Fl�via Lima
Presidente da Associa��o Brasileira de Apoio � Fam�lia
com Hipertens�o Pulmonar e Doen�as Correlatas
insufici�ncia card�aca � um grave problema de sa�de p�blica no Brasil e que potencialmente reduz a expectativa de vida das pessoas. Estamos falando de 3 mi- lh�es de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. No m�s de ju- lho, o dia 9 foi institu�do como o Dia Nacional de Alerta contra a Insufici�ncia Card�aca. Precisamos alertar a popula��o sobre os fatores de risco da doen�a, sobre a import�ncia do tratamento adequado, sobre as necessidades dos pacientes. Vamos todos juntos nesta miss�o? Imprensa, sociedades m�dicas, organiza��es que auxiliam os pacientes, tomadores de decis�o, gestores do SUS e da sa�de suplementar, ind�stria farmac�utica. O alerta sobre a insufici�ncia card�aca � uma tarefa de todos n�s.
A insufici�ncia card�aca � uma doen�a grave, de alta preval�ncia e de grande conhecimento da �rea m�dica. Mas, ainda assim, trata-se de uma patologia pouco conhecida. Ela acontece na fase final de v�rias doen�as e situa��es, como infarto, diabetes, hipertens�o, uso exacerbado de bebidas alco�licas, agress�o viral, como na COVID-19.
Muitas vezes, ela � apenas conhecida como doen�a do “cora��o grande” ou do “cora��o fra- co”. Como associa��es de pacientes, percebemos o quanto muitas pessoas que t�m a doen�a n�o sabem que a t�m. Recebemos relatos cotidianos de pessoas que saem dos consult�rios sem mesmo entender que a doen�a que t�m se chama insufici�ncia card�aca. Precisamos trabalhar todos juntos para que essas pessoas se empoderem de informa��o e, assim, possam buscar seus direitos e o acesso a um melhor cuidado no sistema de sa�de.

Quando falamos em um adoecimento, n�o podemos deixar de falar dos determinantes sociais da sa�de. N�o h� como pensar em sa�de p�blica sem levar em conta a economia, a pol�tica, os aspectos sociais. O pr�prio nome do conceito de determinantes sociais da sa�de j� nos lembra que a sa�de � determinada socialmente. As pessoas n�o t�m o mesmo risco de adoecer e de morrer. O risco de adoecer e de morrer depende de condi��es de vida, de trabalho, de moradia, de alimenta��o.
E � por isso que gostaria de chamar a aten��o para quem, acreditamos, precisa de mais cuidado neste momento: as mulheres. No Brasil, 30% dos casos de infarto s�o em mulheres. S�o elas tamb�m quem t�m maior chance de morte ap�s um infarto. As doen�as cardiovasculares lideram as causas de mortalidade feminina, na frente de doen�as mais conhecidas e temidas como c�ncer de mama, de �tero e de ov�rio.
A pandemia nos mostrou – e ainda nos mostra – como precisamos cuidar das mulheres. Levantamento realizado pela Rede de Pesquisa Solid�ria em 2021 apontou que a popula��o negra tem mais chances de morrer de COVID-19, independentemente da profiss�o que exerce. Quando comparados os g�neros, as mulheres negras s�o mais v�timas do novo coronav�rus. Esse estudo indicou quais os fatores agravantes para essa realidade: moradias mais insalubres, acesso inadequado � �gua, dieta com baixa qualidade nutricional e espa�os que afetam a sa�de mental. Ou seja, acesso � sa�de, acesso � moradia, ao saneamento b�sico e �s condi��es de trabalho, tudo isso afeta a sa�de da mulher.
Outro dado relacionado � COVID-19 que trago como exemplo foi divulgado h� pouco pela Rede Sarah, sobre as manifesta��es neuropsicol�gicas de COVID longa em pacientes brasileiros. Est� l�: as mulheres s�o mais afetadas pelas sequelas da infec��o do que os homens. Participaram da pesquisa 614 pessoas com algum tipo de problema decorrente da doen�a. Nesse grupo, 73% eram mulheres e 27%, homens.
Estamos falando de mulheres que muitas vezes s�o chefes de fam�lia, que exercem sozi- nhas o cuidado dos filhos e da casa. A pandemia escancarou as desigualdades sociais do Brasil e a necessidade de cuidarmos com mais aten��o das mulheres. N�o podemos simplesmente informar e falar para as mulheres que elas precisam comer bem, fazer exerc�cio f�sico e ter menos estresse para evitar problemas no cora��o. Elas precisam ter condi��es financeiras e sociais para cuidar da sua sa�de. N�o nos esque�amos: esse autocuidado depende muito de acesso a alimenta��o saud�vel, a tempo e a espa�o para a pr�tica de exerc�cios. Assim, informa��o em sa�de, conscientiza��o e pol�ticas de sa�de precisam estar acompanhadas de programas sociais.
S�o muitos os desafios que temos pela frente: aumentar o diagn�stico precoce de uma doen�a facilmente confundida com sintomas comuns ao envelhecimento, informar e conscientizar a po- pula��o sobre os fatores de risco para a insufici�ncia card�aca, promover melhor acesso ao tratamento adequado, fortalecer o SUS e possibilitar que essas pessoas sejam acompanhadas na aten��o b�sica e que tamb�m consigam chegar aos servi�os de refer�ncia.
A preven��o de fatores de risco da insufici�ncia card�aca, o diagn�stico precoce, o tratamento correto e a ades�o a esse tratamento s�o fundamentais para mudarmos essa realidade. Precisamos trabalhar todos juntos. Que as a��es e as informa��es neste m�s de julho sirvam de alerta para que possamos mudar o futuro e cuidar com mais aten��o dessas pessoas.