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Estado de Minas RIO DE JANEIRO

Pesquisa afirma: quem mora em �reas violentas t�m mais chance de adoecer

Pesquisa do Centro de Estudos de Seguran�a e Cidadania aponta que moradores de �reas com opera��es policiais no Rio t�m mais chance de adoecer, diz pesquisa


09/08/2023 15:47 - atualizado 09/08/2023 15:48
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Policias armados em moto
A pesquisa ouviu 1.500 moradores de seis comunidades do Rio que t�m o mesmo perfil socioecon�mico, mas expostas a diferentes graus de viol�ncia armada (foto: AFP / Mauro PIMENTEL)
 
Moradores de comunidades com maior ocorr�ncia de opera��es policiais no Rio de Janeiro t�m mais chances de desenvolver depress�o, ansiedade e hipertens�o. � o que mostra o relat�rio do CESeC (Centro de Estudos de Seguran�a e Cidadania), lan�ado nesta quarta-feira (9) e que mensura os impactos da viol�ncia na sa�de.

A pesquisa ouviu 1.500 moradores de seis comunidades do Rio que t�m o mesmo perfil socioecon�mico, mas expostas a diferentes graus de viol�ncia armada. O relat�rio apontou que as �reas mais afetadas por opera��es policiais s�o aquelas onde mais se adoece.

Segundo o CESeC, esses moradores t�m 62% chance a mais de desenvolver depress�o se comparado com os residentes das comunidades menos expostas a esses epis�dios. A possibilidade de ter ins�nia tamb�m � 73% maior para o primeiro grupo.

Esse mesmo fen�meno � tamb�m visto nas chances de desenvolver hipertens�o e ansiedade. Moradores das comunidades mais expostas t�m uma chance 42% maior de ter press�o alta do que aqueles que moram em lugares com menos tiroteios. No caso da ansiedade, a probabilidade dos residentes do primeiro grupo apresentarem sintomas da doen�a � duas vezes maior.

O estudo identificou as tr�s regi�es mais expostas a tiroteios com a presen�a de agentes do Estado em 2019, e as tr�s que tiveram menos registros desses epis�dios no mesmo per�odo.
 

As comunidades mais afetadas escolhidas foram Nova Holanda, no Complexo da Mar�, CHP-2, em Manguinhos, e Vidigal. As duas primeiras ficam na zona norte da cidade, e a terceira, na zona sul.

J� as menos afetadas foram Parque Prolet�rio dos Banc�rios, na Ilha do Governador, na zona norte; Parque Conquista, no Caju, zona portu�ria, e Jardim Mori�aba, em Campo Grande, na zona oeste.

O estudo levou em conta as ocorr�ncias de confrontos envolvendo policiais registradas na plataforma Fogo Cruzado a um raio de 400 metros das unidades de sa�de municipais do Rio. O ano de 2019 foi escolhido por ser o per�odo mais recente antes da pandemia da Covid-19.

O CESeC tamb�m optou por escolher apenas unidades municipais, para que pudesse comparar o atendimento entre as comunidades. "A despeito da exist�ncia de dados de tiroteios em toda a Regi�o Metropolitana, a compara��o entre unidades de sa�de dos demais munic�pios seria potencialmente prejudicada pela ado��o de diferentes pol�ticas de aten��o prim�ria", explica o relat�rio.

O relat�rio � o terceiro do projeto "Drogas: Quanto Custa Proibir", do pr�prio CESeC, que procura medir o impacto da guerra �s drogas. Na primeira pesquisa, o centro de pesquisa indicou que a lei antidrogas consumiu, em apenas um ano, R$ 5,2 bilh�es em S�o Paulo e no Rio.

J� o segundo estudo da s�rie foi voltado aos impactos da viol�ncia na educa��o. Segundo o levantamento, tr�s de cada quatro escolas p�blicas do Rio foram afetadas por tiroteio em 2019.

A nova pesquisa mostra que cerca de 51% dos moradores de �reas mais expostas a tiroteios envolvendo policiais sofrem com sintomas de hipertens�o arterial, ins�nia prolongada, ansiedade e depress�o. Em compara��o, esse percentual em �reas n�o afetadas por esses casos � de 35,9%.

"Todas essas comorbidades est�o ligadas a fatores emocionais e s�o influenciados por essa viv�ncia na linha de tiro, que causa medo, apreens�o, estresse", diz a coordenadora da pesquisa, Mariana Siracusa.

"Esses dados desfazem a tese de que moradores de favela t�m resili�ncia e se acostumaram a rotinas de viol�ncia. Isso n�o � verdade."

ACESSO � SA�DE

Segundo o relat�rio, as a��es policiais com registro de tiroteios tamb�m limitam o acesso aos servi�os de sa�de nas �reas mais conflagradas.

A maioria, isto � 59%, dos moradores de comunidades sujeitas a tiroteios com participa��o de agentes do Estado disse que a unidade de sa�de j� havia sido fechada como resultado da viol�ncia. Nas comunidades menos expostas esse �ndice cai para 13%.

O documento aponta ainda que a interrup��o de atendimentos e consultas m�dicas n�o � o �nico fator que dificulta o acesso � sa�de nessas �reas. Os confrontos tamb�m impedem que m�dicos, enfermeiros e demais agentes da sa�de cheguem ao seu local de trabalho.

Segundo a pesquisa, 32% dos moradores das comunidades com maior recorr�ncia de tiroteio disseram conhecer algum epis�dio em que profissionais de sa�de n�o foram trabalhar por conta dos conflitos armados. Em compara��o, nas �reas menos expostas esse n�mero foi de 12,1%.

Outro cen�rio � quando os moradores n�o conseguem ir at� as unidades de sa�de por causa dos tiroteios. Nas comunidades mais afetadas, 26% dos entrevistados disseram j� ter adiado a procura por um servi�o de sa�de ou algum outro tipo de assist�ncia por causa da viol�ncia. Nos locais menos expostos, apenas 5,9% dos moradores afirmaram ter feito isso.

IMPACTO FINANCEIRO

O estudo do CESeC tamb�m analisou o impacto financeiro dos problemas na �rea da sa�de causados pela viol�ncia, seja para o pr�prio morador quanto para a prefeitura do Rio, que gere as unidades de sa�de municipais.

Segundo a pesquisa, 6,8% de quem mora nas comunidades mais conflagradas ficaram impedidos de, por pelo menos um dia, n�o ir trabalhar por quest�es de sa�de. Nas �reas menos afetadas, esse percentual foi de 4,8%.

Fazendo uma m�dia, o relat�rio diz que essa falta representa uma perda de R$ 22,11 mensais na renda do morador das comunidades mais expostas. A maioria dos residentes dessas �reas tem um rendimento per capita de at� um sal�rio m�nimo. No Vidigal, esse percentual � de 68%, enquanto na Nova Holanda � de 76% e na CHP-2, 82%.

O estudo tamb�m apontou as perdas estimadas de quando uma unidade de sa�de n�o abre por causa dos confrontos. Segundo Siracusa, por�m, os n�meros est�o subestimados pois a prefeitura informou apenas o total de vezes que os postos foram fechados em 2019: 356.

Pelas entrevistas, o CESeC chegou a uma m�dia, com base no dado informado pela prefeitura, de que as unidades de sa�de da comunidade mais expostas fecharam tr�s dias a mais do que as que ficam nas �reas com menos tiroteios.

Um dia de fechamento da unidade, segundo a pesquisa, custa em m�dia R$ 35 mil em servi�os que deixaram de ser prestados. Juntando as tr�s comunidades analisadas, a m�dia dessa despesa foi de mais de R$ 316 mil.

"� um dado que a gente sabe que est� subestimado, mas que s� essa diferen�a de tr�s dias j� gera esse custo", afirma a coordenadora da pesquisa, que completa: "O estado que deveria oferecer o servi�o de sa�de, sofre essa perda tamb�m com fechamento das unidades".


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