
O m�dico Giovanni Quintella Bezerra, preso por ter sido filmado estuprando uma parturiente durante uma cesariana, na sala de parto, � investigado por ao menos mais cinco outras viol�ncias sexuais. A suspeita � da delegada B�rbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento � Mulher de S�o Jo�o de Meriti (Grande Rio), respons�vel pelo caso. A Justi�a do Rio de Janeiro manteve a pris�o preventiva do anestesista, detido no �ltimo domingo.
"S�o tr�s casos do dia 10 de julho — data em que foi feito o flagrante que provocou a pris�o —, mais tr�s que n�s ouvimos hoje (ontem), de pessoas que nos procuraram, uma at� de outro hospital. Contando com o que resultou no flagrante, s�o seis que investigamos", disse a delegada. Os epis�dios do �ltimo domingo ocorreram no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles, bairro de S�o Jo�o de Meriti, na Baixada Fluminense.
Segundo a policial, "os ind�cios (dos estupros do dia 10) s�o mais fortes, porque h� todo o relato da equipe de enfermagem, h� o v�deo que foi gravado no mesmo dia, na terceira cirurgia". A delegada tamb�m observou que a frieza de Quintella no momento da pris�o era porque ele tinha certeza de que jamais seria flagrado.
"At� ele saber da exist�ncia do v�deo, ele mostrava uma tranquilidade e simulava nem estar entendendo o que estava acontecendo. Ele perguntou o que se passava por saber que a a��o (sem as imagens) ficaria impune. Seria muito dif�cil, em outras circunst�ncias, dar cr�dito (�s den�ncias), infelizmente. Ele confiava que n�o seria punido", disse B�rbara.
Sussurros
Tr�s mulheres que fizeram cesariana com Quintella estiveram, ontem de manh�, na Deam, e compareceram � delegacia com beb�s no colo. Uma delas, uma t�cnica de radiologia de 30 anos, contou que deu � luz no dia 5 de junho, no Hospital da M�e, em Mesquita, na Baixada Fluminense, e que a cirurgia foi assistida pelo anestesista.
"O que me chamou a aten��o foi a anestesia geral. Tive outros dois filhos de cesariana e nunca havia tomado anestesia geral. Fiquei totalmente dopada. O Giovanni era o anestesista. N�o sei se aconteceu alguma coisa comigo, eu estava sedada, mas quando eu vi as imagens dele, me desesperei. Quando come�o a recordar, s� lembro da voz dele, o tempo todo falando baixinho no meu ouvido", relatou a mulher, cuja identidade vem sendo preservada.
Ela estava acompanhada pelo marido, que contou ter sido expulso da sala de parto pelo anestesista, embora a presen�a de um acompanhante no parto esteja prevista em lei desde 2005. "S� pude acompanhar o parto at� certo ponto. Depois, ele me mandou sair. Nunca tinha sa�do dos partos que participei antes. Ele s� sedou a minha esposa depois que sa�. � revoltante saber que isso pode ter acontecido com a esposa da gente. Estou mais tranquilo porque ele est� preso", disse o marido da t�cnica de radiologia.
Na �ltima segunda-feira, outra mulher que tamb�m teria sido v�tima do anestesista, no �ltimo dia 6, foi � delegacia acompanhada da m�e e do marido para prestar depoimento. A mulher contou que, muito dopada no momento do parto, "achava ter tido uma alucina��o". O marido dela tamb�m disse que foi impedido de acompanhar o parto por ordem do anestesista e que o reconheceu pelas imagens da tev� depois da pris�o.
Com a pris�o preventiva decretada, Quintella foi encaminhado ao pres�dio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericin�, zona oeste do Rio. O anestesista passou por audi�ncia de cust�dia ontem no pres�dio de Benfica, na zona norte da capital, para onde foi levado na �ltima segunda-feira.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) suspendeu, tamb�m ontem, o registro do anestesista. Dessa forma, ele fica impedido de exercer a medicina no estado.
"Em mais de 40 anos de profiss�o, n�o vi nada parecido. E o nosso comprometimento n�o acaba aqui. Temos outras etapas pela frente e tamb�m vamos agir com a celeridade que o caso exige", garantiu Clovis Munhoz, presidente do conselho.
A medida, segundo o Cremerj, "� um recurso para proteger a popula��o e garantir a boa pr�tica". Em paralelo, a entidade instaurou um processo �tico-profissional contra Quintella, que pode levar � cassa��o definitiva do registro de m�dico.
