Dulce de Almeida Torres
Graduada em letras/ingl�s, tem mestrado internacional em ci�ncias da educa��o e � p�s-graduada em metodologia do ensino superior, em educa��o a dist�ncia e em ci�ncias da educa��o
Voc� � jovem, tem entre 18 e 33 anos, tem esp�rito inovador e capacidade investigativa, cultiva novas formas de relacionamento, comunica��o e aprendizado, domina inform�tica, aprecia a autonomia e consegue fazer v�rias coisas ao mesmo tempo? Tudo indica que seu perfil se enquadra no que os soci�logos chamam de gera��o Y, os jovens nascidos entre 1980 e 1995, uma legi�o que s� no Brasil j� conta com 55 milh�es de mentes inquietas, que t�m como uma das principais caracter�sticas o fato de estar totalmente inseridas no contexto das transforma��es sociais e tecnol�gicas que levaram � populariza��o da internet.
Essa gera��o acostumada ao "tempo real", que vive conectada ao mundo em redes da alta velocidade; que convive diariamente com a superexposi��o; que inventou a selfie; e que oscila do ciberativismo � "gamefica��o" da vida, dos m�ltiplos relacionamentos virtuais ao individualismo narc�sico, � um fen�meno que ainda n�o est� totalmente compreendido. S�o jovens conhecidos por ser extremamente ansiosos, com sentimento de autoestima fortemente elevado, e por terem presenciado o surgimento do mundo digital por meio dos tablets, smartphones, aplicativos e redes sociais. Est�o sempre ligados ao celular.
Todas as formas de intera��o e de comunica��o s�o feitas por meio desses dispositivos, mas um contato on-line apenas n�o lhes � suficiente e executam v�rias coisas ao mesmo tempo, dada a sua facilidade, versatilidade e familiaridade com essas ferramentas. S�o acostumados � rapidez e velocidade na chegada das informa��es. S�o bastante exigentes nesse quesito, pois est�o acostumados a ter essas informa��es em m�os, j� que solicitadas com o simples clicar de um bot�o. Afinal, foi assim que a sua vida come�ou.
Tudo se complica ou, como dizem eles, "a parada fica sinistra" quando os Y, os aut�nticos nativos digitais, invadem o mercado de trabalho em busca de um lugar ao sol, de uma coloca��o profissional, pois ter�o que conviver com seu oposto, a gera��o X (pessoas nascidas na d�cada de 60) e que pensam completamente diferente. Os Y desejam, sim, trabalhar por prazer. E n�o � s� isso... Gostam de trabalhar de uma maneira menos formal, com jornadas flex�veis que lhes permitam n�o apenas trabalhar das 8h �s 18h, mas preocupar-se em saber o que produzir�o nesse hor�rio. O que importa � fazer aquilo que gostam, � a realiza��o pessoal. Se n�o houver essa realiza��o, para eles "n�o rola", ou seja, n�o vale o investimento na profiss�o. Projetos s�o seu foco e a criatividade a sua mola propulsora. S�o jovens cujo comportamento e objetivos alteraram, de forma veemente, os costumes e os modelos de gest�o tradicional at� ent�o arraigados �s empresas. Por esse e outros motivos, tais como dificuldade em obedecer a hierarquias, por exemplo, criam conflitos e constrangimentos dentro de empresas que ainda n�o se adaptaram a essa nova gera��o de profissionais que assim age porque lhes parece uma atitude normal e correta. Digamos que, na sua vis�o, est�o "mandando bem".
Para Don Tapscott, estudioso da gera��o Y, essa gera��o tem algumas caracter�sticas interessantes e, por que n�o dizer, in�ditas at� aqui. Por exemplo: seu crit�rio de julgamento � a "consci�ncia", e n�o a "obedi�ncia". Subordina-se a "v�nculos", e n�o a "cargos". Gosta de ter autonomia, gosta de receber feedback a cada trabalho, e � movida a elogios e reconhecimento. N�o � orientada por "fins", mas, sim, por "meios". Desafios e promo��es s�o os seus objetivos. Mas o que acontece quando um Y descobre que o mercado de trabalho � pouco atraente, tanto pela disponibilidade de vagas quanto pelo tipo de trabalho ma�ante que � ofertado? Nesse momento, na sua linguagem, "a chapa esquenta". E o que fazer ent�o? Certamente, ser� partir em busca de outras paragens que venham ao encontro de suas expectativas.
Apesar de costumeiramente chamados de prepotentes e individualistas, os jovens da gera��o Y procuram sempre relacionar-se e interagir com pessoas de todos os lugares do mundo. Al�m dessa intera��o constante, h� a mobiliza��o que essa gera��o tem para com as a��es sociais, do meio ambiente e de sustentabilidade. At� hoje, nunca uma gera��o interessou-se tanto nessas quest�es, engajando-se nestes movimentos com todo o vigor de sua juventude. Fica provado, ent�o, atrav�s dessas constata��es, que o futuro n�o ter� car�ter individualista, mas, sim, um car�ter colaborativo.