� o que apontam novos dados do Censo Demogr�fico 2022 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica).
O percentual de idosos � o maior desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, disse o instituto.
Em termos absolutos, a popula��o nessa faixa et�ria (22,2 milh�es) superou o n�mero total de habitantes de Minas Gerais (20,5 milh�es), o segundo estado mais populoso do pa�s.
Ainda em termos absolutos, o contingente de idosos de 65 anos ou mais teve um salto de 57,4% em rela��o ao recenseamento anterior, de 2010. � �poca, a popula��o nessa faixa et�ria era de 14,1 milh�es, o equivalente a 7,4% do total de habitantes.Uma compara��o mais longa tamb�m d� uma dimens�o do envelhecimento dos brasileiros. Em 1980, os idosos de 65 anos ou mais representavam 4% da popula��o total. O percentual cresceu ao longo das d�cadas seguintes, at� superar os 10% em 2022.
Enquanto isso, a participa��o de crian�as e adolescentes vem encolhendo, de acordo com o IBGE. Em 2022, as pessoas de 0 a 14 anos representavam 19,8% do total de habitantes, abaixo da marca de 24,1% em 2010. Em 1980, essa mesma faixa et�ria correspondia a 38,2% da popula��o total.
Izabel Marri, gerente de estudos e an�lises da din�mica demogr�fica do IBGE, afirma que o efeito da redu��o da fecundidade come�ou a ficar mais vis�vel no Brasil na passagem dos anos 1980 para a d�cada de 1990. Nos anos seguintes, a perda de participa��o dos jovens se intensificou, como apontam os dados de 2022.
"� uma estrutura populacional que j� n�o � t�o jovem, que est� em franco envelhecimento e que tende a envelhecer mais", diz a pesquisadora.
IDADE MEDIANA AVAN�A A 35 ANOS
Outras estat�sticas divulgadas nesta sexta refor�am esse movimento. Segundo o IBGE, a idade mediana dos brasileiros aumentou em seis anos do Censo 2010 para o levantamento de 2022. Nesse intervalo, o indicador subiu de 29 para 35 anos.
� o maior n�vel de uma s�rie hist�rica divulgada pelo instituto com dados a partir do Censo de 1940, o primeiro produzido pelo �rg�o. A idade mediana separa o total da popula��o em duas metades iguais: uma mais jovem, e a outra, mais velha. Ou seja, 50% dos brasileiros t�m mais de 35 anos, e 50% t�m menos.
O chamado �ndice de envelhecimento tamb�m avan�ou. Saltou de 30,7 em 2010 para 55,2 em 2022. O novo patamar � o maior da s�rie hist�rica com dados a partir de 1940.
Na pr�tica, o �ndice de envelhecimento referente ao ano passado aponta que havia 55,2 idosos de 65 anos ou mais para cada cem crian�as de 0 a 14 anos. Essa rela��o estava em 10,5 em 1980.
De acordo com especialistas, o envelhecimento traz uma s�rie de impactos para o pa�s. Parte das pessoas vive mais, e a procura por servi�os de sa�de tende a aumentar.
Ao mesmo tempo, o pa�s deve contar com uma propor��o menor de jovens trabalhando e gerando recursos para o pagamento de aposentadorias e outros benef�cios.
A solu��o, segundo economistas, passaria por elevar a produtividade do trabalho, um gargalo hist�rico no Brasil.
"As implica��es em termos de pol�ticas p�blicas deveriam estar sendo pensadas h� muitos anos para atender a essa popula��o idosa", diz o dem�grafo Ricardo de Sampaio Dagnino, professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
"A gente tem um d�ficit grande. Precisa debater sobre isso e sobre o que fazer com os jovens", acrescenta, citando a necessidade de criar caminhos em �reas como trabalho e educa��o para o segundo grupo.
RS � O ESTADO MAIS ENVELHECIDO
De acordo com o Censo, o Rio Grande do Sul � a unidade da federa��o mais envelhecida. A popula��o de 65 anos ou mais correspondia a 14,1% do total de habitantes do estado em 2022.
O Rio de Janeiro vem na sequ�ncia, com 13,1%. O percentual de S�o Paulo foi de 11,9%, tamb�m acima da m�dia nacional (10,9%).
Roraima se destaca na outra ponta do ranking. O percentual de idosos de 65 anos ou mais correspondeu a 5,1% da popula��o local em 2022. � a menor propor��o entre os estados.
De acordo com o IBGE, a queda da fecundidade come�ou mais cedo no Sul do que no Norte, fator que poderia explicar uma parte das diferen�as entre ga�chos e roraimenses. O instituto, contudo, ainda n�o publicou os dados do Censo sobre fecundidade e migra��o.
A regi�o Norte � a mais jovem do pa�s: 25,2% da popula��o local tinha at� 14 anos em 2022. A marca equivale a 1 em cada 4 habitantes. O Nordeste (21,1%) e o Centro-Oeste (20,9%) vieram na sequ�ncia.
O Sudeste e o Sul, por outro lado, apresentam as estruturas mais envelhecidas. A popula��o de 65 anos ou mais corresponde a 12,2% e 12,1% do total de habitantes nas duas regi�es, respectivamente.
‘A CABE�A N�O ENVELHECE’, DIZ IDOSA
A bi�loga Elide Luccas, 72, ri ao lembrar que considerava "velhas" suas vizinhas de 30 anos quando implicavam com o barulho que fazia durante brincadeiras.
Quando tinha entre 20 e 30 anos e pensava sobre os anos 2000, ela sempre imaginava um futuro distante e que estaria velha quando chegasse a virada do mil�nio. "N�s estamos em 2023, e eu n�o estou velha. Achava que a velhice estava ligada � apar�ncia", diz ela. "As vezes, olho no espelho e n�o me reconhe�o, mas a cabe�a n�o envelhece."
Hoje, a bi�loga de S�o Paulo tem uma rotina que varia de acordo com trabalhos manuais que ela produz, cuidados dos tr�s netos, tarefas dom�sticas e pr�tica de esportes.
"Trabalho formal eu n�o tenho, fa�o um hobby-trabalho. N�o d� para pagar as contas, mas eu ganho um dinheirinho", diz ela, que confecciona mosaicos em casa e vende em feiras do clube que frequenta. "Melhora a longevidade, � uma distra��o que me faria muita falta se eu n�o fizesse."
Creusa Biasioli, 75, tem um pensamento semelhante ao de Elide. Ela vive em Araraquara (SP), comanda uma sider�rgica e afirma que gosta de trabalhar e de se sentir �til.
"Gosto de sempre dar um pulo e saber o que est� acontecendo para podermos melhorar", conta ela.
MULHERES S�O MAIS DA METADE DOS BRASILEIROS
Al�m dos dados de idade, o IBGE tamb�m publicou nesta sexta estat�sticas sobre a divis�o por sexo da popula��o brasileira.
Conforme o Censo 2022, as mulheres eram 51,5% (104,5 milh�es) do total de habitantes, enquanto os homens representavam 48,5% (98,5 milh�es). Ou seja, a parcela feminina superava a masculina em cerca de 6 milh�es.
A compara��o com os recenseamentos anteriores sinaliza que as mulheres v�m aumentando sua participa��o entre os brasileiros. O percentual feminino era de 50,78% em 2000, passou para 51,03% em 2010, alcan�ando 51,5% em 2022.
A parcela masculina, por sua vez, estava em 49,22% em 2000, foi para 48,97% em 2010 e atingiu 48,5% em 2022.
A raz�o de sexo, que mede o n�mero de homens para cada cem mulheres, diminuiu de 96 em 2010 para 94,2 no ano passado. � a menor rela��o da s�rie hist�rica divulgada pelo IBGE com dados a partir de 1940.