
No terceiro dia de julgamento da pastora e ex-deputada federal Flordelis dos Santos, nesta quarta (9), sua filha afetiva Dayane Freires afirmou que Anderson do Carmo, pastor assassinado, abusava sexualmente de uma irm�.
A defesa de Flordelis, que � acusada de ser mandante da morte do marido, tem questionado todas as testemunhas sobre supostos abusos cometidos por Carmo como uma estrat�gia para justificar o crime, ocorrido em 2019.
Segundo o advogado Rodrigo Faucks, ele quer mostrar que o pastor era um predador sexual. A estrat�gia colocaria Flordelis como v�tima dos abusos, assim como suas filhas. As investiga��es, no entanto, n�o apontaram ind�cios a esse respeito.
Assim como ocorreu com outros filhos da pastora, o depoimento de Dayane tamb�m ocorreu por videoconfer�ncia, apesar de ela estar presente no f�rum de Niter�i, regi�o metropolitana do Rio. Ap�s ser questionada pela defesa da ex-deputada federal se j� havia presenciado algum abuso sexual praticado por Carmo, ela disse que sim.
De acordo com o seu relato, o pastor entrava � noite no quarto onde ela dormia e "alisava" uma irm�, identificada como Kelly. Dayane declarou que sugeriu � irm� contar o que ocorria para Flordelis.
"Ela me respondeu que j� tinha contado e que ouviu como resposta: 'Se a mulher est� ciente que o marido procura outra, n�o � pecado'", disse Dayane sobre o suposto di�logo entre Flordelis e Kelly.
O depoimento diverge do que afirmou a primeira testemunha do dia, Luana Pimenta, nora de Flordelis. Ao ser questionada pela defesa, ela negou ter ouvido relatos de abusos sexuais por parte da v�tima. "Se [o relato de abuso] n�o fosse tr�gico, seria c�mico, ele respeitava todo mundo como filhas", disse.
�nico registrado como filho de Flordelis e Anderson do Carmo, Daniel dos Santos de Souza foi outro a prestar depoimento nesta quarta. Ele foi ouvido na condi��o de informante, que diferentemente de testemunha, n�o tem a obriga��o de falar a verdade.
No in�cio da oitiva, Flordelis chorou muito e foi amparada por uma das advogadas de defesa. A pastora permaneceu de cabe�a baixa durante a maior parte do depoimento do filho, que tamb�m chorou ao contar sobre a noite da morte de Anderson do Carmo.
Questionado pelo Minist�rio P�blico, Daniel relatou que estava dentro do quarto, que ficava do lado de fora da casa, quando ouviu os disparos na garagem. "Teve um intervalo entre os tiros. Quando eu entrei na casa, ouvi minha m�e l� em cima gritando que mataram o marido dela. Ela estava no corredor do terceiro andar", relatou.
Ele tamb�m disse que viu quando o irm�o Fl�vio dos Santos Rodrigues estava perto do corpo do pai e pegou a mochila do pastor. Fl�vio foi preso no dia seguinte ao crime, no enterro do pastor. Ele foi condenado em outro julgamento sobre o caso a 33 anos de pris�o pelo homic�dio, mas, por ter confessado o crime, teve a pena reduzida para 29 anos, tr�s meses e 20 dias de pris�o.
� noite, o julgamento prosseguiu com o depoimento de Raquel Silva, neta da pastora. Ela afirmou que a av� fingia chorar no telefone quando recebia condol�ncias e presenciou a queima de documentos em uma fogueira ap�s o crime. Indagada sobre qual seria o lema da fam�lia, ela respondeu: "Negar at� a morte".
Outras 17 testemunhas s�o esperadas para depor nos pr�ximos dias.
O crime O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros na garagem da resid�ncia da fam�lia em Niter�i, na regi�o metropolitana do Rio de Janeiro, em 16 de junho de 2019.
Ele tinha 42 anos e morava com Flordelis e mais 35 filhos. Foram constatadas 30 perfura��es de bala em seu corpo.
As investiga��es indicaram que Flordelis come�ou a tentar matar o marido em maio de 2018, envenenando-o aos poucos, colocando ars�nico e cianeto na comida dele. A v�tima passou por hospitais no per�odo, com epis�dios de v�mito e diarreia.
A pastora, presa desde agosto do ano passado, � r� por suspeita de homic�dio triplamente qualificado -por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da v�tima-, tentativa de homic�dio, uso de documento falso e associa��o criminosa armada.
Ela nega todas as acusa��es e diz que os promotores que a acusam trabalham para desconstruir sua imagem "como ser humano, como pastora".
Tamb�m est�o no banco dos r�us tr�s filhos da pastora -Simone dos Santos Rodrigues, Andr� Luiz Oliveira e Marzy Teixeira, al�m de uma neta, Rayane dos Santos.