Samir I�sbeck
CEO e fundador do Qranio
Nos �ltimos anos, vimos o setor de gamifica��o dar um verdadeiro salto e alcan�ar patamares nunca vistos. De acordo com levantamento da Fortune Business Insights, empresa de estudos de mercado e servi�os de consultoria, em 2019, esse mercado era de US$ 6,33 bilh�es (R$ 30,13 bilh�es), mas as previs�es de crescimento j� apontam que ele deve ficar quase seis vezes maior at� 2027, chegando aos US$ 37 bilh�es (R$ 176,12 bilh�es). Fica claro que esse segmento est� em constante expans�o e deve fazer cada vez mais parte da vida das pessoas.
Embora muitos n�o percebam, est�o sendo impactados por estrat�gias de gamifica��o diariamente, tendo suas rotinas influenciadas por elas desde formas t�nues at� outras mais �bvias. E, ainda que essa tend�ncia de trazer elementos de jogos, como feedbacks r�pidos, design mais criativos, sistemas de recompensas e rankings j� fa�a parte do universo do marketing h� algum tempo, se intensificou mais recentemente.
Mas por que exatamente somos t�o atra�dos pelas estrat�gias de gamifica��o, que t�m dado certo, principalmente na era digital? Algumas das respostas para essa pergunta s�o mais ligadas a quest�es cient�ficas, enquanto outras s�o mais sutis e relacionadas ao lado comportamental de cada um.
O primeiro ponto-chave � a produ��o de dopamina, um neurotransmissor ligado ao humor, � sensa��o de prazer e ao “sistema de recompensa” do nosso c�rebro, que influencia diretamente nossas emo��es. Quando nos envolvemos com jogos ou atividades com esses elementos, acabamos aumentando a produ��o desse mensageiro qu�mico, e � por isso que nos sentimos mais felizes e tendemos a continuar buscando essa sensa��o.
Outro fator importante � que os seres humanos s�o mais propensos a se interessar e se engajar com a��es que causem sensa��o de completude, competitividade, vit�ria, conquista, que sejam mais interativas, leves, divertidas, responsivas e que aumentem sua autoestima, caracter�sticas que est�o presentes na ludifica��o e geram sensa��es positivas.
E, sempre de olho nas tend�ncias de comportamento, as organiza��es passaram a pesquisar mais sobre esse tema, analisando de que forma poderiam aplic�-lo aos seus neg�cios e quais os ganhos que teriam com isso. Com o passar do tempo, as estrat�gias foram se aprimorando cada vez mais, se aperfei�oando e evoluindo de acordo com as mudan�as vividas pela sociedade e pelos desejos e necessidades dos consumidores.
E � por isso que, mesmo sem perceber, acabamos nos engajando muito mais com atividades que aplicam esses princ�pios. Um exemplo � a ado��o dos treinamentos corporativos gamificados pelas companhias: ao trazer essas estrat�gias para esse exerc�cio, eles passaram a ser muito menos cansativos e entediantes, e os colaboradores come�aram a se divertir e interagir com mais intensidade, encarando a tarefa de forma mais agrad�vel.
Outro ambiente no qual podemos observar o uso da ludifica��o � nas salas de aula. Principalmente nos dois �ltimos anos, com as aulas a dist�ncia, as escolas tiveram que se adaptar e melhorar seus m�todos de ensino. Uma das formas de atrair e reter a aten��o dos alunos dentro de casa foi utilizar a gamifica��o para que o processo de aprendizado fosse mais f�cil e suave, gerando mais identifica��o com as novas gera��es.
Vale ressaltar que essa pr�tica pode ser utilizada nas mais diversas situa��es e contextos, por�m o mais importante � entender onde ela pode ser mais �til e consegue de fato somar para a experi�ncia do usu�rio, pois seu foco principal � retirar poss�veis atritos e facilitar as jornadas e os processos, tornando-os menos tensos e pesados.
Esse conceito tem estado muito presente na sociedade e exerce um grande papel nas atitudes e escolhas das pessoas, ainda que elas n�o se deem conta. Precisamos apenas nos atentar para que esse artif�cio seja utilizado com modera��o e sabedoria, para que n�o acabe ultrapassando a linha da manipula��o, deixe de ser prazeroso e seja visto de forma negativa. Enquanto tivermos isso em mente, poderemos desfrutar de tarefas, produtos e solu��es do dia a dia de maneira mais leve e divertida, exatamente da forma como a vida deve ser.