Kamel Aref Saab
Gr�o-mestre do Grande Oriente de S�o Paulo (Gosp)
Muito por conta dos seus ideais centen�rios de liberdade, igualdade e fraternidade, que regem as a��es da Ordem e dos Irm�os que a comp�em at� os dias atuais, a Ma�onaria teve atua��o fundamental em muitos processos hist�ricos do Brasil, como na aboli��o da escravatura, Independ�ncia, Inconfid�ncia Mineira, Revolu��o Farroupilha, e at� na Proclama��o da Rep�blica, que comemora 130 anos neste 15 de novembro de 2019.
Devido � inexist�ncia de partidos pol�ticos durante a Independ�ncia do Brasil, anos antes da proclama��o, a Ma�onaria assumiu o papel de partido pol�tico desde ent�o. Naquele momento hist�rico, tornou-se uma grande for�a social e ideol�gica, sempre com o cunho social e democr�tico e a favor da constru��o de uma nacionalidade.
O ato que estabeleceu que, a partir daquela data, o Brasil deixasse de ser Imp�rio e passasse a ser Rep�blica foi reflexo de um movimento liderado pela classe militar, que, em sua maioria, era composta por ma�ons ativos e que passaram a questionar as estruturas pol�tico-sociais do imperador dom Pedro II.
O primeiro governo republicano, liderado pelo ex-gr�o-mestre marechal Manuel Deodoro da Fonseca, foi formado somente por membros da ma�onaria brasileira, como o vice-presidente, marechal Floriano Peixoto, e os ministros Benjamin Constant, Quintino Bocai�va, Ruy Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Dem�trio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk.
Seja no brado retumbante da Independ�ncia, na Proclama��o da Rep�blica ou destruindo as correntes da escravid�o, a Ma�onaria sempre exerceu seu papel de protagonista na luta pelo progresso e evolu��o social na hist�ria do Brasil.
Os ma�ons brasileiros, que estariam envolvidos no processo da Proclama��o da Rep�blica anos mais tarde, j� atuavam por interm�dio de suas lojas na imprensa, ou mesmo nas tribunas, para demonstrar a preocupa��o sobre a ainda vigente escravatura no Brasil e com a hip�tese de um terceiro reinado.
Em 1869, uma loja ma��nica de Sorocaba prop�s a liberta��o de crian�as da escravid�o e, em abril de 1870, o ma�om Ruy Barbosa apresentou, em S�o Paulo, um projeto de aboli��o obrigat�rio para toda a Ma�onaria nacional. J� em 1871, o estadista e ma�om Visconde de Rio Branco articulou e promulgou a Lei do Ventre Livre, que determinava livre todos os filhos de mulheres escravas. Foi considerada a primeira lei abolicionista no Brasil.
A partir dessas iniciativas, cresceu o n�mero de movimentos republicanos em todo o pa�s, sempre com a forte presen�a ma��nica.
A mesma Ma�onaria que ajudou a construir o Brasil, norteada pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, segue viva, n�o silente ou absorta em passado, como se imagina. Como ma�ons que somos, entendemos nossa heran�a hist�rica e a responsabilidade que carregamos em lutar pela constru��o do mundo que queremos.