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Estado de Minas SU�STICA

Ataque a escola: adolescentes s�o mais vulner�veis a ideologias extremistas?

Ataques violentos em escolas t�m aumentado desde o in�cio dos anos 2000


13/02/2023 17:51 - atualizado 14/02/2023 09:54


Jovem que tentou explodir bomba em escola usa suástica no braço
(foto: Guarda Civil/Divulga��o)

Um jovem de 17 anos foi detido pela pol�cia ap�s arremessar uma bomba caseira pela janela de uma escola na manh� desta segunda-feira (13/02), em Monte Mor, cidade no interior de S�o Paulo.

O artefato danificou materiais de um banheiro, mas ningu�m ficou ferido.

O adolescente usava uma bra�adeira com a su�stica, s�mbolo ligado ao nazismo, e foram encontrados outros materiais alusivos � ideologia extremista em sua casa, al�m de uma arma de airsoft.

Na avalia��o da psiquiatra Danielle Admoni, os adolescentes s�o muito mais suscet�veis a discursos extremistas que podem os colocar — e outras pessoas — em risco.

"Eles n�o t�m todos os circuitos cerebrais formados e nem a experi�ncia que os adultos t�m. Em paralelo, h� uma necessidade em se identificar com grupos — � parte da sua sobreviv�ncia social dentro do ambiente em que vivem", aponta Admoni, que atua no Hospital da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo) e � especialista em inf�ncia e adolesc�ncia.

"Isso faz com que eles sejam mais vulner�veis a embarcar em ideias para se sentirem aceitos, inclusive a aceitar ideologias extremas — independentemente do espectro pol�tico — em situa��es que n�s adultos j� identificamos como algo que passa dos limites. � um conjunto que os coloca com maior predisposi��o de se colocar em situa��es de risco."

O soci�logo Cezar Bueno de Lima, pesquisador da viol�ncia em escolas e professor dos cursos de Ci�ncias Sociais da PUCPR (Pontif�cia Universidade Cat�lica do Paran�), complementa que, na vis�o dele, a crescente manifesta��o de ideias antidemocr�ticas no Brasil influencia na nos ataques e tentativas de atentados que o pa�s tem registrado nos �ltimos anos.

"N�o h� d�vidas de que os adolescentes s�o suscet�veis � sociedade no modo geral. Existe uma tend�ncia polariza��o pol�tica e externaliza��o da viol�ncia no mundo, e o Brasil n�o � indiferente a isso. N�o t�nhamos experi�ncia de valores antidemocr�ticos na nossa hist�ria recente, e esse movimento � parte desse processo de viol�ncia, um discurso ao qual parte dos alunos acabam aderindo."

Ataques violentos nas escolas t�m aumentado

Um documento divulgado recentemente, produzido no �mbito da transi��o governamental para a gest�o Lula-Alckmin por Daniel Cara, professor da Faculdade de Educa��o da Universidade de S�o Paulo e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito � Educa��o ao lado de outros pesquisadores, re�ne dados alarmantes sobre a viol�ncia no ambiente escolar.

O documento lembra o epis�dio do dia 25 de novembro, no qual �s comunidades escolares da Escola Estadual de Ensino Fundamental e M�dio Primo Bitti e do Centro Educacional Praia de Coqueiral, localizadas no munic�pio de Aracruz (Esp�rito Santo), foram v�timas de ataques que resultaram em 4 mortes e 12 feridos.

"O autor dos atentados, um adolescente de 16 anos, tinha sido mobilizado pelo extremismo de direita. Infelizmente, a trag�dia de Aracruz n�o foi um caso isolado no Brasil. Desde o in�cio dos anos 2000 j� ocorreram 16 ataques, dos quais 4 aconteceram neste segundo semestre de 2022. Ao todo, 35 pessoas perderam suas vidas e 72 sofreram ferimentos."

Antes do in�cio dos anos 2000, aponta o levantamento, n�o havia registro deste tipo de ataques. Desde ent�o, o Brasil registrou:


  • 16 ataques, dos quais 4 aconteceram no segundo semestre de 2022;
  • 35 v�timas fatais;
  • 72 feridos.

Em 2021, a cada dia, sete crian�as ou adolescentes foram v�timas de viol�ncia letal.

A arma � respons�vel por 50% das mortes entre crian�as, e entre os adolescentes o n�mero chega a 88%.

A cada 60 minutos uma crian�a ou adolescente morre no Brasil em decorr�ncia de ferimentos por arma de fogo, conforme o "Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica" de 2022.

Um levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que, em metade dos ataques contra escolas as armas vieram das casas dos atiradores, seja por se tratar de armas registradas por CACs, seja por uso de armas pertencentes a policiais.


Criança encontra pistola em gaveta de casa
Ataques violentos em escolas brasileiras come�aram a se intensificar nos anos 2000 (foto: Getty Images)

Quais as caracter�sticas dos criminosos e quem s�o seus alvos

Casos de ataques com armas de fogo nas escolas praticados por alunos e ex-alunos, em geral, s�o normalmente associados ao bullying e situa��es prolongadas de exposi��o a processos violentos, incluindo neglig�ncias familiares, autoritarismo parental e conte�do disseminado em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagem, afirma o levantamento.

"Os cooptados pelo discurso de extrema-direita s�o majoritariamente adolescentes brancos e heterossexuais, e a misoginia exerce um papel crucial no processo. N�o � toa, mulheres s�o alvos frequentes de atiradores em massa."

O estudo mostra que os meios e m�todos pelos quais os jovens s�o atra�dos incluem uso de humor; uso de est�tica e linguagem violentas como a linguagem da machosfera; trollagem; uso de jogos online; uso de imagens de ataques e compartilhamento de manifestos de atiradores como m�todo de propaganda.

"Os alvos do ataque passam por uma dimens�o ideol�gica. Os agressores demonstram intoler�ncia por ra�a, g�nero, e pela comunidade LGBTQIA+", afirma o professor da PUCPR.

Como educadores e pais podem contribuir para solu��o

"� certo que a fam�lia j� n�o tem mais o monop�lio de imposi��o de valores, mas continua sendo fundamental no contexto de 'espelho' aos jovens. Muitos expressam o que vivenciam no n�cleo familiar ou no bairro onde est�o inseridos. Em uma fam�lia que preza democracia, liberdade e respeito �s diferen�as, admite os conflitos mas n�o usa a viol�ncia, � mais dif�cil que o adolescente queira expressar a viol�ncia com grau de letalidade", aponta Lima.

O documento criado pelo educador Daniel Cara e pesquisadores parceiros aponta que h� urg�ncia em fazer com que profissionais da educa��o recebam forma��o para identificar altera��es de comportamento dos jovens.

"Entre essas mudan�as cabe destacar eventos como interesse incomum por assuntos violentos e atitudes violentas, recusa de falar com professoras e gestoras mulheres, agressividade e uso de express�es discriminat�rias, e exalta��o a ataques em ambientes educacionais ou religiosos."

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg3y8pw22v1o


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