
O governo Lula (PT) declarou emerg�ncia em sa�de p�blica no �ltimo dia 20, ap�s o presidente receber imagens de ind�genas com quadro de desnutri��o grave. Ele fez uma visita a Roraima no dia seguinte, o que deu visibilidade � explos�o de casos de desnutri��o, doen�as associadas � fome (como diarreia e infec��es respirat�rias) e mal�ria no territ�rio yanomami.
Diz ainda que os ind�genas deveriam se articular para come�ar a explorar suas �reas, f�rteis em min�rios, e cita o exemplo dos cassinos instalados em reservas ind�genas nos EUA.
"Imagine voc� desempregado, pobre, passando fome, doente. Dentro da sua casa tem um quadro do Picasso que vale US$ 1 bilh�o. O que voc� faria? Venderia. A� pega o dinheiro e melhora sua qualidade de vida. Igual aos ind�genas americanos", diz ele, que conta ter visitado locais do tipo em Nova York.
"Os cassinos nos EUA ficam todos dentro de �rea ind�gena. Os hot�is de luxo pr�ximos a Nova York ficam todos dentro de �rea ind�gena. Os ind�genas ganham royalties", completa.
Denarium (que se chama Antonio Oliverio Garcia de Almeida e optou por agregar politicamente a alcunha que remete a dinheiro) diz que o peda�o de terra de Roraima � o mais rico do mundo —"tem a tabela peri�dica inteira"— e destaca um projeto de lei que tramita no Congresso que libera a explora��o agropecu�ria, mineral e hidrel�trica em �rea ind�gena, desde que com a concord�ncia das comunidades.
Roraima
Apontado como aliado do garimpo, Denarium afirma que h� 50 mil fam�lias que dependem dele em Roraima e que n�o podem ficar desempregadas. Ele contesta que a atividade esteja prejudicando a sa�de dos yanomamis com o argumento de que h� desnutri��o ind�gena em locais sem garimpo.
A respeito de projeto de lei que sancionou para proibir a destrui��o de equipamentos apreendidos do garimpo ilegal, ele diz que a ideia n�o era favorec�-los, mas repassar as m�quinas para agricultura familiar, possivelmente aos pr�prios ind�genas, ainda que isso n�o constasse no texto.
"Quando fala de desnutri��o, tem no Brasil inteiro. Se for em S�o Paulo, tem crian�as com desnutri��o. E estou falando da popula��o normal, n�o-ind�gena. Se for na Bahia, que tem estrada e tudo, eles moram praticamente dentro da cidade. Eu estava vendo reportagem sobre �ndios Patax� com desnutri��o. Aqui em Roraima, 80% dos ind�genas j� s�o aculturados, ou seja, tem um bom conv�vio e relacionamento com os brancos", afirma.
"A Cufa [Central �nica das Favelas] est� entregando cestas de alimentos aqui. Voc� v� nas filas, nos v�deos que eles publicam, n�o tem nenhum desnutrido. Todo mundo bem arrumadinho, tudo certinho. O problema � localizado, n�o � generalizado", completa.
Denarium diz que a responsabilidade de sa�de das comunidades ind�genas, especialmente isoladas, � do governo federal. "Tenho 260 escolas em comunidades ind�genas. Eles querem ser advogados, professores, m�dicos. Eu acho correto. Eles [ind�genas] t�m que se aculturar, n�o podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho. Eles t�m que estar l� com condi��o, com estrada, escola, posto de sa�de, fazendo agricultura deles, produzindo macaxeira, farinha", defende.
O governador de Roraima lista o que considera seus principais feitos para os ind�genas: um programa de compra de produtos da agricultura familiar cultivados pelos ind�genas que destina os alimentos para eles mesmos, abriu concursos para professores ind�genas, mandou reformar mais de 80 pontes e recuperou milhares de quil�metros de estradas em �reas ind�genas. Por isso, diz, venceu as elei��es em 2022 em todos os munic�pios com comunidades ind�genas.
Denarium diz que n�o � radical e que, por exemplo, condena as invas�es de 8 de janeiro �s sedes dos Tr�s Poderes, em Bras�lia. Se fosse radical, diz, n�o teria participado dos encontros com Lula e com seus ministros nas �ltimas semanas. Segundo ele, a ideologia pol�tica, direita ou esquerda, n�o importa, o crucial � que a pol�tica "funcione para o povo".
Ele afirma ter conversado com Lula por aproximadamente 20 minutos durante a passagem do presidente pelo estado na semana retrasada. Denarium diz ter utilizado esse tempo para dar um mapa dos problemas do estado para o petista: sa�de ind�gena, garimpo e os cerca de 300 venezuelanos que entram em Roraima por dia, em m�dia. Os tr�s grupos somam 40% da popula��o local, calcula Denarium.