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Estado de Minas IBGE

Regi�o Norte � 8 anos mais 'jovem' que Sudeste: os achados do censo 2022

Nova etapa do Censo 2022 publicada nesta sexta-feira (27/10) mostra avan�o de duas tend�ncias observadas anteriormente: o envelhecimento da popula��o e a maior quantidade de mulheres do que homens no Brasil.


27/10/2023 10:00 - atualizado 27/10/2023 10:46
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Avó e criança no colo
A popula��o do Brasil como um todo est� envelhecendo, mas a tend�ncia ocorre de maneira diferente nas diferentes partes do Brasil (foto: Getty Images)

A cada dez anos, o Brasil tem uma oportunidade in�dita de olhar para a sua popula��o com os censos demogr�ficos.

Nesta sexta-feira (27/10), chegou um novo cap�tulo do censo realizado entre agosto e outubro do ano passado e divulgado neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE): dados sobre a idade e o sexo dos brasileiros.

Essa � a quarta etapa de divulga��o do Censo 2022 — como mostrou a BBC News Brasil, j� foram publicados dados sobre o tamanho da popula��o brasileira, os quilombolas e os povos ind�genas.

Os novos dados confirmam tend�ncias constatadas nos �ltimos Censos, como a de que a popula��o brasileira est� cada vez mais envelhecida.

O Censo 2022 mostra que 10,9% da popula��o � de idosos com mais de 65 anos (cerca de 22 milh�es de pessoas) e 19,8% de crian�as com at� 14 anos (40 milh�es).

Em 2010, o percentual e o n�mero de idosos era menor, e o de crian�as, maior. Naquele ano, 7,4% da popula��o tinha mais de 65 anos (14 milh�es) e 24% at� 14 anos (45,9 milh�es).

A pir�mide et�ria do Brasil est� cada vez mais diferente da pir�mide cl�ssica, com uma grande base representando os mais novos.

"A partir de 1940, tem in�cio a transi��o demogr�fica do Brasil com a redu��o da mortalidade. Essa redu��o afeta a popula��o de crian�as primeiramente, e depois a queda da mortalidade segue em todos os grupos de idade", explicou � imprensa Izabel Marri, pesquisadora do IBGE e doutora em demografia.

"A gente come�a a ver o estreitamento da base da pir�mide no final da d�cada de 1980 para 1990, como efeito da queda da fecundidade [n�mero m�dio de filhos por mulher], iniciada em 1960 nas regi�es mais industrializadas do pa�s."

"A estrutura populacional est� em franco envelhecimento e tende a envelhecer mais."

Outro dado que evidencia o envelhecimento do pa�s � a chamada idade mediana, aquela que separa a metade mais jovem da metade mais velha da popula��o.

Essa idade no Brasil saltou de 29 anos em 2010 para 35 em 2022 — ou seja, aumentou seis anos de um Censo para o outro.

A idade mediana tamb�m revela outra coisa: todas as regi�es brasileiras est�o envelhecendo, mas n�o na mesma medida.

De 2010 para 2022, a idade aumentou em todas elas, mas elas t�m valores diferentes. Em ordem crescente, a idade mediana no Norte � de 29 anos; no Centro-Oeste e Nordeste, 33 anos; no Sul, 36 anos; e no Sudeste, 37 anos.


Mapa com cores mais escuras indicando municípios com idade mediana mais alta; e cores mais claras, idade mediana mais jovem
(foto: BBC)

Os percentuais de crian�as com at� 14 anos e idosos com mais de 65 anos tamb�m colocam o Norte em uma ponta, e o Sudeste em outra.

No Norte, as crian�as s�o 25% da popula��o, e os idosos, 7%

J� no Sudeste, as crian�as s�o 18% da popula��o, e os idosos, 12%.

Izabel Marri explica que as diferen�as constatadas atualmente remontam, em parte, a tend�ncias iniciadas nas d�cadas passadas.

"A queda da fecundidade iniciada l� em 1960 se inicia nas regi�es mais industrializadas do pa�s, no Sudeste e Sul, entre as mulheres que residem nas �reas urbanas e que s�o mais escolarizadas", explica a dem�grafa.

Acompanhando esses padr�es regionais, duas cidades no Rio Grande do Sul, Coqueiro Baixo e Uni�o da Serra, est�o empatadas como as que t�m a maior idade mediana do pa�s: 53 anos.

J� aquela com a idade mais jovem � Uiramut�, em Roraima, onde a mediana � de 15 anos.

Mas olhando para os dados dos Estados e principalmente dos munic�pios, nota-se que h� fatores particulares que influenciam na pir�mide et�ria da cidade, como a migra��o e a atividade econ�mica no local.

O tamanho dos munic�pios tamb�m tende a fazer diferen�a, como mostra o chamado �ndice de envelhecimento — que � o n�mero de idosos (com mais de 65 anos) para cada grupo de 100 crian�as (de 0 a 14 anos).

Considerando o tamanho das cidades, o �ndice mais alto est� nos munic�pios com at� 5 mil habitantes: 76,2 idosos por grupo de crian�as.

"O que acontece nos munic�pios muito pequenos � a sa�da da popula��o em idade economicamente ativa, em idade reprodutiva, para cidades que oferecem maior chances de emprego e melhor as ofertas de servi�o", explica a dem�grafa do IBGE.

Conforme o tamanho dos munic�pios aumenta a partir dos 5 mil habitantes, a propor��o de idosos diminui — mas volta a aumentar nos munic�pios grandes, com mais de 100 mil habitantes.

"A�, a gente tem o efeito do n�mero menor de crian�as. S�o nessas regi�es que o n�vel da fecundidade tende a ser mais baixo", diz Marri sobre as cidades grandes.

Outra tend�ncia que j� vinha sendo observada em edi��es anteriores do Censo e que foi intensificada na edi��o atual � a da maior quantidade de mulheres em rela��o aos homens no Brasil.

De acordo com o Censo 2022, 51,5% da popula��o brasileira � formada por mulheres e 48,5% por homens. H� cerca de 104 milh�es de mulheres no pa�s — 6 milh�es a mais do que homens.

A pesquisa usa tamb�m um indicador chamado raz�o de sexo, que � o n�mero de homens para cada 100 mulheres. Ali�s, ao falar no "sexo" de uma pessoa, o IBGE considerou o sexo biol�gico no nascimento.

Quando a raz�o de sexo fica abaixo de 100, quer dizer que h� mais mulheres do que homens na popula��o.


Pessoas caminhando em calçada em dia chuvoso; algumas carregam guarda-chuva
Migra��o, fecundidade, mortalidade... Esses e outros fatores explicam a distribui��o da popula��o brasileira por regi�es, idades e sexo (foto: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images)

Esse n�mero caiu nas �ltimas d�cadas. Em 1980, eram 98,7 homens para cada 100 mulheres; em 2000, 96,9; e em 2022, 94,2.

"Essa diminui��o ao longo do tempo reflete a maior mortalidade dos homens em todos os grupos et�rios da popula��o. Nascem mais meninos, mas morrem tamb�m mais meninos. E principalmente nas idades dos jovens adultos, o Brasil apresenta uma sobremortalidade masculina muito maior do que a popula��o feminina", aponta Marri.

"As causas de morte dessa popula��o jovem adulta masculina est�o relacionadas causas n�o naturais, que s�o as causas violentas", diz, referindo-se a mortes, por exemplo, por armas de fogo ou por acidentes de tr�nsito.

"Embora a popula��o apresente maior longevidade, as taxas de mortalidade dos homens s�o maiores do que das mulheres em todos os grupos, ent�o quanto mais a gente envelhece, menor tender� a ser a raz�o de sexo no pa�s."

Em todas as regi�es, a raz�o de sexo � menor do que 100 — ou seja, h� menos homens que mulheres.

Por ser "uma das �reas mais envelhecidas do pa�s", segundo a dem�grafa, o Sudeste tem a menor raz�o de sexo: s�o 92,9 homens para cada 100 mulheres.

Novamente, a n�vel mais "micro", importam as caracter�sticas dos munic�pios. Por exemplo, aqueles em que predominam atividades econ�micas exercidas predominantemente por homens ter�o uma propor��o maior deles.

Isso acontece tamb�m em cidades que t�m pres�dios, como Balbinos (SP), onde h� 443 homens para cada 100 mulheres — a maior raz�o de sexo do pa�s. No Brasil, h� muito mais presos homens do que detentas mulheres.

Dados de mortalidade, nascimentos, migra��o e fecundidade, apesar de estarem relacionados �s informa��es divulgadas nessa sexta-feira, ainda n�o foram disponibilizados pelo Censo 2022. Espera-se que o efeito da pandemia de coronav�rus se reflita nesses dados a serem publicados futuramente.

Mas, por enquanto, as rec�m-divulgadas informa��es de idade e sexo da popula��o — consideradas pelo IBGE o "cerne" do Censo — j� poder�o a ajudar no planejamento de pol�ticas p�blicas fundamentais, como as que afetam escolas, hospitais e a previd�ncia social.


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