
A Pol�cia Civil do Rio de Janeiro descobriu um plano de atentado contra o governador do estado, Cl�udio Castro (PL), em meio aos ataques da mil�cia na capital fluminense. A informa��o foi divulgada, ontem, pela assessoria de imprensa do governo fluminense. A esposa de Castro e os dois filhos do casal tamb�m estariam na mira dos criminosos. Todos tiveram a seguran�a refor�ada pelo Gabinete de Seguran�a Institucional do estado ap�s a amea�a.
A cidade do Rio de Janeiro enfrentou, no in�cio da semana, uma s�rie de ataques a �nibus e esta��es do BRT promovida por chefes do crime organizado, desencadeada ap�s a morte de um miliciano pela pol�cia. Segundo o governo do RJ, o plano do atentado foi descoberto ap�s os ataques, e est� sob rigorosa investiga��o para identificar e punir os autores. O inqu�rito est� sob sigilo.
Os ataques promovidos pela mil�cia ocorreram na segunda-feira, na Zona Oeste da cidade. O grupo respons�vel, liderado por Lu�s Ant�nio da Silva Braga, o "Zinho", incendiou pelo menos 35 �nibus e um trem, ap�s a morte do sobrinho dele, Matheus da Silva Resende, o "Faust�o" — segundo na linha de comando da quadrilha —, durante confronto com a pol�cia. O grupo � considerado a maior mil�cia do Rio de Janeiro.
Ontem, uma opera��o da Pol�cia Civil terminou com o chefe de outra mil�cia que atua na Zona Oeste, a de Pedra de Guaratiba, baleado. Marcelo de Luna Silva, conhecido como "Boquinha", � homem de confian�a de Zinho. Ele e outro miliciano, que seria seu seguran�a, entraram em confronto com policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Departamento de Repress�o � Corrup��o e ao Crime Organizado (Draco). Ambos foram atingidos e levados ao Hospital Pedro II, em Santa Cruz, e o estado de sa�de dele � considerado est�vel.
Os governos estadual e federal preparam, agora, medidas para conter a viol�ncia e o poder dos grupos criminosos. Anteontem, Castro fez um giro por Bras�lia para pedir apoio � Uni�o e sugerir, no Senado, propostas para o endurecimento de penas a criminosos. O governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva prepara um pacote de medidas para refor�ar a seguran�a no Rio de Janeiro, cujo an�ncio est� previsto para a semana que vem.
Sob Castro, o estado do Rio de Janeiro vem enfrentando repetidas crises na seguran�a p�blica, envolvendo especialmente a guerra de fac��es de mil�cias e do tr�fico de drogas que, atualmente, se confundem em suas atividades criminosas. Apesar das falas do governador sobre dar um "duro golpe" no crime organizado, as mil�cias ocupam praticamente metade da �rea metropolitana da capital, segundo estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) feito no ano passado. Ao pedir apoio ao governo federal, Castro argumenta que as mesmas organiza��es criminosas est�o presentes em outros estados.
O esfor�o � liderado pelo Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica, mas tamb�m deve envolver a Defesa, com atua��o das For�as Armadas em portos, aeroportos e fronteiras para o combate ao contrabando, especialmente de armas e drogas, que est� entre as principais fontes de renda dos grupos criminosos.
Cesta de solu��es
Ontem, o ministro da Justi�a, Fl�vio Dino, defendeu a cria��o de um Conselho Nacional para combater as mil�cias e o endurecimento da lei para enquadrar fac��es criminosas como grupos terroristas. Para ele, � preciso criar uma "cesta de solu��es" para enfrentar o problema, e qualquer um que prometa uma "bala de prata" quer apenas juntar votos.
"� uma ideia minha, n�o do governo ainda, e � a primeira vez que eu a externo em p�blico. Ser� que o Brasil, que tem o Conselho Nacional de Justi�a, que criou o Conselho Nacional do Minist�rio P�blico, n�o deve, neste momento, criar o Conselho Nacional das Pol�cias? Criar uma Corregedoria Nacional das Pol�cias? Isso n�o ajudaria os estados?", declarou Dino ao canal de not�cias Globonews.
O ministro citou a apreens�o de 47 fuzis na Barra da Tijuca, e afirmou que o problema das mil�cias � uma engrenagem que n�o atinge apenas a periferia. Segundo ele, o presidente Lula determinou que o combate ao crime organizado seja a prioridade da pasta.
Ele descarta, por�m, uma interven��o federal, mas ressalvou que o cen�rio pode mudar no futuro. Em sua avalia��o, n�o h� respaldo constitucional para determinar a interven��o agora.
"Eu n�o sou m�gico, e n�o existe m�gico. Quem diz que vai resolver com bala de prata, com um �nico tiro no meio dos olhos do tigre, na verdade, s� quer ganhar voto. � mentira. Exatamente porque � uma engrenagem que foi montada", pontuou Dino.