Jo�sa de Abreu
Pedagoga, gestora do Col�gio Magnum
A busca pela excel�ncia e o reconhecimento dos destaques em diversas �reas da vida t�m gerado debates acalorados em torno da meritocracia. Essa pr�tica, que premia aqueles que s�o bem-sucedidos em suas atividades, tanto no mundo profissional dos adultos quanto no ambiente escolar dos jovens, ainda � incompreendida e, por vezes, combatida.
Sem d�vida, surge uma discuss�o importante sobre a equidade necess�ria para que todos possam enfrentar desafios em condi��es de igualdade. Ser� justo premiar igualmente pessoas diferentes? Aqueles que t�m menos recursos podem ser comparados com aqueles que j� possuem vantagens estruturais, como acesso � educa��o de qualidade?
Nesse sentido, iniciativas como a adotada pela comiss�o organizadora da Olimp�ada Brasileira de Astronomia e Astron�utica (OBA), que estabelece crit�rios de sele��o de estudantes com diferentes perfis para compor a equipe de treinamento para as seletivas internacionais, s�o muito bem-vindas!
No entanto, al�m dessa quest�o essencial, h� ainda uma pergunta que ecoa: por que � t�o importante promover a cultura ol�mpica nas escolas? E a resposta para esta d�vida n�o � t�o �bvia quanto alguns possam imaginar. Haja vista relatos de pais que questionam por que seus filhos precisam perder duas horas de aula para participar de uma prova de determinada olimp�ada. Ou de professores que muitas vezes se abst�m de exigir seriedade dos alunos em uma prova que n�o se relaciona diretamente com o curr�culo que est�o ministrando.
Os benef�cios da cria��o de uma cultura ol�mpica v�o desde a amplia��o do conhecimento de mundo dos alunos at� o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais. O universo das olimp�adas de conhecimento � vasto e criativo nas diferentes formas de desafiar jovens estudantes. Al�m das tradicionais provas de conte�do, os alunos que se aventuram no mundo das olimp�adas cient�ficas e de conhecimento s�o convidados a trabalhar individualmente ou em equipe na resolu��o de desafios de l�gica, na concep��o e realiza��o de v�deos para campanhas, cria��o de aplicativos, obras de arte ou jogos, participa��o em gincanas, constru��o e lan�amento de foguetes pr�prios, ou ainda a enfrentar tarefas investigativas que duram semanas e exigem habilidades que nem sempre fazem parte do curr�culo escolar.
Vale ressaltar que, em nenhum momento, destaquei como benef�cio o simples privil�gio de testemunhar a genu�na felicidade de um aluno e sua fam�lia quando ele recebe uma medalha ou men��o honrosa pelo seu desempenho, resultado de seu talento e, principalmente, de seu esfor�o e dedica��o. Claro, esse momento existe e � verdadeiramente m�gico, e deve ser celebrado e honrado!
No entanto, mais importante do que descobrir mentes brilhantes nas �reas de matem�tica, f�sica e qu�mica, a verdadeira vantagem de se criar uma cultura ol�mpica – que deve ser constante, abrangente e duradoura – � capacitar cada vez mais crian�as e jovens a se tornarem campe�es da resili�ncia, do esfor�o, da disciplina, do foco, da criatividade, da curiosidade, da proatividade, da perseveran�a, do autoconhecimento, da autogest�o e da autoconfian�a! Este � o verdadeiro pr�mio que todo educador almeja ao final de cada competi��o.
