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Estado de Minas Artigo

20 anos sem Ariosvaldo de Campos Pires

Era um privil�gio v�-lo discursar ou sustentar oralmente da tribuna, ou ouvir sua voz maviosa entoar can��es italianas em restritas rodas de muitos amigos


13/11/2023 04:00
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Maur�cio de Oliveira Campos J�nior
Advogado criminalista e disc�pulo

H� exatamente duas d�cadas, aos 69 anos de idade, morria Ariosvaldo de Campos Pires, um dos maiores advogados do pa�s, orador impec�vel, humanista essencial.

Foram muitos os institutos e as entidades que contaram com a contribui��o da sua intelig�ncia, eleg�ncia e sensibilidade: professor de direito penal e diretor da vetusta Casa de Afonso Pena, a faculdade de direito da UFMG, presidente da OAB/MG, procurador-geral do munic�pio de Belo Horizonte, presidente do Conselho Penitenci�rio de Minas Gerais e do Conselho Nacional de Pol�tica Criminal e Penitenci�ria do Minist�rio da Justi�a, membro da Academia Mineira de letras, presidente do Minas T�nis Clube, entre outros.

Pessoa bondosa, alma generosa, era advogado vibrante e intransigente na defesa da liberdade.

Disc�pulo de Lydio Machado Bandeira de Mello, lembro-me de sua busca insistente por “pracinhas” e “canteiros” sem nome na cidade, para tentar junto � C�mara Municipal e Prefeitura de Belo Horizonte uma homenagem ao seu professor. Ele queria cuidar de uma pra�a que tivesse o nome do professor Lydio Machado. Dizia da incoer�ncia das homenagens que atribu�am nomes de juristas marcados pela defesa da liberdade e dos direitos humanos a penitenci�rias.

N�o foi por outra raz�o que, embora tarde, ao assumir a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, extingui a pr�tica de emprestar nomes de personalidades aos pres�dios mineiros e criei o concurso de monografias sobre biografias das personalidades que, at� aquela data, davam seus nomes a nossos estabelecimentos prisionais.

Iniciativa muito melhor foi do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais, que recentemente rendeu bel�ssima homenagem a Ariosvaldo ao dedicar seu nome ao Sal�o do Tribunal do J�ri da Comarca de Abaet�, sua terra natal.

Ariosvaldo tinha bom humor. Certa vez, ao buscar o port�o mais pr�ximo do acesso ao estacionamento junto ao F�rum Lafayette, passava pelo corredor das Varas de Fam�lia quando um colega o abordou perplexo: “Ariosvaldo, o que voc� est� fazendo aqui?” Famoso pela tese da leg�tima defesa da honra nos crimes passionais perante o J�ri, Ariosvaldo respondeu sem pestanejar: “Sinal dos tempos. Agora os maridos se separam.”

A for�a de seus argumentos, a clareza de sua escrita e a sedu��o de sua orat�ria tocavam, hipnotizavam e convenciam quem quer que o lesse ou ouvisse. Era um privil�gio v�-lo discursar ou sustentar oralmente da tribuna, ou ouvir sua voz maviosa entoar can��es italianas em restritas rodas de muitos amigos.

Ora solene e austero, ora leve e festivo, Ariosvaldo sabia colocar-se na hora certa e do jeito certo em qualquer lugar.
 
Ao chegar, era imposs�vel n�o perceber sua presen�a; ao sair, era muito discreto, “sa�a � francesa”, como costumava dizer.
 
V�rias gera��es cresceram sob a inspira��o da sua lideran�a e de seu exemplo �tico, despertando voca��es numa legi�o de admiradores do seu modo de fazer da advocacia o exerc�cio pleno da cidadania, de dar valor � sua profiss�o, de se orgulhar de ser instrumento de justi�a para algu�m que dele dependia e que nele confiava.
 
Ariosvaldo era luz no caminho de todos que cruzassem seu caminho.
Lament�vel que Ariosvaldo tenha ido t�o cedo, privando-nos de tantas coisas boas que poderia ter feito a tantas pessoas nesses vinte anos de sua aus�ncia.
 
Felizes aqueles que o conheceram, que puderam aprender suas li��es ao vivo e em cores e que hoje, como disc�pulos fi�is, t�m a obriga��o de venerar sua mem�ria e honrar seu legado.
 
Salve Ariosvaldo de Campos Pires, salve!




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