Wagner Botelho
Coordenador do N�cleo de Pastoral do Col�gio Marista Gl�ria, localizado em S�o Paulo (SP)
J� ouviu falar sobre “cultura do cancelamento”? Se voc� � seguidor das redes sociais ou acompanha reality shows, com certeza est� por dentro ou at� pesquisou sobre o tema. Mas sabia que esse termo n�o � de hoje?
Foi iniciado j� h� alguns anos como uma forma de protesto ou boicote dos usu�rios de redes sociais, denunciando fatos que consideram errados, injustos ou incoerentes atrav�s de suas contas pessoais. O termo foi popularizado e difundido a partir de movimentos de den�ncia como o #MeToo. Atrav�s do engajamento de influenciadores digitais e autoridades p�blicas h� uma viraliza��o, uma grande amplifica��o dessa den�ncia. Em alguns minutos ou horas, a postagem � compartilhada milh�es de vezes e o “cancelado”, seja ele pessoa f�sica ou jur�dica, recebe forte press�o social.
“Voc� pode ser cancelado por algo que voc� disse em meio a uma multid�o de completos estranhos se um deles tiver feito um v�deo, ou por uma piada que soou mal nas m�dias sociais ou por algo que voc� disse ou fez h� muito tempo atr�s e sobre o qual h� algum registro na internet. E voc� n�o precisa ser proeminente, famoso ou pol�tico para ser publicamente envergonhado e permanentemente marcado: tudo o que voc� precisa fazer � ter um dia particularmente ruim e as consequ�ncias podem durar enquanto o Google existir”, definiu o colunista Ross Douthat, do The New York Times.
A lista de cancelados famosos � extensa: J. K. Rowling, Anitta, Taylor Swift, Dr�uzio Varella, Steven Pinker, e mais recentemente, o assunto voltou � tona no reality show “Big brother Brasil”. Mais extensa ainda � a lista de “n�o famosos” que foram cancelados, j� que se trata de uma a��o muito comum nas redes sociais.
N�o queremos entrar no m�rito de julgar se “cancelar” � certo ou errado, mas vivemos um tempo em que o di�logo � extremante evitado, talvez por expor nossos pensamentos, gostos, jeitos. Muitas vezes, parece que preferimos o debate, uma arena de gladiadores, na qual s� sobrevive quem imp�e as suas opini�es sobre os outros.
� luz da Campanha da Fraternidade Ecum�nica deste ano, proposta pelo Conselho Nacional de Igrejas Crist�s do Brasil (Conic), olhamos para esses fatos e nos perguntamos se realmente podemos tratar a fraternidade e o di�logo como um compromisso de amor, como nos provoca o tema. Esses nossos tempos pedem acolhida, conversa, n�o viol�ncia, n�o construir muros que nos afastem ou falsamente nos protejam, mas, sim, construir pontes que nos levam a outros lugares e fa�am com que outros venham at� o nosso encontro.
O par�grafo 120 do texto-base, assim afirma: “Entendemos que fraternidade e di�logo s�o desafios de amor. Devemos nos engajar agora, na comunidade e no lugar onde vivemos. Acreditamos que Cristo � a esperan�a do estabelecimento definitivo da fraternidade e da paz”.
Por isso, � tempo de promo��o do di�logo com diferentes culturas, ra�as, etnias e religi�es.