� hoje n�o tive qualquer resposta. Isso j� no Brasil", disse.
As pessoas que o acolheriam no M�xico, quando deram conta que tinha chamada n�o atendida e ele demorando a dar not�cias, descobriram que havia um n�mero da imigra��o do aeroporto. Era um n�mero s� de emiss�o, n�o recebia chamadas. Eles ent�o ligaram os fatos e entraram em contato com a embaixada brasileira. O �rg�o informou, mais tarde, que o pesquisador n�o entrou no pa�s devido a problemas com visto.
Outra den�ncia
A professora do departamento de comunica��o social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Graziela Mello Vianna, tamb�m denunciou constrangimento sofrido por cidad�os brasileiros que viajaram ao M�xico no in�cio de junho.
Ela e um grupo passaram pela amea�a de terem a entrada negada. O grupo participou do evento ao qual Dan foi impedido por ter sido deportado.
Ela e um grupo passaram pela amea�a de terem a entrada negada. O grupo participou do evento ao qual Dan foi impedido por ter sido deportado.
Posi��o do goveno brasileiro
Em nota, o Minist�rio das Rela��es Exteriores do Brasil reconheceu problemas reclamados por v�rios brasileiros ao entrar no M�xico. Leia o texto na �ntegra:
"O Minist�rio das Rela��es Exteriores tem acompanhado com preocupa��o relatos de centenas de brasileiros atualmente impossibilitados, por quest�o t�cnica, de tramitar autoriza��o eletr�nica para ingresso no M�xico.
O Itamaraty solicitou, em alto n�vel, provid�ncias urgentes ao governo mexicano, por meio da Secretaria de Rela��es Exteriores, da Secretaria de Turismo e do Instituto Nacional de Migra��o, com vistas a resolver o problema.
O Brasil reitera a expectativa de que seja encontrada com urg�ncia solu��o definitiva para a quest�o, que prejudica centenas de turistas e empres�rios brasileiros."
O Minist�rio das Rela��es do M�xico n�o se manifestou at� o momento da publica��o desta reportagem.
O Minist�rio das Rela��es do M�xico n�o se manifestou at� o momento da publica��o desta reportagem.
Brasileiros presos no M�xico
Segundo a ag�ncia Carta Maior, h� 20 mil brasileiros presos na fronteira do M�xico com os EUA - a �nica fronteira, no mundo, entre o terceiro e o primeiro mundo. Por essa raz�o, o governo dos EUA imp�s o retorno do visto de entrada dos brasileiros no M�xico e o Brasil, em reciprocidade, tomou a mesma atitude para a entrada dos mexicanos aqui.
Para se ir ao M�xico, � preciso pedir o visto nos consulados, o que inclui a impress�o de um formul�rio, com foto recente, mais comprovantes de reservas de hot�is no M�xico, comprovante de rendimentos dos �ltimos tr�s meses, comprovante de pagamento de cart�o de cr�ditos nos �ltimos tr�s meses, entre outros documentos.
Uma vez entregues todos os documentos, os vistos ser�o concedidos, caso os documentos sejam aprovados em tr�s dias �teis. A circula��o entre os dois pa�ses mais importantes do continente fica submetida a esses tr�mites, a partir da decis�o do governo dos EUA.