Ronaldo Gusm�o
Presidente do Ietec e da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME)
Quase todos j� tivemos a experi�ncia de usar um aplicativo para nos locomover, e muitos j� pegaram um Uber que tinha como motorista um engenheiro. Isso aconteceu comigo pela primeira vez em dezembro de 2016, durante uma viagem ao Rio de Janeiro. Tive a oportunidade de utilizar por algumas vezes esse aplicativo e me deparei com in�meros engenheiros que trabalhavam como motorista para sobreviver. Fiquei indignado de como o pa�s estava perdendo m�o de obra qualificada e com tantas car�ncias em infraestrutura etc. Eu tinha que fazer algo!
Mas o que mudou de 2016 pra hoje? De 2015 a 2016, o Brasil j� havia perdido mais de 35 mil postos de trabalho para engenheiros, e de janeiro de 2017 a outubro de 2019, mais 11 mil, totalizando 46.906 postos de trabalho perdidos para os engenheiros. A situa��o se agravou ainda mais. Nesse mesmo per�odo formaram-se mais de 400 mil engenheiros no Brasil, que chegaram ao mercado de trabalho e n�o encontraram trabalho na engenharia.
As crises pol�tica e �tica descobertas pela Opera��o Lava-Jato, e a crise econ�mica sem precedentes que vivemos nos �ltimos anos atingiram em cheio as empresas de engenharia, afetando, assim, toda uma importante cadeia produtiva do pa�s.
No mercado de trabalho, hoje em dia, tamb�m acontece uma situa��o disruptiva, causada pelo avan�o tecnol�gico, que torna obsoletas v�rias fun��es por meio da automa��o e, simultaneamente, possibilita o surgimento de novas fun��es. Essa situa��o afeta profundamente as rela��es entre trabalho (servi�o) e capital (aplicativo) dos profissionais liberais, como os engenheiros. O que era ou deveria ser um bico, a uberiza��o, virou uma op��o de sobreviv�ncia para dezenas de milhares de engenheiros, criando assim uma depend�ncia econ�mica sem as devidas contrapartidas sociais.
Fazer uma transi��o de depend�ncia econ�mica para renda complementar ser� o maior desafio de todos os que se encontram nessa situa��o. Somente com uma tomada de consci�ncia e uma for�a de vontade extraordin�ria as pessoas deixariam uma renda garantida para voltar ao seu verdadeiro mercado de trabalho, se requalificar, fazer uma atualiza��o tecnol�gica, adquirir novos conhecimentos e desenvolver as novas habilidades que o novo mercado de trabalho demanda. E voc� est� preparado ou est� se preparando para essa mudan�a? Voc� tem se responsabilizado pela sua autogest�o de carreira?
Os sinais da retomada econ�mica come�aram a aparecer no final de 2019. Depois de 52 meses seguidos com perdas de empregos na engenharia, come�amos a enxergar uma luz, ainda no in�cio do t�nel. Pelo quarto m�s consecutivo, temos um saldo positivo na contrata��o de engenheiros, e as empresas ir�o precisar de engenheiros com alta produtividade.
Voltando ao in�cio, eu tinha que fazer algo! Reunimos algumas dezenas de colegas engenheiros e arquitetos tamb�m indignados com a situa��o da engenharia e do desenvolvimento em nosso pa�s, renovamos a mais representativa entidade da engenharia em Minas Gerais, a Sociedade Mineira de Engenheiros. Renova��o nas pr�ticas associativistas, na coopera��o e na conex�o entre quatro gera��es de engenheiros. Vitalizamos a entidade com a promo��o de dezenas de debates, semin�rios e encontros realizados na associa��o e outros locais.
Esse foi o prop�sito que nos moveu, que tamb�m poder� mover milhares de engenheiros para a constru��o de uma engenharia forte e, principalmente, engenheiros trabalhando como engenheiros para a melhoria da qualidade de vida da popula��o brasileira.