(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas RISCO

Amaz�nia: 20% dos peixes vendidos t�m alta concentra��o de merc�rio

Os animais provinham de 17 munic�pios em seis estados que contam com territ�rio na floresta amaz�nica: Acre, Amap�, Amazonas, Par�, Rond�nia e Roraima


30/05/2023 11:11 - atualizado 30/05/2023 11:41
438

Amostra de peixe sendo coletada por técnicos da Fiocruz
As an�lises de todos os pescados indicaram que 21% deles continham mais merc�rio do que o aceit�vel (foto: Fiocruz/Reprodu��o)
Uma nota t�cnica publicada nesta ter�a-feira (30) concluiu que peixes vendidos em seis estados da regi�o amaz�nica apresentavam quantidade de merc�rio superior ao preconizado. O cen�rio causa problemas para os animais e tamb�m para os humanos: os pescados s�o contaminados nas �guas, normalmente pela a��o do garimpo ilegal, e, ao consumi-los, a popula��o tamb�m se contamina.

O merc�rio � usado no garimpo na busca do ouro. Sem os cuidados devidos, ele � despejado nos rios e ali se acumula. � tamb�m no ambiente aqu�tico que o merc�rio pode virar o metilmerc�rio, subst�ncia neurot�xica e que passa entre seres vivos na cadeia alimentar. Ou seja, a subst�ncia se acumula � medida que os animais se alimentam de outros seres j� contaminados.

Por isso, o metilmerc�rio � de alto risco, afirma Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz e um dos autores da nota t�cnica. "A gente considera a forma mais t�xica para o ser humano." Para efeitos da pesquisa, realizada por diversas organiza��es, como ISA (Instituto Socioambiental), Fiocruz e Greenpeace, todas as detec��es de merc�rio foram consideradas metilmerc�rio.

No total, 1.010 amostras de pescados carn�voros e n�o carn�voros passaram por an�lise em laborat�rio. Os animais provinham de 17 munic�pios em seis estados que contam com territ�rio na floresta amaz�nica: Acre, Amap�, Amazonas, Par�, Rond�nia e Roraima.

As an�lises de todos os pescados indicaram que 21% deles continham mais merc�rio do que o aceit�vel: o m�ximo recomendado pela Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) � 0,5?g (micrograma) a cada grama.

"Nosso objetivo foi coletar peixes que s�o vendidos normalmente em feiras livres, em mercados municipais ou diretos das m�os de pescadores de modo a mostrar para a sociedade que o problema da contamina��o do merc�rio n�o est� restrito a povos ind�genas ou a outros povos tradicionais", afirmou Basta.

Algumas cidades registraram um baixo percentual de peixes com concentra��es altas, como Mara�, no Amazonas, onde somente 2% dos pescados ultrapassaram o m�ximo indicado.

Enquanto isso, outros munic�pios apresentaram �ndices bem mais altos: em Santo Isabel do Rio Negro e em S�o Gabriel da Cachoeira, tamb�m no Amazonas, metade dos animais estavam com uma quantidade perigosa de merc�rio.

A varia��o tamb�m � vista entre os estados. Basta explica que isso ocorre por causa dos fatores associados � pr�pria presen�a do merc�rio nos rios. Por exemplo, como a subst�ncia � lan�ada principalmente pelo garimpo, locais com maiores �ndices dessa atividade podem apresentar um n�mero superior de peixes contaminados.

Esse � o caso de Roraima. No estado, est� presente boa parte do territ�rio yanomami, que sofre com a presen�a do garimpo. Quando se olha para o �ndice de pescados com alta concentra��o de merc�rio, o estado � o que conta com o maior valor entre todos os seis analisados: 40% dos animais tinham marca superior ao que � indicado.
 

Em humanos

Al�m de medir o merc�rio presente nos animais, outra parte do estudo considerou a ingest�o dele no corpo humano ao consumir os peixes.

Para isso, uma das vari�veis foi o peso da popula��o, contando com informa��es de 2008 da POF (Pesquisa de Or�amento Familiar) do IBGE. Com esse dado, foi poss�vel ter uma m�dia do peso de quatro grupos pr�-definidos: mulheres em idade f�rtil, homens adultos, crian�as de 5 a 12 anos e pequenos entre 2 e 4 anos.

Isso � necess�rio porque � preciso dividir a ingest�o m�dia de merc�rio di�ria com o peso da pessoa -nesse caso, a m�dia de peso do grupo. Ent�o, se o valor di�rio for de at� 0,1?g de merc�rio a cada 1 kg, est� dentro do aceit�vel para a Ag�ncia de Prote��o Ambiental dos EUA (US-EPA). Sen�o, a popula��o est� em risco.

A pesquisa tamb�m estimou a quantidade de peixes consumida e, possivelmente, de merc�rio. Primeiro, um relat�rio de 2011 foi considerado para estimar a quantidade de pescados ingeridos pela popula��o em ambientes urbanos da Amaz�nia -esse n�mero foi de cerca de 100 g por dia. J� para o merc�rio, os pesquisadores consideraram o pressuposto de que 80% do que � consumido da subst�ncia � absorvido pela pessoa.

Ent�o, cruzando os dados da contamina��o dos peixes por estado com as informa��es de peso e consumo di�rio, foi poss�vel calcular se a ingest�o ultrapassava ou n�o o valor recomendado de at� 0,1 ?g por 1 kg a cada dia.

Crian�as de 2 a 4 anos no Acre, por exemplo, apresentaram a maior taxa de consumo da subst�ncia: 3,15. Ou seja, � como se elas estivessem consumindo 35 vezes mais o m�ximo recomendado. O dado � mais cr�tico porque esse grupo � um dos de maiores riscos para a subst�ncia.

Por outro lado, o menor registro foi entre homens adultos no Amap�. Com uma taxa de 0,17, esse grupo ultrapassou levemente o preconizado pela US-EPA. "Mesmo em regi�es onde a contamina��o n�o foi t�o grande, a depender da quantidade de peixe consumido, pode ultrapassar o n�vel de merc�rio m�ximo recomendado", resumiu Bata.

Como resolver

Para o pesquisador, a resolu��o do problema envolve diversas �reas do governo. Uma delas � o combate ao garimpo, j� que ele � o principal causador da contamina��o dos rios.

"Assim como est� acontecendo na terra ind�gena yanomami, que est� tendo uma for�a-tarefa do governo federal para retirar os garimpeiros de l�, esse mesmo processo tem que ser estendido a outras �reas da Amaz�nia que est�o conflagradas pela presen�a de garimpos ilegais", diz.

Al�m dessa, outras medidas s�o monitorar �reas contaminadas para mitigar o impacto, oferecer aux�lio aos pescadores que podem sofrer dificuldades financeiras por n�o comercializar mais peixes contaminados e fiscalizar os peixes para barrar a comercializa��o daqueles contaminados.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)