Professor e escritor
Durante s�culos, a segrega��o racial na �frica do Sul era uma realidade cruel e negros e brancos eram proibidos de viverem juntos e de se misturarem. Esse fen�meno social foi chamado de apartheid, um sistema em que a minoria branca dominava e explorava a maioria negra no pa�s.
Mas como sempre existem pessoas que acreditam que a vida em sociedade pode ser diferente e, neste caso em particular, essa pessoa tem nome e sobrenome: Nelson Mandela. Um homem que se tornou um �cone no combate ao racismo e segrega��o. Que lutou para que o ser humano se reconhe�a como tal, independentemente de credo, cor de pele, lugar em que vive, enfim, que sejamos simplesmente humanos.
Um homem que sofreu todas as consequ�ncias do apartheid mas que conseguiu dar a volta por cima, tornando-se o presidente do �frica do Sul e decretando, oficialmente, o fim da desumana segrega��o.
Acredito que as coisas n�o se resolveram do dia para a noite. Todavia, Mandela deixou seu nome gravado na hist�ria por combater o bom combate.
� uma pena que a humanidade insista em criar novas formas de segregar, novos jeitos de humilhar, novas maneiras de explorar. E assim, infelizmente, constatamos que o apartheid ainda continua presente em v�rias comunidades mundo afora, inclusive aqui, nas terras tupiniquins.
� incr�vel, humanitariamente falando, como ainda n�o nos demos conta de que passou da hora de dar um basta em qualquer forma de racismo. N�o d� mais para aceitar e conviver com tal situa��o.
E o apartheid continua e est� em todos os lugares, n�o s� nas mortes violentas que chocam as pessoas, tornando-se not�cia durante uns dias at� cair no esquecimento, como geralmente acontece; mas continua, principalmente, na morte silenciosa e dolorosa de milh�es de pessoas, sendo a maioria negra, de fome, de mis�ria... uma morte lenta e gradual.
O apartheid continua nas comunidades carentes em que a maioria � negra e simplesmente o poder p�blico n�o cria estrat�gias dignas que busquem resolver os problemas reais do local, pois esbarram nos interesses das mil�cias, de governantes que precisam da mis�ria para se promoverem.
O apartheid continua quando ensinam as pessoas, a maioria negra, a acreditarem que a situa��o em que vivem � digna, pois n�o se pode provocar mudan�as na cultura, no jeito de ser, na forma de viver. E o pior � que as pessoas aprendem a li��o de uma forma espantosa, contribuindo, assim, para a manuten��o silenciosa da segrega��o.
O apartheid nunca acabar� se continuarmos com o modelo que prezamos por sociedade ideal sendo o que �. Um modelo que v� o outro como rival, como amea�a, e, como diria o fil�sofo Thomas Hobbes, sendo o lobo do pr�prio homem. Um modelo que faz a pessoa acreditar que � esperta demais, por conseguir puxar o tapete do outro, mas que n�o consegue ver a sua pr�pria queda, pois tem algu�m puxando o seu tapete, como num ciclo vicioso. E, de queda em queda, vivemos no ch�o da mis�ria humana.