
Rom�rio levou pena mais pesada: foi eliminado (banido) do futebol e levou multa de R$ 25 mil, com base no artigo 242 do C�digo Brasileiro de Justi�a Desportiva (CBJD). O texto prev� condena��o a quem der ou prometer vantagem indevida a qualquer atleta para influenciar resultado da partida ou equivalente.
J� Gabriel Domingos foi condenado a 720 dias [praticamente dois anos] de suspens�o, al�m de levar uma multa de R$ 15 mil. A pena � baseada no artigo 243 do CBJD, que � "atuar, deliberadamente, de modo prejudicial � equipe que defende".
As decis�es s�o pass�veis de recurso, j� que o julgamento foi em primeira inst�ncia.
Segundo as investiga��es, Rom�rio atuou como intermedi�rio para cooptar jogadores dispostos a cometer p�nalti no jogo contra o Sport, pela �ltima rodada da S�rie B 2022.
Domingos entrou no caso porque chegou a dizer aos apostadores que cometeria um p�nalti, algo que n�o se concretizou. Ele n�o entrou em campo na partida em quest�o, mas recebeu um adiantamento de R$ 10 mil - R$ 5 mil seriam para ele e outros R$ 5 mil para Rom�rio.
"O atleta Marcus Vin�cius cometeu as infra��es disciplinares quando ele aceita e promete a terceiros a vantagem em desprest�gio � pr�pria agremia��o e, sobretudo, � lisura do futebol. Est�o satisfatoriamente provadas a pr�tica e a autoria. Ele infringiu, sim, o que est� disposto nos artigos do CBJD", disse Miguel Can�ado, auditor relator do processo na 1ª Comiss�o Disciplinar do STJD.
Como foi o julgamento
Os auditores usaram como base as provas colhidas pelo Minist�rio P�blico de Goi�s (MPGO), como resultado da Opera��o Penalidade M�xima, e ouviram depoimentos de alguns dos envolvidos. A sess�o demorou cerca de quatro horas.Rom�rio e Gabriel foram alvos j� na primeira fase, em eventos que desencadearam os passos seguintes dos promotores. As provas iniciais foram colhidas em novembro do ano passado, pelo presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que posteriormente acionou o MP.
O primeiro denunciado a depor foi Marcus Vin�cius (Rom�rio), que admitiu o envolvimento no esquema, no sentido de cooptar jogadores para cometerem os eventos necess�rios para a combina��o das apostas. A maioria dos jogadores - William Formiga, Jean Martim e Riquelme - n�o topou.
Rom�rio alegou que as conversas mantidas com aquele que o MP apontou como chefe do esquema, Bruno Lopez, foram para ludibriar o apostador.
"Um certo dia o Bruno me mandou mensagem para eu passar o n�mero do pessoal do Vila, de algum jogador que iria jogar. A� eu passei e ele falou com o Gabriel Domingos. Mas no dia do acontecido eu nem podia jogar. Gabriel Domingos e eu agir�amos na malandragem com Bruno Lopez, que foi pegar o dinheiro e n�o devolver inicialmente para ele", disse Rom�rio.
Presente no plen�rio do STJD, Domingos sinalizou negativamente com a cabe�a, como se discordasse da vers�o do ex-companheiro de time.
Rom�rio disse ainda que devolveu aos apostadores os R$ 10 mil que foram pagos pelos operadores antecipadamente, via conta banc�ria do Gabriel Domingos.
Gabriel Domingos disse que em momento algum tinha inten��o de cometer o p�nalti, apesar de ter dito aos apostadores que o faria.
Um detalhe na hist�ria era que a aposta previa que houvesse um p�nalti ainda no primeiro tempo. Mas Domingos come�ou o jogo no banco.
Segundo o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que foi uma das testemunhas, o calend�rio da Copa Verde mexeu com o planejamento da escala��o do jogador.
"Havia expectativa de o Domingos jogar durante a semana. S� mudou porque foi remarcada a decis�o da Copa Verde.
Como a gente n�o tinha pretens�o no Brasileiro, ir�amos com a reserva no Brasileiro e a titular no domingo. Com a mudan�a da data da Copa Verde, houve um novo planejamento, a gente mesclou a equipe e perdeu a expectativa de jogar", contou o dirigente no julgamento.
Por outro lado, Gabriel Domingos disse que cedeu sua conta banc�ria para que o dinheiro adiantado pelos apostadores fosse depositado porque Rom�rio alegou que tinha um problema na conta dele.
Domingos afirmou ainda que devolveu o dinheiro - repassando o montante a Rom�rio - antes do jogo contra o Sport.
A advogada do jogador, Luci Meirelles, tentou desconectar as a��es de Gabriel dos artigos nos quais ele foi denunciado no STJD.
"A pena de se ver sentado no banco dos r�us: � isso que esse menino tem vivido a cada dia. A acusa��o dele se v� atrelada ao Marcus Vin�cius. Mas ele n�o � o autor das mesmas situa��es mirabolantes. Mas n�o �. Foi errado, o dinheiro passou pela conta dele, mas n�o � a mesma participa��o", disse ela, que acrescentou:
"Ele tamb�m n�o intermediou. Ele foi a pe�a colocada pelo Marcus. Ele n�o atuou de forma deliberada para prejudicar a equipe que defende. Em rela��o ao Gabriel, p�nalti, cart�o, o que for, n�o saiu do mundo das ideias. Ele sabia que n�o iria jogar".
Em parte, esse esfor�o da defesa funcionou, j� que Gabriel Domingos recebeu pena menor do que Rom�rio. Mas vai ficar afastado do futebol por dois anos.
Outro julgamento
O STJD julgar� na quinta-feira, em primeira inst�ncia, outros oito jogadores, todos citados na segunda fase da Opera��o Penalidade M�xima. Os oito - Eduardo Bauermann (Santos), Moraes (ex-Juventude), Gabriel Tota (ex-Juventude), Paulo Miranda (ex-Juventude), Igor Cari�s (ex-Cuiab�), Matheus Gomes (ex-Sergipe), Fernando Neto (ex-Oper�rio) e Kevin Lom�naco (Red Bull Bragantino) - j� est�o suspensos preventivamente pelo tribunal.