(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Nascimento do catolicismo

O cristianismo estaria fadado a ser mais uma seita semita n�o fosse a desobedi�ncia de Paulo de Tarso, pregando para os estrangeiros


postado em 21/07/2019 04:14

No G�nesis e no dil�vio babil�nicos, o Deus do bem e a deusa-serpente do mal lutam no cosmos. O Deus bom quer o bem dos homens; e Ad�o, antes de conhecer Eva, casa-se com Lilith, que se rebela, n�o aceitando o dom�nio masculino, por inspira��o da deusa. � um mito de transi��o. No dil�vio babil�nico, uma deusa m�, Tiamat, que tinha forma de serpente, inicia o dil�vio para destruir a humanidade, restaurando o caos, e o Deus do bem o encerra, salvando os homens e o cosmos (o mundo organizado). A adapta��o de mitos polite�stas sem�ticos ao mosa�smo de Jav� implicou tornar Deus bom e mau ao mesmo tempo. Ele cria o homem (� bom), mas logo o expulsa do para�so (� castigador) e, em seguida, decide destruir a humanidade com um dil�vio (� mau e destruidor). D�-se conta de que se destru�sse a humanidade de nada lhe valeria ser Deus, sem seres pensantes a lhe prestar homenagens, notadamente, os hebreus, j� que se apresenta como o Deus de um povo s�, os descendentes de Abr�o, que saiu da Caldeia (Iraque, ao Sul) nascido na cidade de Ur. O jeito – para os redatores da Tor� – foi mostr�-lo arrependido duas vezes. Primeiro, cria o homem. Depois, se arrepende de t�-lo feito: decide matar (dil�vio) toda a cria��o. Em seguida, arrepende-se de ter-se arrependido, e com No� e sua mulher, ap�s a matan�a, salva o futuro da ra�a humana e de uns tantos animais. Por fim, enfaticamente, promete que n�o voltar� a ferir o homem, a saber:
 
"N�o tornarei mais a amaldi�oar a terra por causa do homem; [...] nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz." (G�nesis, 8:21). Nessas passagens b�blicas, Deus age como um ser humano, sem controle da situa��o. � medida que os fatos acontecem, ele vai reagindo emocionalmente. Essa dubiedade estava j� presente no mito de Ad�o e Eva. Deus os avista cobrindo as genit�lias, se encoleriza ap�s interrog�-los, e profere an�temas terr�veis contra os personagens dessa primeira trag�dia. Ad�o ter� que suar para ganhar o p�o. Eva ir� parir filhos na dor, e Tiamat, a deusa babil�nica sob a forma de serpente, � transformada em uma simples cobra falante, ser� pisada por Eva e morder� seu calcanhar (G�nesis 3.7 - 21). Embora Jav� agisse como um chefe castigador e vingativo, o Senhor dos Ex�rcitos seguia sendo Deus dos hebreus e para os hebreus, at� o aparecimento do cristianismo, na moldura de um Pai universal e amoroso
 
O monote�smo judaico era a religi�o de Israel; o cristianismo � religi�o para todos os povos, com seu amor fraterno, acolhendo todos os estrangeiros (gentios). Mas a Trindade mant�m Jav� como Pai, a pomba da paz como o Espirito Santo, e Jesus, como filho de Deus.
O cristianismo estaria fadado a ser mais uma seita semita n�o fosse a desobedi�ncia de Paulo de Tarso, pregando para os estrangeiros, contra Tiago, irm�o de Jesus e os ap�stolos, seguido do oportunismo pol�tico do imperador romano Constantino. "N�o vos encaminheis para os gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos; ide antes �s ovelhas extraviadas da casa de Israel" (Mateus 10:5-6). Gentio era o estrangeiro ou aquele que n�o professava a religi�o judaica (Houaiss). A cren�a na Trindade (tr�s pessoas em um s� Deus) n�o tem origem na B�blia, mas no Conc�lio de Niceia, realizado no pal�cio de Constantino, na cidade de Bit�nia, atual Iznik, na Turquia.
 
Ao perceber que o novo credo � conveniente � domina��o das na��es com seu "Deus universal", ele institui a toler�ncia religiosa, legitimando o cristianismo (�dito de Mil�o), e abre caminho para torn�-lo – com Teod�sio – a religi�o oficial do Estado. Constantino globalizou o cristianismo urbi et orbi. Enquanto os outros deuses eram divindades locais, ligadas a uma dada cultura, um Cristo universal serviria como Deus de todos os povos de seu imp�rio, para ser reverenciado por seus s�ditos, sendo ele o "cabe�a" da nova religi�o. Duas sedes surgem: Roma e Constantinopla. Constantino foi, de fato, o primeiro "chefe" do cristianismo, o sumo pont�fice, (papa?). Promoveu o primeiro conc�lio ecum�nico (325 d.C.), e sob sua autoridade criou-se a f�rmula do Deus-trino (credo de Niceia) como lei imperial.
 
Como seita originalmente judaica, era natural que adotasse os mitos do Velho Testamento, como partes do c�non crist�o (a B�blia contendo o Velho e o Novo Testamento), deixando as inconsist�ncias inc�lumes, inclusive a do anjo rebelado, origem do mal, inimigo da humanidade, resqu�cio do polite�smo semita antigo.
 
O papado com sede em Roma tinha dom�nios, torna-se um Estado territorial, em v�rios lugares. Hoje, est� restrito ao Vaticano. Contudo, n�o arrasta toda a cristandade. Os crist�os ortodoxos preferem patriarcas na Gr�cia, na Arm�nia, em Constantinopla, na R�ssia. E, logo, vir�o outras divis�es, ser�o os anglicanos e os "protestantes" em geral.
O curioso de tudo isso � que a palavra cat�lica significa universal.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)