Camila Corr�a Matias Pereira
Especialista em preven��o e poseven��o do suic�dio
No cen�rio moderno de informa��es em alta velocidade, as palavras que escolhemos t�m um impacto profundo, moldando nossa compreens�o do mundo. Quando abordamos t�picos delicados como o suic�dio, quest�es como a comunica��o segura s�o fundamentais. Durante o Setembro Amarelo, campanha que foca na preven��o do suic�dio, precisamos trazer reflex�es sobre a comunica��o para a redu��o do estigma em sa�de mental, promo��o de di�logos seguros e de acolhimento. O conceito de comunica��o segura � importante na conscientiza��o da comunidade e conte�do relacionado � preven��o do suic�dio, buscando garantir que as mensagens sobre o suic�dio n�o aumentem involuntariamente o risco de suic�dio para indiv�duos vulner�veis. A comunica��o � complexa, pode ser interpretada de forma diferente por diversos grupos e, por isso, h� a preocupa��o de que possa causar danos.
Existem recomenda��es importantes acerca dessa tem�tica. A primeira delas � a de sempre utilizar conte�dos que incentivem a busca de ajuda, foquem na preven��o, descrevam sinais de alerta, estimulem a obten��o de ajuda para os problemas de sa�de mental e fornecimento de recursos. Al�m disso � fundamental, sempre destacar que as causas do suic�dio s�o complexas, m�ltiplas e que n�o h� culpados.
A forma como falamos do assunto pode reduzir ou refor�ar estigmas. Por exemplo, devemos evitar termos como “cometeu suic�dio”, ou suic�dio cometido que podem associar suic�dio a um crime, criando perspectivas distorcidas. � recomendado ent�o, substituir por “morreu por suic�dio” ou “morte por suic�dio”. Da mesma forma, � importante n�o utilizar express�es relacionadas a fracasso ou sucesso, como “tentativa bem-sucedida de suic�dio ou tentativa mal-sucedida de suic�dio”.
� importante tamb�m evitar certos conte�dos como descri��es gr�ficas de m�todo, locais onde o suic�dio ocorreu e cartas de despedida, uma vez que exp�em o indiv�duo, exp�em a fam�lia e n�o t�m car�ter de preven��o. Tamb�m deve-se evitar a especula��o acerca dos motivos, o julgamento e qualquer deslegitima��o ou minimiza��o dos sentimentos, seja do indiv�duo ou dos sobreviventes enlutados. Acredita-se que essas recomenda��es podem reduzir o estigma, a percep��o de termos pejorativos e favorecer a busca de ajuda.
Durante a��es de preven��o, especialmente no Setembro Amarelo, cada um de n�s assume o papel de comunicadores conscientes. Antes de compartilhar informa��es ligadas ao suic�dio, � crucial refletir sobre a terminologia utilizada, seu impacto potencial em quem receber� essa informa��o, a veracidade da informa��o, o n�o sensasionalismo ou romantiza��o da tem�tica, al�m de reflex�es profundas acerca do car�ter preventivo da informa��o. Resumindo, a comunica��o segura sobre o comportamento suicida � uma responsabilidade coletiva e que precisa ser incorporada em viv�ncias di�rias, al�m do planejamento de a��es de campanha.
Importante: se voc� ou algu�m que voc� conhece est� passando por dificuldades emocionais, n�o deixe de buscar ajuda profissional. Contate tamb�m o Centro de Valoriza��o da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e atua na preven��o do suic�dio, atendendo volunt�ria e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat. Ligue para o n�mero 188 do telefone fixo ou do seu celular, 24 horas por dia.