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Estado de Minas INTERNET

Brasileiro conversa com russos em chat online e viraliza

O carioca Thiago de Melo aprendeu russo sozinho e faz sucesso na internet mostrando conversas com falantes nativos


01/08/2023 13:55 - atualizado 01/08/2023 14:42
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Thiago de Melo Silva, rapaz negro de 22 anos olha para a câmera enquanto usa fones de ouvido
Thiago de Melo, de 22 anos, diminuiu a dist�ncia entre o Rio de Janeiro e a R�ssia ao aprender sozinho a l�ngua eslava. (foto: Redes Sociais / Reprodu��o)
 
Thiago de Melo, de 22 anos, diminuiu a dist�ncia entre o Rio de Janeiro e a R�ssia ao aprender sozinho a l�ngua eslava. Para treinar, o rapaz de 22 anos recorreu aos chats virtuais, viralizando com suas conversas com falantes nativos.

Mas, entre os v�deos mais assistidos nos perfis de Thiago, est�o aqueles em que russos reagem com surpresa ao ver um rapaz negro na tela, o que revoltou muitos dos seguidores do brasileiro, que apontam racismo na intera��o.

O preconceito � muito comum, principalmente em cidades menores. Mas, muitas vezes, quem mora longe dos grandes centros da R�ssia simplesmente nunca viu um negro antes. Eles reagem gritando tamb�m porque n�o sabem como � conversar com uma pessoa de outro pa�s quando ela � negra."

Thiago de Melo, 22, dono do canal "Vem a mim l�ngua russa"

A MISTURA DO BRASIL COM A R�SSIA


O influenciador, que tamb�m fala ingl�s, escolheu aprender o russo depois de meses dividido entre outras l�nguas.
 

Com apenas 17 anos, em abril de 2018, Thiago sentiu vontade de se desafiar em um idioma mais distante do portugu�s, se aproximando do russo por causa do parkour —um exerc�cio que envolve um circuito com obst�culos.

Praticante da modalidade, o jovem brasileiro tinha atletas russos como alguns de seus �dolos.

"O que me jogou para o russo foi poder estudar com eles, mesmo que pela internet, e entender por que eles s�o t�o bons no parkour", afirma.

J� o que fez Thiago persistir ainda mais no aprendizado foram os resultados de seus v�deos mostrando sua jornada. O rapaz demorou dois anos e meio para virar fluente na l�ngua russa, criando uma "bolha" para mergulhar nas m�sicas, filmes e s�ries do pa�s.

"Eu comecei a fazer v�deos no YouTube, porque achava que a melhor forma de aprender russo era ensinando. Eu gravava e explicava meus m�todos e estimulava as pessoas a tentar. As pessoas come�aram a pedir dicas e, depois, aulas. Ent�o passei por todas essas etapas", detalha.

"� UM PA�S 8 OU 80: VOC� VAI APANHAR OU SER UMA ESTRELA"

Como v�rios influenciadores, Thiago logo decidiu diversificar seu conte�do, entrando de cabe�a no Omegle —um chat online gratuito que permite que usu�rios conversem com pessoas de todo o mundo, levando em conta seus interesses.
 

"Fiz isso procurando saber mais sobre eles e para que os brasileiros tenham compreens�o de como s�o as intera��es entre um brasileiro e um russo", conta o rapaz.

Apesar das experi�ncias negativas em alguns dos encontros, o brasileiro afirma que nunca pensou em desistir das grava��es.

"Sei que existem pessoas ruins e boas em todo o mundo. Tento sempre olhar pelo lado positivo e conversar com quem me agrada. Os racistas eu simplesmente pulo", afirma Thiago.

"Eu ouvi hist�rias de pessoas que simplesmente apanharam por ser negras. J� outros russos s�o totalmente o contr�rio: pedem para tirar foto, querem aut�grafo e tentam se comunicar. Ent�o eu considero que � um pa�s 8 ou 80: ou voc� vai apanhar por ser negro, ou vai ser uma estrela."

Na internet, o brasileiro j� fez amigos e ganhou convites para visitar a R�ssia e, at� mesmo, a Ucr�nia. A covid-19 e a guerra entre os dois pa�ses adiaram os planos de Thiago, mas ele ainda sonha com a visita —com a ideia de expandir o roteiro para Belarus, Ge�rgia e Cazaquist�o.

"ACHAVA QUE PRA APRENDER TINHA QUE SER UM G�NIO

Apesar de ter "estreitado la�os" com o russo apenas na adolesc�ncia, a rela��o de Thiago com o idioma come�ou ainda na inf�ncia.

Aos 10 anos, o jovem "conheceu" um poliglota por uma mat�ria de televis�o. Apesar de n�o ter registrado o nome do homem, os idiomas que ele falou marcaram a mente do menino.

"Ele falou grego, espanhol, italiano, alem�o e at� mandarim, mas quando chegou no russo foi o idioma que eu mais gostei. N�o sei se posso dizer que foi amor � primeira vista, mas foi o que me tocou mais", afirma.
 

Apesar do interesse instant�neo, a dist�ncia entre o russo e o portugu�s fez com que o menino n�o acreditasse que poderia aprender o idioma, esperando v�rios anos para retomar o sonho.

Eu lembro que pensei naquela �poca: 'que legal esse idioma, s� que para aprend�-lo voc� tem que ser um g�nio'. Eu n�o me considerava um g�nio —e n�o me considero at� hoje— mas foi por isso que deixei de lado a ideia, apesar de a semente ter sido plantada."

Antes de se aventurar no russo, Thiago tentou estudar franc�s e espanhol, mas a proximidade maior com a l�ngua materna n�o foi suficiente para ajud�-lo a aprender. O baiano destaca que a disciplina foi o principal ingrediente para conseguir sucesso com as outras l�nguas —e o que faltou para aprender as outras.

"Acho que n�o consegui por falta de interesse. Para ter um bom resultado � necess�rio dedica��o e motiva��o pra seguir, porque � um investimento de anos, com muito esfor�o di�rio", opina.

No caso do russo, o influenciador pesquisou in�meros m�todos de ensino, inspirado por v�rios poliglotas, e foi unindo aos poucos o que sentia que funcionava para ele.

"Eu fiz estudo ativo, em que sentava para aprender gram�tica, g�rias e novas palavras, e depois passava tempo lendo e assistindo coisas em russo, vivendo o idioma em vez de estud�-lo."

"Tentei fazer com que a R�ssia viesse at� mim, j� que eu n�o tinha condi��es de ir pra l�. Criei uma bolha na minha casa em que eu s� via coisas em russo, ouvia m�sicas em russo e fiz essa imers�o, umas 5 ou 6 horas por dia durante 2 anos e meio"

Agora, dono de um curso online, Thiago continua estudando russo —por mais que j� esteja com vontade de mergulhar no mandarim, com a meta de ser fluente at� os 35 anos.

Ele afirma que muitos dos seus alunos decidem aprender o idioma por admirar a literatura e a hist�ria russa, e n�o obrigatoriamente por algum objetivo profissional.

"Tem militares brasileiros, jogadores e treinadores de futebol, idosos j� aposentados, que acompanharam a Uni�o Sovi�tica e hoje decidiram aprender como hobby. E tamb�m tem m�dicos e simplesmente estudantes, porque estudar medicina e rela��es internacionais na R�ssia � mais barato que no Brasil", conclui.


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