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Estado de Minas INSEGURAN�A GERAL

8 perguntas para entender avan�o das 'narcomil�cias' que agrava crise de seguran�a no Rio

Segundo especialistas, nova crise de seguran�a p�blica t�m rela��o com mudan�as recentes na geografia e no comportamento do crime organizado no territ�rio fluminense.


31/10/2023 05:44 - atualizado 31/10/2023 07:31
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Ônibus incendiado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro
�nibus incendiado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro (foto: Getty Images)

A crise na seguran�a p�blica do Rio de Janeiro teve um novo cap�tulo na tarde de 23 de outubro, com o ataque de criminosos a 35 �nibus e um trem, todos incendiados.

A pol�cia atribuiu os atos a um protesto de criminosos contra a morte de um miliciano em a��o da Pol�cia Civil naquele mesmo dia.

Segundo especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, os acontecimentos t�m rela��o com atividades de mil�cias em �reas pobres e com mudan�as recentes na geografia e no comportamento do crime organizado no territ�rio fluminense.

Grupos paramilitares originalmente criados por policiais, as mil�cias dominam dezenas de comunidades nas zonas oeste e norte da capital, al�m da Baixada Fluminense e em cidades da regi�o leste do Estado, como S�o Gon�alo e Itabora�.

Em anos recentes, alguns desses grupos racharam e se associaram ao tr�fico, o que mudou inclusive sua forma de agir. O ataque violento contra o transporte p�blico – o maior de que se tem not�cia no Estado – era pr�tica comum de traficantes, n�o de milicianos, observam pesquisadores do setor.

"A mil�cia mudou", explica o coronel da reserva da Pol�cia Militar Robson Rodrigues, que foi chefe do Estado-Maior da corpora��o e coordenador das Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPPs) e � doutor em ci�ncias sociais e pesquisador do Laborat�rio de An�lise da Viol�ncia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ).

"O Comando Vermelho mudou, a mil�cia mudou, e um grupo come�ou a absorver o aprendizado e t�cnicas e estrat�gias do outro", afirma.

"Ent�o, voc� v� a mil�cia hoje traficando, se envolvendo com opera��es, e o tr�fico de drogas se envolvendo na explora��o de servi�os e explorando a popula��o. Hoje tem uma linha que separa essas duas fronteiras, mas elas diminu�ram”, prossegue o pesquisador.

Um dos pontos criticados por pesquisadores foi o fim da Secretaria de Seguran�a (Seseg), no in�cio de 2019, por iniciativa do ent�o governador Wilson Witzel (PSC). A medida foi mantida por seu sucessor, o atual governador, Cl�udio Castro (PL).

Por meio de sua assessoria, Castro afirmou � BBC News Brasil que atribuir ao fim da Seseg a atual crise � uma "an�lise rasa". Leia no fim desta reportagem a �ntegra das declara��es de Castro � BBC News Brasil sobre as cr�ticas feitas por especialistas nesta reportagem.

Com base em entrevistas com especialistas, a BBC News Brasil elaborou perguntas e respostas que ajudam a explicar o novo cen�rio da viol�ncia no Rio.

1. Quais s�o as novidades no cen�rio da viol�ncia no Rio?

Parte da mudan�a se deve � entrada de traficantes na guerra que rachou a maior mil�cia do Rio na zona oeste. Mas a crise � alimentada tamb�m por outros fatores, inclusive pol�ticos.

Um deles, segundo especialistas, foi o fim, em 2019, da Secretaria de Seguran�a – uma decis�o que, de acordo esses analistas, buscava atender a compromissos pol�ticos com as pol�cias.


Sombra de homem armado e motoboy
Cerca de 4,4 milh�es de pessoas vivem em territ�rio controlado pelo crime organizado no Rio, segundo o Mapa Hist�rico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro (foto: Getty Images)

Especialistas em seguran�a p�blica criticam a medida, que teria desmantelado pol�ticas de planejamento e de metas e levado as pol�cias de volta ao passado.

Segundo eles, hoje as corpora��es est�o isoladas e trabalham em opera��es com foco na "visibilidade". S�o, dizem, incurs�es espetaculosas em comunidades, por exemplo, mas que t�m pouco resultado por n�o abalarem a estrutura do crime organizado, segundo pesquisadores da �rea de seguran�a.

“Houve muito retrocesso, ou seja, (uma volta) �s muitas formas antigas que j� foram adotadas anteriormente e n�o deram certo”, diz Rodrigues.

Ele afirma ainda que faltam investimentos na reforma do aparato policial e na efici�ncia das corpora��es.

Jacqueline Muniz, antrop�loga e professora de Seguran�a P�blica na Universidade Federal Fluminense (UFF), tem cr�tica semelhante.

"Ningu�m faz pol�cia, foi todo mundo fazer opera��o, porque fazer opera��o � a �nica dimens�o vis�vel que o cidad�o desesperado por seguran�a reconhece", explica ela. “� algo que d� poder, prest�gio.”

2. Quais acontecimentos antecederam os ataques a �nibus desta semana?

O ataque que resultou no inc�ndio de 35 �nibus e um trem em oito bairros do Rio de Janeiro na semana passada foi o ponto culminante de uma sequ�ncia de epis�dios especialmente violentos na cidade ao longo dos �ltimos 30 dias.

Em 24 de setembro, o programa Fant�stico, da Rede Globo, exibiu imagens de traficantes recebendo treinamento militar com fuzis em uma �rea de lazer no Complexo da Mar�, conjunto de favelas na zona norte carioca.

Tr�s dias depois, ladr�es lan�aram uma granada contra um �nibus, cujos passageiros tinham acabado de assaltar, na Avenida Brasil, na altura de Barros Filho, na zona norte. Tr�s pessoas ficaram feridas.

Uma semana depois, na madrugada de 5 de outubro, quatro m�dicos que bebiam cerveja em um quiosque em frente ao Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, foram assassinados a tiros por desconhecidos que chegaram em um carro. Tr�s deles morreram.

O motivo, para policiais, foi a semelhan�a f�sica de uma das v�timas com um criminoso rival dos atiradores - h� uma guerra de quadrilhas pelo controle da zona oeste da cidade.

Algumas horas depois, quatro suspeitos do crime foram encontrados mortos - , segundo a pol�cia, eles foram assassinados por ordem da c�pula da quadrilha, devido ao erro que teriam cometido.

Em 19 de outubro, quatro policiais civis e um advogado foram presos pela Pol�cia Federal, acusados de terem negociado com traficantes a libera��o de 16 toneladas de maconha apreendidas.

A negocia��o, segundo a Pol�cia Federal, ocorreu na Cidade da Pol�cia, complexo de delegacias especializadas na zona norte. Imagens do caminh�o carregado com a droga, escoltado por carros da Pol�cia Civil para ser entregue a traficantes em uma favela, foram divulgadas.

Na mesma data, agentes da Delegacia de Repress�o a Entorpecentes anunciaram ter achado, em um carro vazio na Gard�nia Azul, oito das 21 armas desviadas de um arsenal do Ex�rcito, em S�o Paulo. Segundo policiais, o armamento provavelmente seria usado na “guerra” da zona oeste.


Câmera de segurança da Polícia Militar do Rio mostra um dos ônibus incendiados na zona oeste da cidade nesta segunda
C�mera de seguran�a da Pol�cia Militar do Rio mostra um dos �nibus incendiados na zona oeste da cidade (foto: PMRJ)

Um dia depois, nova opera��o da PF apontou que tr�s policiais civis e um delegado desviaram parte de uma carga de coca�na apreendida. Os quatro foram afastados de suas fun��es pela Justi�a, que tamb�m ordenou que usem tornozeleiras.

A morte, em a��o policial, de Matheus da Silva Rezende, de 24 anos, conhecido como Faust�o e sobrinho de Luiz Ant�nio da Silva Braga, o Zinho, chefe de uma das mil�cias em luta pela zona oeste, desencadeou o ataque aos meios de transporte, segundo a pol�cia do Rio.

3. Como surgiram as mil�cias?

Os grupos conhecidos como mil�cias no Rio de Janeiro eram inicialmente formados por policiais civis, PMs, bombeiros, guardas municipais e membros das For�as Armadas. Tinham dom�nio sobre �reas pobres e agiam sob prote��o de pol�ticos - alguns deles, tamb�m milicianos.

As mil�cias ganharam essa configura��o no in�cio dos anos 2000, mas suas ra�zes podem ser rastreadas at� � ditadura militar, nos anos 60. Essa era a �poca dos chamados Esquadr�es da Morte, formados por agentes da repress�o que assassinavam criminosos comuns na periferia das grandes cidades.

Nos anos 70 e 80, surgiram os grupos de exterm�nio ou "pol�cias mineiras", como eram conhecidos grupos armados de “justiceiros” que agiam nas periferias. Atuavam, muitas vezes, a soldo de comerciantes para matar ladr�es e consumidores de drogas il�citas.

A partir do fim dos anos 90, com o avan�o do tr�fico, policiais “no desvio” passaram a “vender” seguran�a nas favelas e comunidades das quais expulsavam traficantes ou que “conquistavam” antes deles.

Da cobran�a inicial de “contribui��es para a seguran�a”, que eram impostas a moradores e comerciantes, logo passaram a explorar, diretamente ou por meio de taxas, neg�cios como venda de g�s, �gua mineral, carv�o, transporte por van, venda de im�veis em �reas de prote��o ambiental e outros. A representa��o pol�tica, a partir dos votos conseguidos em �reas dominadas por mil�cias, foi o passo seguinte.

Mais recentemente, milicianos e traficantes se aliaram em bairros das zonas oeste, norte e Baixada Fluminense. Especialistas destacam que, sem a participa��o ou coniv�ncia de agentes do Estado, as mil�cias n�o teriam conseguido se instalar nem se expandir.

"S�o o que chamo de governos criminais", diz a antrop�loga Jacqueline Muniz, da UFF. "Sempre que tem autonomiza��o predat�ria do poder de pol�cia, tem um processo de milicianiza��o", diz ela.

Para Robson Rodrigues, o foco da repress�o policial, durante muito tempo, foi conter a fac��o criminosa Comando Vermelho (CV). O perigo da expans�o das mil�cias foi subestimado. S� uma Unidade de Pol�cia Pacificadora foi instalada em uma �rea de dom�nio miliciano, o Jardim Batam. Mesmo assim, a medida s� foi tomada ap�s um epis�dio no qual jornalistas foram torturados por criminosos.


A Rocinha é controlada pelo Comando Vermelho
A Rocinha � controlada pelo Comando Vermelho (foto: Reuters)

O pesquisador destaca as mudan�as nas mil�cias, lembrando a aproxima��o entre milicianos e traficantes - grupos que antes eram inimigos.

“Esse tipo de a��o, o ataque a �nibus, era t�pico do tr�fico”, observa. “A mil�cia era mais discreta.”

Oficial da reserva da PM e mestre em Antropologia, Paulo Storani aponta outra mudan�a nas mil�cias: hoje n�o policiais chegaram ao topo do comando desses grupos.

“Eles sucederam, l� atr�s, o miliciano que tomava conta da zona oeste, que conseguiu controlar boa parte do territ�rio, e acabou sendo morto. E sendo morto, quem assumiu n�o era mais um agente do Estado.”

Segundo Storani, esse “novo miliciano” acrescentou a venda de drogas a seu “portfolio de atividades criminosas”.

4. Como surgiu a "guerra" entre milicianos e traficantes na zona oeste do Rio?

At� 2021, a zona oeste da capital fluminense era dominada pelo Bonde do Ecko, novo nome da Liga da Justi�a, uma das primeiras mil�cias do Estado – e a maior delas, com penetra��o na zona norte e Baixada. Depois que policiais civis mataram o chefe do bando, Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irm�o, Luiz Ant�nio da Silva Braga, o Zinho, assumiu a chefia da quadrilha, de acordo com a Pol�cia.

Mas Daniel Dias Lima, o Tandera, que integrava a mesma quadrilha, desentendeu-se com Zinho, dividindo a mil�cia e abrindo uma guerra que j� dura um ano e meio, pelo menos.

Tandera domina parte da Baixada Fluminense e investe sobre a zona oeste da capital. Diante da divis�o no bando, o Comando Vermelho resolveu investir e se associou a milicianos na regi�o, aprofundando sua penetra��o em comunidades da regi�o.

5. Qual � o n�vel de infiltra��o do crime organizado no Estado do Rio de Janeiro?

Pesquisadores da seguran�a p�blica de diferentes correntes em geral destacam a necessidade da a��o ou omiss�o de agentes estatais nas comunidades pobres para que as mil�cias prosperem. Tamb�m costumam destacar ser a proximidade do Estado um dos grandes perigos envolvidos no processo de "milicianiza��o" da seguran�a.

O motivo � que os milicianos, muitas vezes com passagem pelas for�as policiais, t�m treinamento, organiza��o e liga��es no aparelho estatal, o que os torna mais fortes.

"A gest�o do territ�rio d� m�ltiplas vantagens", explica a antrop�loga Jacqueline Muniz, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

"Ent�o, para que um grupo criminoso possa sobreviver, possa existir e se expandir, tem que que ter rela��es com o Estado, diversifica��o de suas atividades criminais no espa�o onde est�, no territ�rio que domina. N�o existe a perspectiva de nenhum grupo criminoso, seja PCC, seja o Comando Vermelho, Terceiro Comando ou mil�cia, sem parceria ou sociedade com setores do Estado. Nas fronteiras tem sempre um servidor p�blico para atravessar droga, arma, o que voc� quiser, ou explorar a luz, o g�s."

Rodrigues afirma que o "ass�dio" do tr�fico a policiais, com ofertas de corrup��o, se repete.

"O crime organizado hoje est� mais sofisticado ainda", diz. "Est� sempre tentando assediar, cooptar."

Para ele, a prioridade dos governos deveria ser controlar os desvios de policiais. Muitos governos, no entanto, n�o t�m coragem de contrariar suas pol�cias, segundo o analista.


Forças de segurança durante operação na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio
For�as de seguran�a durante opera��o na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio (foto: Getty Images)

6. Qual � o risco de "mexicaniza��o" do Rio de Janeiro?

A transforma��o do Rio em uma vers�o brasileira de Ciudad Juarez, munic�pio mexicano marcado por altos �ndices de mortalidade, com tortura e decapita��o de cidad�os e ampla penetra��o do Estado pelo crime organiza��o, � uma possibilidade que ronda debates na �rea de seguran�a no Brasil.

A capital fluminense ainda n�o chegou a esse grau de descontrole, mas as cenas de 23 de outubro, quando milicianos incendiaram �nibus ainda com passageiros diante da ina��o da Pol�cia, geraram alertas entre quem estuda e pesquisa o setor.

Para Storani, "sem d�vida" h� perigo do Rio de Janeiro se "mexicanizar".

"No M�xico, tem regi�es ou prov�ncias onde voc� n�o entra sem autoriza��o dos cart�is", diz ele.

"A gente hoje no Rio de Janeiro j� tem algo semelhante em menor escala. Voc� n�o vai entrar em qualquer comunidade, voc� tem um problema em rela��o �quilo. Ent�o, h� sim um processo de 'mexicaniza��o'. E o que � pior, que acontece no Brasil: essas caras (milicianos) elegem representantes. Da mesma forma que o tr�fico."

Rodrigues v� a possibilidade de "mexicaniza��o" com mais retic�ncias, por causa das diferen�as entre os pa�ses e o processo de globaliza��o.

"Eu conheci v�rios outros pa�ses aqui, principalmente na Am�rica Latina, Caribe, que t�m tem algumas semelhan�as, mas t�m mais distin��es do que similaridades. Eu digo que isso aqui � tudo um sistema de vasos comunicantes."

"Eu n�o diria 'mexicaniza��o', mas eu diria assim: existem regi�es da Am�rica do Sul e da Am�rica Latina, envolvendo o M�xico tamb�m, que t�m certas caracter�sticas, onde passam essas rotas (de tr�fico de drogas), esse com�rcio bilion�rio, com impactos em cidades �s vezes muito pobres e que t�m uma vulnerabilidade social muito grande. Ent�o, isso impacta."

Segundo ele, a situa��o do M�xico � mais grave que no Brasil porque, l�, os cart�is se especializaram na exporta��o das drogas e conseguem retornos superiores �s fac��es brasileiras. Com mais ganhos, os cart�is mexicanos ampliam seu poder b�lico, de corrup��o etc.

7. As For�as Armadas podem ser usadas na seguran�a p�blica do Rio?

Isso j� aconteceu outras vezes, durante crises anteriores de seguran�a no Rio de Janeiro. Desta vez, por�m, o envolvimento de militares em a��es contra o crime tende a ser menor, segundo posicionamentos recentes de autoridades.

O presidente Luiz In�cio Lula da Silva h� algum tempo demonstra reserva em rela��o � ideia de colocar as For�as Armadas para patrulhar ruas ou para participar de opera��es policiais. Isso exigira uma Opera��o de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

At� agora, o governo federal admitiu apenas possibilidade de Marinha e Aeron�utica refor�arem seus pap�is em a��es de combate ao crime j� previstas em lei, segundo o ministro da Justi�a, Fl�vio Dino. Seria uma atua��o complementar � das pol�cias do Rio.

Na sexta-feira (27/10), o presidente da Rep�blica confirmou a jornalistas com quem tomou caf� da manh� que n�o haver� Opera��o de Garantia da Lei e da Ordem no Rio. H� ainda resist�ncia a iniciativas que possam levar para o Pal�cio do Planalto a crise de seguran�a fluminense, o que criaria um problema pol�tico para Lula.

A rela��o entre o governo e as For�as Armadas vive momento delicado. Analistas atribuem essas tens�es ao papel que muitos militares da reserva e da ativa tiveram no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Alguns desses militares t�m sido investigados por suposto envolvimento nos ataques �s sedes dos Tr�s Poderes, em 8 de janeiro. Naquele dia, embora instado por pessoas pr�ximas a decretar uma GLO para enfrentar o que considerava uma tentativa de golpe, Lula preferiu ordenar uma interven��o federal civil. Essa medida foi limitada � Pol�cia Militar do Distrito Federal.

H� ainda h� resist�ncia de setores da esquerda representados no governo � participa��o de militares em a��es de Seguran�a P�blica.


Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Casro, durante entrevista a jornalistas
Cl�udio Castro diz que fim da Secretaria de Seguran�a em 2019 n�o teve influ�ncia no aumento da viol�ncia relacionada ao crime organizado (foto: Jo�dson Alves/Ag�ncia Brasil)

8. Qual � o peso da pol�tica local na atual crise de seguran�a do Rio?

At� o fim de 2018, o Rio de Janeiro tinha uma Secretaria de Seguran�a, � qual as pol�cias Civil e Militar eram subordinadas. Com a posse de Wilson Witzel (em janeiro de 2019), a Seseg foi extinta, e as duas corpora��es policiais ganharam secretarias pr�prias e independentes.

A decis�o foi atribu�da a uma exig�ncia de policiais civis e militares, que assim ganharam autonomia e passaram ao n�vel de secretarias, com acesso direto ao governador.

A medida foi criticada por especialistas, mas mantida pelo sucessor de Witzel, Claudio Castro, que se reelegeu em 2022 com o mesmo compromisso de dar autonomia �s pol�cias.

Em declara��o por escrito � BBC News Brasil, Castro diz considerar que o fim da secretaria n�o teve impacto na crise atual no Rio.

"� muito importante a gente lembrar que o primeiro Estado que teve um problema grave (de seguran�a) esse ano foi o DF, que tinha secretaria de seguran�a p�blica", afirma o governador.

"Depois, percebemos problema no Rio Grande do Norte, tinha secretaria de seguran�a p�blica. Logo em seguida, veio o Cear� que tinha secretaria de seguran�a p�blica. Posteriormente, a Bahia que, pasmem, tamb�m tinha secretaria de seguran�a p�blica. Outro dia, S�o Paulo que tamb�m tem secretaria de seguran�a p�blica. Eu n�o creio que o problema de n�o ter secretaria de seguran�a p�blica seja o causador disso, no Brasil inteiro."

E prossegue:

"Acho que isso � uma an�lise rasa de quem tem uma opini�o s� e se firma naquilo como pedra angular. Aqui sempre ser� aberto ao di�logo. Se a gente perceber que o modelo n�o est� funcionando, podemos mudar sim. Mas, nesse momento, n�o vejo, at� porque quando o Rio de Janeiro precisou de interven��o federal, tamb�m tinha secretaria seguran�a p�blica. Ent�o, esse n�o � o motivo de termos crise na seguran�a", conclui.

O governador n�o quis se posicionar sobre as demais cr�ticas feitas por especialistas nesta reportagem, como a de as pol�cias do Rio estariam empenhadas em opera��es de "grande visibilidade", mas com pouco impacto efetivo, e de que faltariam investimentos para moderniza��o das for�as.


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