
Uma avalia��o � consenso: a vinda do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil consolida o pa�s como formador de opini�o no cen�rio n�o apenas regional, como tamb�m global. "O Brasil, sem triunfalismo, mostrou que est� chegando l�, que � interlocutor para qualquer cen�rio", defendeu o ex-secret�rio-geral do Itamaraty, o diplomata Marcos Azambuja. Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas avaliam de forma positiva a posi��o de destaque conquistada pela diplomacia brasileira e indicam que os acordos firmados entre os dois pa�ses representam, principalmente, o trampolim para uma agenda de negocia��es – e n�o necessariamente medidas pr�ticas a serem executadas em curto prazo.
Para Azambuja, a presen�a de Obama significa tamb�m uma mudan�a de postura na pol�tica internacional norte-americana. "Os EUA sentiram que precisam conversar mais e melhor, ouvindo o seu vizinho. E os dois pa�ses se deram conta de que devem melhorar a qualidade do relacionamento", reitera. Ainda segundo o diplomata, que ocupa a vice-presid�ncia do Centro Brasileiro de Rela��es Internacionais (Cebri), a presen�a de Obama no Brasil no momento em que os Estados Unidos autorizam uma a��o militar em outra na��o evidencia a import�ncia do pa�s para o vizinho. "A press�o para ele cancelar a viagem deve ter sido enorme. Muitas pessoas achavam que n�o era hora de viajar ao Brasil. O fato de o Obama ter mantido a visita sugere que ele n�o quer dar tratamento emergencial � pol�tica, mas defender interesses americanos de longo prazo", disse.
Mito Doutora em ci�ncia pol�tica pela Universidade de S�o Paulo e professora de rela��es internacionais da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), Cristina Pecequilo defende a vinda de Obama como um ato mais simb�lico do que pr�tico. "Existe um mito do presidente americano como o homem mais poderoso do planeta, mas a verdade � que ele n�o tem muito a conceder. � um presidente que parece ter poder, mas na pr�tica � limitado pelo Congresso Nacional dos Estados Unidos. Na quest�o comercial, por exemplo, quem bate o martelo � o Parlamento". Pecequilo afirma que o encontro marcou os temas convergentes que devem ser tratados pelos pa�ses nos pr�ximos meses. Ainda assim, eles devem ser considerados elementos de acordos feitos basicamente para dar sequ�ncia a negocia��es. “Os pa�ses criaram uma din�mica de negocia��o positiva para os pr�ximos meses. � o in�cio de uma estrutura de negocia��o, na qual vai se buscar avan�ar em temas”, defendeu. Neste s�bado, foram firmados 10 acordos entre os governos brasileiro e norte-americano.
O especialista Christian Lohbauer, integrante do Grupo de An�lise de Conjuntura Internacional da Universidade de S�o Paulo (Gacint/USP), deixa claro que a visita do presidente americano deixa a desejar se forem considerados apenas os acordos firmados. No entanto, ele defende que o encontro entre os chefes de Estado abre caminho para importantes mudan�as, especialmente no campo econ�mico: "O Brasil e os EUA t�m agenda de oportunidades bilaterais muito grandes, talvez o maior entre os pa�ses desde o p�s-guerra", considera.