Greg�rio Jos�
Jornalista, radialista e fil�sofo
Muitas vezes nos deparamos com locu��es que comparam as pessoas e enfatizam suas defici�ncias e imperfei��es. Um conhecido prov�rbio diz isso claramente: quando mostramos um polegar para algu�m, tr�s de nossos polegares tamb�m apontam para n�s mesmos. Este conceito sugere que reconhecer falhas nos outros � um reflexo de nossa percep��o de n�s mesmos. Perceber as imperfei��es dos outros significa autoestima. Ou mais: � um reflexo das pr�prias caracter�sticas de cada um. No entanto, confiar apenas em nossas pr�prias mensura��es n�o � suficiente para verdadeira transmuta��o.
O princ�pio de “corrigir em si mesmo o que voc� critica nos outros” exige autoconsidera��o e autoaperfei�oamento mais profundos. V�rios fil�sofos, desde pr�-socr�ticos at� pensadores brasileiros contempor�neos, t�m refletido sobre essa ideia, enfatizando a import�ncia de olhar para dentro antes de apontar as falhas dos outros.
S�crates, o fil�sofo grego, via o autoconhecimento como o caminho para a virtude. Convida-nos a explorar nossas pr�prias imperfei��es para cultivar a sabedoria e a autotransforma��o. Conf�cio j� argumentou que cultivar as virtudes que criticamos nos outros � essencial para criar um ambiente equilibrado e moralmente elevado.
O fil�sofo germ�nico Immanuel Kant abordou essa ideia de um ponto de vista moral, em que a �tica do dever � determinada pela inten��o por tr�s da a��o. Friedrich Nietzsche, por outro lado, viu essa tend�ncia cr�tica como um reflexo de nossa pr�pria fraqueza moral, e Carl Jung explorou as sombras que lan�amos sobre os outros como o lado n�o resolvido de nossas pr�prias mentes.
Ao considerarmos as perspectivas desses pensadores, fica claro que a ideia de “melhore em voc� o que voc� critica no outro” pode ser vista como um convite a autorreflex�o, crescimento pessoal e constru��o de uma base �tica s�lida para intera��es sociais saud�veis e harmoniosas.
Educadores e fil�sofos contempor�neos como Paulo Freire, Rubem Alves, Leandro Karnal, Vivian Mos�, Luis Filipe Pond�, Marilena Chau�, Marcia Tiburi e M�rio Sergio Cortella refor�am essa abordagem. Eles enfatizam a necessidade de autoconhecimento, autenticidade, autogoverno e compaix�o pelos outros.
Leandro Karnal explica que podemos entender que, ao identificarmos aspectos que criticamos nos outros, temos a oportunidade de olhar para dentro de n�s mesmos e reconhecer poss�veis �reas de desenvolvimento. Assim, ao enfrentarmos nossas pr�prias contradi��es, estamos nos engajando em uma an�lise profunda de nossa pr�pria subjetividade nos tornando mais tolerantes e compassivos, pelos pensamentos de Marcia Tiburi.
Nesse sentido, ao incorporar essas reflex�es, a ideia se transforma em uma jornada de autodescoberta, desenvolvimento �tico e crescimento consciente, contribuindo para a nossa pr�pria evolu��o pessoal e para a constru��o de uma sociedade mais justa e harmoniosa.