Hoje, ao comemorar os 300 anos de Minas Gerais, coloca-se no trilho da hist�ria a trajet�ria de um povo que sempre soube enfrentar os perigos de uma terra pouco desbravada. Ao exaltar o passado, revive a import�ncia do territ�rio mineiro e confirma a contribui��o para o desenvolvimento do pa�s. Uma forma de reconhecer a posi��o de lideran�a de Minas, que tanto engrandeceu e engrandece a na��o brasileira – seja na pol�tica, na economia, no turismo, no meio ambiente ou na cultura.
H� tr�s s�culos, no auge do Ciclo do Ouro, pulsava nas veias dos mineiros esp�rito de liberdade. O desejo de ter uma identidade pr�pria foi alimentado pela ira dos descontentes com a Coroa portuguesa, principalmente ap�s a revolta de Felipe dos Santos, na Vila Rica (atual Ouro Preto), no in�cio do s�culo 18. Naquele 02 de dezembro de 1720, fez-se o desmembramento das capitanias de S�o Paulo Minas Gerais e, desde ent�o, surgiu um novo territ�rio aut�nomo e administrativo no Brasil, rico em ouro, pedras preciosas, cultura e f�. Nascia, ent�o, Minas Gerais.
Ao visitar seis cidades hist�ricas mineiras como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, S�o Jo�o del-Rei, Diamantina e Congonhas, o turista depara-se com o que h� de mais rico nesse tricenten�rio comemorativo. Percorrendo as ladeiras com piso de pedra, entre casarios coloniais e igrejas barrocas, mergulha-se no passado onde � poss�vel ver o quanto � nobre e bela a identidade arquitet�nica regional – express�o cultural de tra�os marcantes que moldaram a personalidade mineira. Pois, aqui em Minas, se respira hist�ria, patrim�nio, arte, divers�o, gastronomia, religi�o, natureza e hospitalidade.
Ouro Preto
A antiga Vila Rica viveu o apogeu econ�mico no per�odo de 1730 a 1765 com a explora��o do ouro. O antigo povoado s� mudou o nome para Ouro Preto, em 1823. Localizada na regi�o Central de Minas Gerais, a cidade celebra os 300 anos de Minas ao reunir maior e mais importante acervo arquitetura e da arte do per�odo colonial de todo Brasil, em sua maioria, obras-primas do arquiteto e escultor Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,e pintor Manuel da Costa Atha�de. Em meio ao casario dos s�culos 17 e 18, erguido nas ladeiras �ngremes, o visitante depara-se com igrejas monumentais e, nelas, altares banhados a ouro e imagens sacras, nos estilos barroco rococ�.

Pela qualidade da conserva��o e a import�ncia hist�rica, Ouro Preto foi uma das primeiras cidades escolhidas no mundo para ser patrim�nio da humanidade, em 1980, pela Unesco. Para A Hist�ria do Brasil, Vila Rica foi palco da Inconfid�ncia Mineira – uma tentativa de emancipa��o de Minas Gerais, em 1789. Joaquim Jos� da Silva Xavier, Tiradentes, m�rtir da Inconfid�ncia, foi enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. Em mem�ria ao movimento, o imponente Museu da Inconfid�ncia, na Pra�a Tiradentes, preserva os registros do sonho de liberdade daquela �poca.
Mariana
De antigo arraial � primeira capital de Minas Gerais, o nome da cidade foi escolhido em homenagem � rainha de Portugal Maria Ana de �ustria, esposa de dom Jo�o V. Localizada a 12 quil�metros de Ouro Preto, Mariana tornou-se, em 1743, na primeira localidade de Minas Gerais a ter um planejamento urbano.
Seu desenho urbano � formado por uma sucess�o de pra�as, igrejas e capelas, que revelam aspectos caracter�sticos do barroco, estilo dominado por curvas, vis�o em profundidade gosto pelos contrastes claro e escuro. Essa Arquitetura est� representada na pra�a Minas Gerais,onde ficam as igrejas de S�o Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo, uma ao lado da outra, fato raro na hist�ria das constru��es religiosas.
Um dos atrativos da cidade � o �rg�o Arp Schnitger, que est� na Catedral de Nossa Senhora de Assun��o. Constru�do em 1701, na Alemanha, o instrumento chegou a Mariana em 1753, como presente da Coroa portuguesa. Hoje, � o �nico exemplar, dos 30 Schnitger que ainda existem no mundo, que est� fora da Europa.
Tiradentes
Aos p�s da Serra de S�o Jos�, a cidade era apenas um rico arraial minerador no come�o do s�culo 18. Se tornou Vila S�o Jos�, em homenagem ao ent�o pr�ncipe portugu�s dom Jos� I, em 1718. Com a proclama��o da Rep�blica, o munic�pio passou a se chamar Tiradentes, nome do m�rtir da Inconfid�ncia Mineira, nascido na regi�o e que morreu lutando contra a monarquia.
Quando o ouro se tornou escasso nas redondezas, a cidade perdeu relev�ncia, sendo redescoberta na d�cada de 1970. Excepcionalmente preservado gra�as ao baixo movimento durante muitas d�cadas, o conjunto arquitet�nico barroco de Tiradentes re�ne joias como o encantador Chafariz de S�o Jos�, constru�do em 1749 para abastecer a cidade de �gua pot�vel e em funcionamento at� hoje.
Localizada a menos de 200 quil�metros da capital do estado, Belo Horizonte, a charmosa cidade mineira atrai visitantes que podem conferir as diversas atra��es e as op��es de passeios para os mais variados gostos.
S�o Jo�o Del-Rei
Vizinha de Tiradentes, a hist�ria de S�o Jo�o del-Rei tamb�m est� associada � descoberta do ouro na regi�o. J� bastante pr�spera, em 1713, a localidade � elevada a vila e recebe o nome de S�o Jo�o del-Rei em homenagem a Dom Jo�o V, rei de Portugal.
Da riqueza do per�odo colonial, a cidade preserva at� hoje um magn�fico acervo arquitet�nico cultural, representado, entre outros exemplos, pelas igrejas de S�o Francisco de Assis, Matriz de Nossa Senhora do Pilar e Nossa Senhora do Ros�rio, pela ponte da Cadeia e a Casa de B�rbara Heliodora. Al�m do n�cleo hist�rico preservado, outra atra��o tur�stica � o Complexo Ferrovi�rio, constru�do em 1878 e fundamental para o progresso da cidade.
Os visitantes tamb�m se impressionam com o badalar freq�ente dos sinos das igrejas, emitindo uma m�sica caracter�stica para fatos do cotidiano cidade, como uma missa, uma morte ou solenidade. Por este motivo, a cidade ganhou o t�tulo informal de "Terra onde os sinos falam". S�o Jo�o del-Rei � a terra natal de Tancredo Neves, ex-governador de Minas Gerais e presidente da Rep�blica eleito em 1985.
Diamantina
No s�culo 18, o antigo Arraial do Tijuco teve maior lavra de diamantes do mundo ocidental. A cidade, que recebe o nome da pedra preciosa, tem outros tesouros conquistados ao longo de tr�s s�culos. Se n�o bastasse, o t�tulo de patrim�nio da humanidade, conferido pela Unesco em 1999, Diamantina, a cidade do ex-presidente Juscelino Kubitschek e de Chica da Silva – a escrava mais famosa do pa�s –, guarda a riqueza hist�rica do Brasil Imp�rio em suas constru��es coloniais, paisagens exuberantes e gastronomia requintada.

Na comemora��o do tricenten�rio de Minas Gerais, o munic�pio de Diamantina preserva cuidadosamente a riqueza hist�rica da cidade barroca, porta de entrada para o Vale do Jequitinhonha. Cheia de tradi��es, a cidade hist�rica tem um acervo arquitet�nico, cultural e natural rico e bem preservado.
Congonhas
H� 300 anos, o ent�o arraial vivenciou uma verdadeira “corrida ao ouro” nos in�meros garimpos na regi�o. J� na segunda metade do s�culo 18, foi a vez da “corrida da f�” em virtude da promessa do minerador portugu�s Feliciano Mendes que introduziu em Congonhas a devo��o ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Desde ent�o, Congonhas tornou-se numa grande e perene peregrina��o que at� os dias de hoje movimenta cidade principalmente entre os dias 7 e 14 de setembro.

O Santu�rio de Bom Jesus do Matosinhos abriga as obras-prima de Aleijadinho – s�o 12 profetas e as 64 est�tuas com a representa��o dos passos da Paix�o de Cristo – comemora 35 anos o t�tulo de patrim�nio mundial da humanidade, pela Unesco, em 2015. Constru�do na segunda metade do s�culo 18, o conjunto � singular por reunir, em um s� lugar, a magn�fica igreja em estilo rococ� as esculturas do g�nio mineiro.