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Pessoas de um livro s�


12/04/2021 04:00

Walber Gon�alves de Souza
Professor e escritor

O pensamento que intitula este artigo n�o � meu, portanto, n�o � algo original, apesar de sua ess�ncia ser super pertinente e atual. Ele nos remete a um dos pensadores cl�ssicos da humanidade, considerado um dos homens mais s�bios do catolicismo e que continua exercendo grande influ�ncia nas discuss�es filos�ficas e sociais: Tom�s de Aquino.

Tom�s de Aquino afirmava: “Tenho medo do homem de um s� livro (de uma s� ideia)”, numa refer�ncia �quelas pessoas que, mesmo sendo leitoras ass�duas, n�o se permitem ler obras que podem contradizer suas ideias e pensamentos. Pelo contr�rio, buscam apenas enraizar, a todo custo, seu modo de pensar, criando uma ideia fixa e imut�vel, e o pior, podendo assim, gerar o risco de uma pr�tica ditatorial de imposi��o da sua forma de pensar aos outros. Algo tamb�m t�o comum.

Mas lendo este texto, poderia surgir um questionamento: n�o seria interessante buscar a todo momento argumentos que justifiquem nossas ideias? Com toda certeza, sim. Mas na mesma dire��o, n�o podemos nos furtar de progredir e evoluir em nossos pensamentos, algo que somente o contradit�rio pode nos oportunizar.

Pois como diriam os fil�sofos gregos S�crates e Plat�o, no milenar m�todo dial�tico, a s�ntese, portanto a poss�vel conclus�o de um assunto, s� nasce do confronto de diverg�ncias e contradi��es (tese x ant�tese); e n�o de um arcabou�o ideol�gico que s� converge para uma mesma dire��o, sem permitir ou fomentar a reflex�o das contradi��es.

� importante perceber que esse movimento dial�tico n�o tem fim, devido a v�rios motivos, entre eles, momento hist�rico, condi��es culturais, o pr�prio desenvolvimento intelectual e outras infinitas variantes. O que importa, ou deveria de fato importar, � permitir-se caminhar na dire��o da s�ntese. O que n�o tem sido uma tarefa f�cil num mundo t�o tomado pelo fanatismo e/ou fundamentalismo, das mais diversas correntes, sendo elas: religiosas, pol�ticas, econ�micas, educacionais...

Ao evitar a dial�tica, n�o conseguimos enxergar os erros e contradi��es dos nossos pensamentos, algo que nunca vai deixar de existir, mas que s� se torna super�vel quando enxergado. Pois como diria C�cero, outro nome importante da nossa hist�ria, a sobreviv�ncia da pr�pria democracia consiste na dial�tica, no reconhecimento dos erros e na mudan�a consciente de ideias. Que pode ser exemplificado pelo famoso cantor Raul Seixas: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opini�o formada sobre tudo”.

O ser humano de um livro (ideia) s� corr�i os princ�pios democr�ticos, cultiva os extremismos, provoca a falsa rivalidade e cria o abismo da intoler�ncia. Todavia, de forma covarde e desumana, perpetua os aparatos sociais, que no fundo s� agrada a quem continua dominado e/ou ditando as regras do jogo, seja ele de que extremo for.

E termino este texto parafraseando um outro pensamento de Tom�s de Aquino: quer perder um amigo extremista? Basta simplesmente n�o concordar com ele e/ou mostrar um ponto divergente.


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