Juliane Gomes de Paula
Infectologista (HSANP)
Preconceito, falta de incentivo e educa��o sexual prec�ria s�o fatores que interferem na imuniza��o contra o HPV em crian�as, adolescentes e mulheres no pa�s. O papilomav�rus humano � uma doen�a sexualmente transmiss�vel, que afeta indiv�duos de ambos os sexos, da inf�ncia � fase adulta. Apesar de nem sempre ter cura, existe preven��o e tratamento.
O principal sintoma dessa doen�a � o surgimento de v�rias pequenas verrugas na regi�o �ntima, que geralmente se acumulam muito perto umas das outras, formando uma esp�cie de ‘crosta’. Por isso, toda aten��o � v�lida; as verrugas ou bolinhas, como s�o chamadas muitas vezes, podem surgir nas m�os, coxas, boca, podendo ser confundidas com um sinal ou doen�a de pele. A infec��o pelo HPV pode provocar doen�as graves, como les�es na vagina, p�nis, �nus e o c�ncer de colo do �tero.
Por se tratar de um v�rus, n�o h� um tratamento espec�fico. O que � feito, na maioria dos casos, � o tratamento das verrugas de forma individualizada. Para o procedimento s�o utilizados o laser, a eletrocauteriza��o, o �cido tricloroac�tico e medicamentos para refor�ar o sistema imunol�gico do paciente.
O sistema de sa�de p�blico, o SUS, indica a vacina��o para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14. Para os portadores do v�rus HIV, a faixa et�ria � maior, vai dos 9 aos 26 anos, e o programa vacinal � de tr�s doses, contendo intervalos de dois e seis meses. Vale lembrar que a vacina � gratuita nos postos de sa�de, podendo ser facilmente encontrada.
Segundo o Minist�rio da Sa�de, apenas 22% dos meninos na faixa et�ria indicada tomaram a segunda dose. Entre as meninas, 51%. Outra preocupa��o do Minist�rio da Sa�de em rela��o � vacina � que a imuniza��o entre as meninas � muito maior do que entre os meninos. O preconceito � o fator respons�vel para que n�o haja interesse na vacina��o e, na maioria dos casos, oriundo dos pais. Muitos pensam que ao falar do assunto, podem despertar nas crian�as um interesse sexual que n�o � bem-vindo na idade prevista para a vacina��o.
Oito entre 10 mulheres sexualmente ativas contraem pelo menos um tipo de papilomav�rus ao longo da vida. O Minist�rio da Sa�de registra 137 mil novos casos no pa�s a cada ano. Hoje, o desenvolvimento da doen�a � respons�vel por 90% dos casos de c�ncer de colo de �tero.
A maioria das pessoas n�o apresentam nenhum sintoma ao contrair a doen�a e, por isso, n�o procuram tratamento. Esse comportamento � o grande respons�vel pela dissemina��o do v�rus, que tem 150 tipos (cepas).
O Brasil � um dos l�deres mundiais em incid�ncia de HPV. As v�timas preferenciais s�o mulheres entre 15 e 25 anos, embora a doen�a tamb�m acometa os homens. O n�mero menor de registros no sexo masculino pode ser explicado pela baixa procura dos homens por servi�os de urologia, preconceitos ou falta de informa��o, o que tornaria a doen�a subnotificada.
O mais importante � que o HPV pode ser prevenido, por�m, o preconceito em rela��o � doen�a n�o pode ser maior que o tratamento. Portanto, informe-se, vacine-se e converse com seus filhos. O papel dos pais na educa��o e preven��o de doen�as sexuais � fundamental.