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Estado de Minas

Falta d'�gua ou de solo, afinal?


postado em 28/08/2019 04:00



Ed�zio Teixeira de Carvalho
Engenheiro ge�logo


Existe analogia perfeita entre corpo humano e m�dico, de um lado, e, de outro, entre sistema geol�gico e seus poss�veis "m�dicos", pois, afinal, se o corpo humano est� doente ou ferido, ser� tratado por m�dicos ou por substitutos eventuais. De modo em tudo semelhante, o sistema geol�gico pode apresentar ferimentos ou doen�as naturais ou provocadas por a��es humanas. Enquanto o dever de tratar o corpo humano � cumprido, ainda que com falhas mais ou menos lament�veis, o sistema geol�gico deixa quase sempre de ser tratado por quem possa cur�-lo. Por que seria? Cito exemplo do qual tenho conhecimento: Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto (MG), viu passar para l� e para c� centenas dos  melhores ge�logos do mundo, desses que, para ficarmos em casos bem conhecidos, participaram, porque n�o o fizeram sozinhos, de descobertas de petr�leo, como o campo de Majnoon, no Iraque, e dos campos do nosso chamado pr�-sal.

Por que bom n�mero deles n�o foi chamado a solucionar o problema das vo�orocas de Cachoeira do Campo, infinitamente mais f�cil que o das not�veis descobertas? � porque n�o existe a percep��o de que as vo�orocas, tormento f�sico maior da localidade, n�o s�o apenas problema ambiental local, que se completaria em Amarantina, al�m de participarem da ru�na de grandes partes da terra cachoeirense. Digo n�o apenas porque as terras movimentadas pelo fen�meno erosivo de Cachoeira  assoreiam, completamente, o reservat�rio de Rio de Pedras, em Itabirito, e t�m de seguir al�m por n�o caber mais no leito do Maracuj�, e muito menos no pequeno reservat�rio, tendo de seguir para Rio Acima, Raposos, Sabar�, Santa Luzia, ganhando o S�o Francisco e, finalmente, as grandes represas da Bahia e do Nordeste.

 Trata-se, como se v�, de mal de extens�o territorial subcontinental. N�o obstante, portanto, a grandeza da desgra�a, da cura dessa doen�a, a lei n�o quer participar e, contrariamente ao que recomenda ao doente humano, a lei mal concebida afasta o "m�dico" do sistema geol�gico moribundo, sem solo nas altas cabeceiras suficiente para hospedar a �gua, seu papel geol�gico n�o menos importante que o de nutrir as plantas que matam a fome dos homens e animais.  

Uma humanidade geologicamente n�o alfabetizada n�o percebe que o solo tanta falta faz nas alturas, por ser o primeiro reservat�rio das �guas pluviais.  Al�m disso, � amplamente um recurso ambiental n�o renov�vel, de modo que deve ser buscado de volta... Mas como? Ora, o �nico empecilho � a lei, que, ao nascer das vo�orocas, em que o sangue da terra se esvai em mort�feras feridas como as de um corpo humano que sucumbe � hemorragia, pro�be a conten��o do processo como se essa conten��o fizesse mal � �gua. Pois bem, essa conten��o faria bem � �gua porque isso evitaria seu retorno precoce ao mar! Al�m disso, a �gua que se esvai nunca deixa de levar consigo o solo, e, portanto, essa perda de superior hierarquia geoambiental estaria sendo reduzida. Ent�o pensemos num consagrado fil�sofo da hist�ria, um certo Her�clito de �feso, que disse o seguinte: "Um homem e um rio nunca se encontram mais de uma vez em suas vidas, porque nem o rio nem o homem ser�o, no segundo, os mesmos do primeiro encontro". � claro que n�o sei tudo o que se escreveu sobre ele, mas sei que sabia ser perfeitamente normal que o homem sempre evolui aproximando-se da morte, mas o rio n�o pode porque cabe a ele sustentar gera��es seguidas de gera��es, e isso � geologicamente incompat�vel com a falta ou com a irregularidade do abastecimento de �gua. Fica evidente que o que de fato n�o pode faltar � o solo, sem o qual n�o se controla a �gua.


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