
Se h� preconceito contra os doentes mentais, n�o � surpresa ele tamb�m se aplicar entre os m�dicos que adoecem mentalmente. O novo coronav�rus escancarou n�o s� a precariedade f�sica, mercadol�gica, estrutural e de log�stica do sistema de sa�de, mas fez cair o v�u de como anda a qualidade de vida dos profissionais que lidam com a dicotomia vida e morte diariamente.
Muitas vezes vistos como Super-Homem e Mulher Maravilha, eles aceitam e vestem a capa de super-her�is, e se esquecem de que n�o s�o invenc�veis.
Muitas vezes vistos como Super-Homem e Mulher Maravilha, eles aceitam e vestem a capa de super-her�is, e se esquecem de que n�o s�o invenc�veis.
Diante do cen�rio provocado pela letalidade da COVID-19, muitos sentem a press�o (s�o humanos!), mas ainda assim resistem em gritar por socorro. Mas os m�dicos adoecem (assim como todos os profissionais da sa�de), principalmente em meio ao caos de uma pandemia que exige tanto.
Esgotamento profissional (s�ndrome de Burnout), o estresse diante do alto n�vel de sofrimento, exaust�o emocional, sensa��o de inefic�cia, trabalho exigente, a depress�o, escassez de recursos para desempenhar seu papel... S�o tantas as vari�veis para afet�-los que eles t�m de ser cuidados.
Esgotamento profissional (s�ndrome de Burnout), o estresse diante do alto n�vel de sofrimento, exaust�o emocional, sensa��o de inefic�cia, trabalho exigente, a depress�o, escassez de recursos para desempenhar seu papel... S�o tantas as vari�veis para afet�-los que eles t�m de ser cuidados.
A doutora em psicologia Simone Borges de Carvalho, coordenadora do Servi�o de Psicologia hospitalar da Rede Mater Dei de Sa�de, afirma que existe uma tend�ncia � resist�ncia quando o m�dico se encontra em uma situa��o que o torna paciente.
Ela conta que a institui��o come�ou a se preparar para esta pandemia em janeiro deste ano, com o v�rus da COVID-19 surgindo na China. Quando chegou ao Brasil, uma s�rie de medidas e protocolos j� estavam sendo pensados para o enfrentamento da doen�a.
Dessa forma, o hospital p�de, rapidamente, disparar iniciativas que estudos consistentes e importantes, como os da Fiocruz, mostram ser de grande efic�cia para combater impactos negativos advindos dessas situa��es.
Ela conta que a institui��o come�ou a se preparar para esta pandemia em janeiro deste ano, com o v�rus da COVID-19 surgindo na China. Quando chegou ao Brasil, uma s�rie de medidas e protocolos j� estavam sendo pensados para o enfrentamento da doen�a.
Dessa forma, o hospital p�de, rapidamente, disparar iniciativas que estudos consistentes e importantes, como os da Fiocruz, mostram ser de grande efic�cia para combater impactos negativos advindos dessas situa��es.
Ela conta que j� funcionava na rede uma mesa de crise para discuss�o das medidas necess�rias a cada situa��o que se apresenta. Informa��es objetivas e claras foram repassadas aos profissionais, al�m de protocolos visando � prote��o deles, bem como treinamento e capacita��o para o uso de EPIs. Criou-se um grupo de coordenadores de todas as cl�nicas que tanto recebem d�vidas dos profissionais como orientam em tempo real.
DISCRIMINADOS
Simone Borges lembra que o pa�s vivencia a pandemia h� tr�s meses e, portanto, as demandas que se apresentaram no in�cio n�o s�o as mesmas que se revelam agora e, por isso, � poss�vel inferir que poder�o ser diferentes no momento que est� porvir.
“A gente escuta muitas vezes dos profissionais o medo de se contaminar e levar o v�rus para um familiar, a dificuldade de lidar com o fato de serem discriminados. Ao mesmo tempo em que a sociedade os v� como her�is, tamb�m os v� como transmissores em potencial. E isso em grande parte das vezes � frustrante.”
“A gente escuta muitas vezes dos profissionais o medo de se contaminar e levar o v�rus para um familiar, a dificuldade de lidar com o fato de serem discriminados. Ao mesmo tempo em que a sociedade os v� como her�is, tamb�m os v� como transmissores em potencial. E isso em grande parte das vezes � frustrante.”
Para a psic�loga, os profissionais da sa�de vivem um momento de rupturas, de perdas. J� n�o h� mais o cotidiano de antes, n�o convivem mais com os familiares e amigos como antes, n�o fazem coisas simples como ir ao supermercado.
Al�m disso, eles s�o lan�ados diante de uma realidade bem dif�cil: a COVID-19 coloca todos diante da possibilidade de morte, mas � o profissional de sa�de quem vai lidar diretamente com essa realidade.
Al�m disso, eles s�o lan�ados diante de uma realidade bem dif�cil: a COVID-19 coloca todos diante da possibilidade de morte, mas � o profissional de sa�de quem vai lidar diretamente com essa realidade.
Quando o controle do v�rus vier, como estar�o esses profissionais da linha de frente? Simone Borges diz que esta � a pergunta que n�o quer se calar: como vai ser?.
“N�o sabemos, mas acreditamos que muita coisa vai mudar na sociedade, no modo de viver, na forma de estar com as pessoas, inclusive na maneira de trabalhar. Vivenciamos um momento que nos coloca diante do limite da vida e isso n�o � sem consequ�ncia. Dificilmente o ser humano passa por uma experi�ncia dessa sem que isso gere alguma mudan�a. Sintomas como estresse, depress�o, ansiedade... Depende do tratamento que cada um vai dar a isso neste momento. � preciso cuidar agora para n�o desenvolver transtornos graves depois.”
“N�o sabemos, mas acreditamos que muita coisa vai mudar na sociedade, no modo de viver, na forma de estar com as pessoas, inclusive na maneira de trabalhar. Vivenciamos um momento que nos coloca diante do limite da vida e isso n�o � sem consequ�ncia. Dificilmente o ser humano passa por uma experi�ncia dessa sem que isso gere alguma mudan�a. Sintomas como estresse, depress�o, ansiedade... Depende do tratamento que cada um vai dar a isso neste momento. � preciso cuidar agora para n�o desenvolver transtornos graves depois.”
Estrat�gias que ajudam

» Buscar manter uma rotina de conv�vio social, mesmo que virtual
» Atividade f�sica contribui de forma significativa para diminuir ansiedade, estresse e depress�o
» N�o se expor demasiadamente �s not�cias sobre a pandemia, j� que o excesso pode ser gerador de ansiedade. A informa��o precisa ser clara, consistente, confi�vel e n�o amb�gua para que tenha um impacto positivo
» � importante o profissional saber que sintomas de ansiedade, de estresse e de depress�o s�o sintomas normais diante de uma situa��o anormal, bem como nos mostram os trabalhos da Fiocruz
» O profissional precisa estar atento a si, aos seus sintomas para procurar ajuda precocemente. Estudos mostram que boa parte das pessoas que apresentam tais sintomas, se n�o tratadas de forma precoce, podem desenvolver transtornos ps�quicos mais graves em dois, tr�s meses
» � fundamental que cada um busque aquilo que gosta de fazer, encontre algo que gere prazer e que possa ser feito nas condi��es impostas: a palavra de ordem � a criatividade. Cada um tem de criar, a seu modo, uma forma saud�vel de viver este momento
tr�s perguntas para...
M�cio Pereira Diniz,
anestesiologista e diretor de servi�os pr�prios da Unimed-BH
1 Com a pandemia, como est�o reagindo os intensivistas e demais especialistas que est�o na linha de combate � COVID-19? Qual assist�ncia eles t�m?
Colocamos em pr�tica diversas a��es com o objetivo de trazer mais seguran�a aos profissionais. O foco est� na capacita��o, autocuidado e preven��o. Desde o in�cio da pandemia, os m�dicos t�m acesso a v�rios conte�dos educacionais, por meio de podcasts e v�deos de especialistas com enfoque voltado para o novo coronav�rus. Investimos fortemente na compra de insumos de prote��o individual e na capacita��o das equipes quanto ao uso de EPIs. Adotamos outras a��es, como a distribui��o de m�scaras de prote��o para uso social e a op��o de afastamento para m�dicos com mais de 60 anos e com comorbidades. Para trazer mais seguran�a financeira para aqueles que precisaram reduzir sua carga de trabalho nos consult�rios em decorr�ncia das orienta��es de isolamento social, a cooperativa disponibilizou a oportunidade de antecipa��o de 70% dos valores de produ��o aos cooperados. E lan�amos a op��o da consulta on-line. A Unimed-BH tem usado seu capital humano, seu know-how em inova��o e toda a sua tecnologia para apoiar os cooperados e as equipes assistenciais.
2 - H�, especialmente, aten��o quanto � sa�de mental desses profissionais?
Passamos a oferecer servi�os de acolhimento psicol�gico para as equipes e cada unidade assistencial da rede pr�pria da Unimed-BH tem um psic�logo exclusivo para atendimento aos m�dicos, enfermeiros e outros profissionais da linha de frente. Os m�dicos que atuam nos consult�rios tamb�m t�m a possibilidade de fazer sess�es com psic�logo de forma on-line – a��o que faz parte do nosso Programa Sa�de do Co- operado. O objetivo � oferecer todo o apoio necess�rio para a manuten��o da sa�de mental.
3 - Muitos profissionais relutam em buscar ajuda. Qual o cuidado para aliviar a press�o?
A Unimed-BH tem atuado em v�rias frentes. Convidamos os profissionais para participarem de eventos virtuais que trouxeram, por exemplo, o fil�sofo Cl�vis de Barros e o tenente do Corpo de Bombeiros Pedro Aihara – que atuou durante a trag�dia em Brumadinho. O objetivo foi promover reflex�es positivas sobre como lidar com momentos de incerteza, como o que estamos vivendo. A cooperativa, por meio do Instituto Unimed-BH e seus parceiros culturais, tem promovido diversas a��es de entretenimento, como shows, pe�as teatrais e conte�dos voltados para o bem-estar. E com foco na qualidade de vida neste per�odo de isolamento social, incentivamos a pr�tica de atividades f�sicas em casa.
