Alexandre Sampaio
Presidente da Federa��o Brasileira de Hospedagem e Alimenta��o (FBHA)
Apenas no ano passado, o turismo brasileiro acumulou a perda de quase 400 mil postos formais de trabalho. Na �poca, o preju�zo do setor chegava a R$ 290 bilh�es. Recentemente, com dados divulgados em abril, o nosso trade registrou a perda de R$ 342,1 bilh�es. Passados tr�s meses desde o �ltimo levantamento, � esperado que esse d�ficit seja ainda maior, visto que as atividades do segmento continuam defasadas.
Em aspectos gerais, a crise econ�mica provocada pela COVID-19 � expl�cita em diversos setores. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), o desemprego no Brasil ficou em 14,7% no trimestre encerrado, tamb�m, em abril, o que totalizou 14,8 milh�es de pessoas sem atua��o no mercado. As estimativas foram divulgadas no �ltimo dia do m�s de junho, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (Pnad).
No que diz respeito ao setor de hospedagem e alimenta��o – na compara��o interanual – tivemos a perda de 871 mil trabalhadores, o que refor�a o cen�rio desolador que temos enfrentado desde a chegada do coronav�rus ao pa�s. Entretanto, engana-se quem pensa que apenas o Brasil enfrenta dias turbulentos quanto � operacionalidade do segmento.
Na mesma semana em que o IBGE divulgou a pesquisa de desemprego, a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Com�rcio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em ingl�s) indicou que a crise no turismo internacional pode custar mais de US$ 4 trilh�es ao Produto Interno Bruto (PIB) global nos anos de 2020 e 2021.
Somada a essa situa��o, dentro da realidade do nosso setor, em �mbito nacional, a aus�ncia de emprego se apresenta como uma consequ�ncia da falta de turistas em circula��o. Sem a movimenta��o da popula��o, in�meros trabalhadores deixam de atuar. Isso vale para diferentes tipos de trabalho, desde os vendedores de rua at� hot�is, bares, restaurantes e similares.
Al�m das restri��es internas que estamos vivenciando, o nosso pa�s ainda sofre com barreiras para a realiza��o de viagens internacionais. Atualmente, 43 destinos limitam a entrada de turistas, no Brasil, de forma leve.
Contudo, 28 pa�ses aplicam barreiras mais intensas, com a solicita��o de teste para detectar a COVID-19 ou, ent�o, a apresenta��o do comprovante de vacina��o. O baixo fluxo de viagens � um dos fatores respons�veis pelos preju�zos do turismo internacional e, sem d�vidas, contribu�mos para esse cen�rio.
Essas limita��es s�o decorrentes do processo de imuniza��o moroso atrelado ao aumento da circula��o das variantes no pa�s. A realidade mencionada gera o crescimento do turismo interno de forma espont�nea, todavia, n�o � o suficiente para suprir a demanda comercial que temos.
Os estabelecimentos precisam de um p�blico para que possam manter as suas portas abertas e, infelizmente, a restri��o imposta em v�rios estados brasileiros tem sido sin�nimo de fal�ncia para muitos empreendedores.
Ainda h� muitas incertezas quanto ao futuro do nosso setor. Sabemos que a vacina��o � a chave para que possamos voltar a crescer, mas, at� l�, n�o podemos deixar de lado milh�es de trabalhadores sem a sua �nica forma de renda.
Estima-se que a recupera��o global do turismo chegue apenas em 2023. At� l�, precisamos buscar alternativas para driblar mais preju�zos. Para tanto, contamos com o apoio do governo e da popula��o. Afinal, assim como temos defendido nos �ltimos meses, n�o podemos parar de acreditar na retomada e, igualmente, em dias melhores.